Por Isadora Batista (isadorabatista@usp.br)
Josep Guardiola Sala é um técnico espanhol considerado, por muitos, o melhor do mundo e um dos maiores da história do futebol mundial. Como treinador, passou por três clubes e coleciona 38 títulos em 15 anos de sua carreira profissional.
Guardiola iniciou sua carreira à beira dos gramados em 2007, como técnico do Barcelona B, em que foi campeão da quarta divisão espanhola. No ano seguinte, na temporada de 2008/09, foi anunciado como técnico do time principal do Barcelona, e sua primeira atuação foi em um jogo de fase preliminar da Liga dos Campeões.
“Revolução do Barça”
A história de Pep Guardiola com o Barcelona começou em sua carreira de jogador. Ele jogou nas categorias de base do clube desde seus 13 anos, subiu para o time profissional em 1990 e se tornou volante titular no ano seguinte, conquistando a Champions League na mesma temporada — a primeira da história do clube.
Guardiola permaneceu de 1990 a 2001 no Barcelona, onde conquistou 16 títulos [Reprodução/X: @FCBarcelona]
Apesar de ter sido um grande jogador, sua passagem como técnico superou a história já escrita com aquela camisa. Em entrevista ao Arquibancada, um torcedor do Barcelona e administrador da página @barcelonadadepressaoo, aponta: “As contribuições técnicas de Pep Guardiola apresentou a história do futebol, uma nova percepção de fazer o esporte para além dos paradigmas já estabelecidos e consolidados”. Pep revolucionou o futebol mundial com seu estilo de jogo inovador, baseado na posse de bola, pressão na marcação e passes constantes entre os jogadores.
Ele chega ao time do Barcelona logo após a saída do técnico Frank Rijkaard, responsável por levar a equipe catalã de volta ao futebol ofensivo. Frank ficou conhecido por ter comandado o Barcelona com a magia de Ronaldinho Gaúcho em campo, vencendo a Champions League de 2005/06 — após 14 anos da primeira conquista — com um time respeitado, novamente, pelo mundo.
A chegada de um novo técnico proporcionou mudanças dentro do time, e Pep Guardiola fez uma verdadeira reformulação no elenco. Em entrevista ao Arquibancada, o jornalista esportivo João Castelo Branco, da ESPN, afirma que Pep Guardiola nunca teve receio de tirar um jogador que não trabalha da forma que ele espera: “Quando tem algum jogador de cara feia, cara fechada ou que não traz uma vibe legal para o vestiário, ele não hesita em tirar o jogador de lá. Ele consegue manter um elenco que compra o que ele acredita”. E foi dessa forma, sem hesitar, que ele iniciou sua revolução na Catalunha, dispensando dez jogadores logo que assumiu o comando e, na janela de transferências, contratou oito novos, reformulação que causou insatisfação dos torcedores, mas que, mais tarde, resultou em um dos maiores times de todos os tempos.
Em sua primeira temporada como técnico profissional, Guardiola levou o time do Barcelona ao auge, varrendo os títulos da Europa. A temporada de 2008/09 ficou marcada pela magnífica atuação do time, que venceu todas as competições que disputou. Foram seis títulos em seis competições, com direito à primeira Tríplice Coroa do futebol espanhol, primeiro Mundial de Clubes do time e primeira Champions League da carreira do técnico.
O “esquadrão imortal” de Barcelona encantou o mundo, e, a partir dali, o estilo de jogo de Guardiola se tornou influente: todos queriam a mesma técnica, mudando a forma de jogar. “Um futebol que foge de obviedades, com passes criativos e eficazes em desmontar, com agilidade, até as defesas mais sólidas”, analisa o torcedor barcelonista.
Ao todo, foram 14 títulos conquistados por Guardiola no Barcelona: três La Ligas, duas Copas Del Rey, três Supercopas da Espanha, duas Champions League, duas Supercopas da Europa e dois Mundiais de Clubes.
UEFA Champions League 2008/09
A primeira conquista de Liga dos Campeões de Pep Guardiola foi marcada pela campanha histórica do Barcelona. Desde o início da competição, o time exibiu um futebol ofensivo e envolvente. Composto por Víctor Valdés no gol; Dani Alves, Piqué, Puyol e Abidal na defesa; Busquets, Xavi e Iniesta no meio de campo; e Messi, Pedro e Villa no ataque, o time dominava os gramados europeus com classe e habilidade.
Lionel Messi foi o grande protagonista da temporada, já que, com a saída de Ronaldinho Gaúcho, o gênio argentino viu a oportunidade de, não só protagonizar com a camisa 10, mas também, superar a magia apresentada pelo “bruxo”. Foram nove gols que consagraram Messi como artilheiro da Champions.
A movimentação chave dos jogadores criou uma equipe quase imbatível, conquistando uma estrutura de elenco exuberante. “Aquela equipe não era somente uma junção de grandes nomes, era também excepcionalmente boa, coletivamente falando, jogavam como membros de um só corpo”, afirma o torcedor. Sem dúvidas, o Barcelona de Guardiola ofertou ao mundo um futebol memorável.
Apesar de terminar a fase de grupos em primeiro lugar, com 13 pontos, o time catalão finalizou a etapa com derrota ao enfrentar o Shakhtar Donetsk, mas logo desencadeou o perfil ofensivo e passou a apresentar sua invencibilidade para o mundo, no mata-mata do campeonato. Ao se classificar para as oitavas de final, o time enfrentou o Lyon e somou o placar de 6 a 3 nos dois jogos, eliminando o time francês da competição.
Nas quartas de final, enfrentou o maior campeão alemão de todos os tempos, o Bayern de Munique, que sofreu um hat-trick de Lionel Messi logo no primeiro jogo e foi eliminado, com 5 a 1 no agregado.
A disputa para a final foi mais acirrada para a equipe de Guardiola, considerado por muitos como um dos confrontos mais memoráveis da história do futebol. Mesmo sem sucesso para ambos os lados no jogo de ida, o jogo de volta foi emocionante. Em Londres, logo no início, o Chelsea abriu o placar e estava se classificando, até que, aos 90+3’, Iniesta marcou um gol histórico. Ao chutar de fora da área para empatar a partida, salvou o Barcelona da eliminação devido ao critério de gol fora de casa, colocando o time na final contra o atual campeão do torneio, o Manchester United.
A disputa final da Champions League de 2008/09 foi histórica por diversos motivos: além da sequência de jogos anteriores, a final era palco da disputa entre Messi e Cristiano Ronaldo — os dois maiores jogadores do mundo se encontraram no Estádio Olímpico de Roma. Foi nesse encontro que Lionel Messi marcou seu gol de cabeça emblemático, em cima de um dos maiores goleiros da história, Edwin van der Sar.
Com a vitória do Barcelona por 2 a 0 — gols de Eto’o e Messi —, Pep Guardiola se tornava o técnico mais novo a vencer uma Champions League, marcando a história do futebol mundial ao comandar uma das maiores equipes de todos os tempos.
Guardiola soma três títulos de Champions, sendo o segundo mais vitorioso, atrás apenas de Ancelotti [Reprodução/X: @ChampionsLeague]