Nesta edição dos Jogos Olímpicos, o Brasil mandou três atletas com chances reais de pódio no Taekwondo. Nas categorias masculinas, Edival Pontes, mais conhecido como Netinho, representou o Brasil no até 68kg, e Ícaro Miguel lutou pela classificação no até 80kg. Pelo lado das mulheres, Milena Titoneli buscou classificação e pódio na categoria de até 67kg, e foi a que chegou mais perto da medalha.
Por dentro do que rolou na luta do Netinho
O primeiro round foi do turco, que ficou à frente no placar por 8 a 3, com uma pontuação atípica de um primeiro assalto mais estudado. Já o segundo round foi intenso, as trocações de chute e soco no abdômen deixaram a luta com bastante volume, o que deixou o turco numa situação confortável e compatível com suas características no octógono. O round terminou em 16 a 14 e com uma vantagem do turco de apenas dois pontos sobre o brasileiro.
Hakan também acabou levando o último round, que foi vencido por 25 a 18. De maneira geral, a luta teve muitos acertos e foi de alto padrão técnico. Para o brasileiro, havia a esperança do retorno aos tatames pela repescagem se o atleta da Turquia vencesse todas as outras lutas no trajeto até a final. Infelizmente, não foi o que se sucedeu, e Edival Pontes foi eliminado e encerrou sua participação na Olimpíada mais cedo do que esperávamos.
“Quero pedir desculpas a todos, por mais que sejam meus primeiros Jogos Olímpicos. Infelizmente não deu, não vou desistir”, disse Netinho em entrevista ao SporTV.
Por dentro da busca pela classificação do Ícaro
O primeiro round foi do italiano, sendo vencido por 8 a 0. A estratégia adotada por Alessio foi a busca pela conversão de pontos na cabeça, o que o deixou com relativa vantagem no placar. Isso, combinado com a velocidade e uma eficiente defesa do atleta, impediu que Ícaro crescesse na luta e ditasse seu ritmo de luta.
Houve dificuldade no encaixe dos golpes pelo lado do brasileiro, que pontuou com dois socos e uma punição. O ritmo do italiano se estendeu pelo segundo, com a parcial de 16 a 3, e terceiro rounds, com a parcial de 22 a 3. Depois de sofrer um golpe no rosto na metade para o fim do terceiro round e precisar de atendimento médico, a arbitragem optou por encerrar a luta e Ícaro Miguel foi eliminado por nocaute técnico.
Diferentemente da situação de Netinho, o brasileiro não poderia retornar ao tatame pela repescagem, mesmo que Simone Alessio vencesse todas as etapas até a final. O regulamento do Taekwondo nos jogos impede que um atleta lute, após um nocaute ou lesão ocorrido durante a luta, a fim de se preservar a saúde do competidor.
O caminho percorrido por Titoneli
A primeira luta foi estudada e conquistada ponto a ponto. No início do primeiro round, a brasileira estava três pontos na frente, até sofrer um golpe na altura da cabeça de Al-Sadeq, que deixou tudo igual no placar, em 5 a 5. O segundo e terceiro rounds seguiram bastante equilibrados, com muitos pontos de soco e de punições convertidos.
Ao final do tempo regular da luta, as atletas estavam empatadas em 8 a 8, após um ponto de soco de Milena no último segundo. Isso levou à decisão ao golden point, ou ponto de ouro, em que a primeira a pontuar com um chute seria a vencedora.
Porém, tanto Milena quanto Julyana pontuaram no soco, deixando tudo igual novamente. A luta seguiu empatada até o final do golden point, em que a atleta brasileira venceu por superioridade técnica por decisão dos juízes, uma vez que a atleta da Jordânia poucas vezes passou à frente no placar.
A segunda luta de Titoneli foi pelas quartas de final contra a atual campeã europeia e número 1 do mundo, a croata Matea Jelic. Em uma luta bastante dura para a brasileira, a campeã olímpica dos Jogos de Tóquio venceu a brasileira por 30 a 9.
Por ter sido derrotada pela finalista e campeã olímpica Matea, Milena pisou no tatame mais uma vez pela repescagem, em uma luta contra a haitiana Lauren Lee. Durante todo o confronto, Milena possuiu controle da luta e pode impor seu ritmo e volume de luta característico.
O primeiro round foi vencido por 8 a 0. O segundo, por 24 a 5, devido aos golpes na cabeça bem encaixados. O último assalto foi finalizado por uma decisão dos árbitros pela diferença de pontos e impossibilidade de Lauren virar a luta, que estava em 26 a 5.
Depois de uma vitória maiúscula, Milena entrou para disputa pelo terceiro lugar às 8h e 30 minutos, pelo fuso horário brasileiro. A disputa pelo terceiro lugar do Taekwondo foi contra Ruth Gbagbi, veterana da Costa do Marfim.
Em uma luta tensa, muito estudada e com golpes menos expressivos, o primeiro assalto terminou empatado em 1 a 1. Foi apenas no segundo round que a luta ganhou mais volume e velocidade, depois de as atletas encaixarem mais golpes no tronco. O terceiro round se iniciou com dois pontos de vantagem para a marfinense, o que forçou a brasileira a ir em busca da virada. Mas em um descuido, Ruth acerta um chute na cabeça de Milena e vence a luta por 12 pontos a 8.
O quase bronze brasileiro é de uma expressividade gigantesca. Aos 22 anos de idade, Milena possui muito mérito por ter quase repetido a melhor campanha feminina do Brasil no Taekwondo em Jogos Olímpicos. “As Olimpíadas são a maior experiência que tive na minha vida. Agora é continuar trabalhando. Eu vou chegar em Paris mais forte. Como minha mãe diz, sou uma fênix, vou renascer das cinzas”, disse a lutadora ao canal SporTV.
*Imagem de capa: Milena Titoneli em sua luta contra a jordaniana [Reprodução / Twitter: @dibradoras]