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20 anos do estrondoso ‘Steal this album!’, do System of a Down

Mesmo após duas décadas de seu lançamento, o álbum mantém sua originalidade e mensagens relevantes

Em 2022, o terceiro álbum de estúdio da banda System of a Down (SOAD) completa 20 anos da sua estreia. Lançado no dia 26 de novembro de 2002, Steal this album! vendeu mais de um milhão de cópias ao redor do mundo e conta com 16 faixas, as quais não foram inclusas no prestigiado álbum anterior do grupo armeno-americano, Toxicity (2001)

Na verdade, boa parte das canções presentes em Steal this album! foram vazadas na forma de bootlegs, como o Toxicity II (2001) e o Toxic Demos, o que acabou por influenciar os integrantes da banda a lançarem as músicas de maneira oficial, posteriormente. Apesar disso, o vocalista Serj Tankian afirmou que não gosta que considerem o álbum como “as sobras” dos trabalhos precedentes, e que concorda que seja o mais subestimado da banda.  

O título faz referência ao livro contracultural Steal this Book (1971), do ativista social Abbie Hoffman. Assim como as demais produções do SOAD, o disco expressa um tom de denúncia incisivo, cuja manifestação acontece por meio de um heavy metal único e difícil de descrever. Cada faixa representa um pouco do que é a banda (ao abordar temáticas sociais pertinentes por vezes de maneira clara, e, por outras, enigmática) e os vocais versáteis de Serj Tankian e do guitarrista Daron Malakian são um dos grandes diferenciais.

Em edições limitadas, o álbum contou com capas alternativas desenhadas por cada um dos membros da banda. [Imagem: Reprodução/American Recordings]

Sem se desviar das críticas políticas comumente retratadas pela banda, Chic ‘n’ Stu abre o álbum criticando o capitalismo e, mais especificamente, o mercado publicitário. A letra é composta de versos em linguagem imperativa e que se repetem diversas vezes, além de ressaltar que os efeitos da propaganda podem causar danos psicológicos nas pessoas que estão, a todo momento, sendo bombardeadas de anúncios.

“What a splendid pie!
Pizza-pizza pie
Every minute, every second
Buy, buy, buy, buy, buy”

(Que bela torta!
Torta de pizza
Todo mundo, todo segundo
Compre, compre, compre, compre, compre)
Chic ‘n’ Stu, System of a Down

Outra temática retratada em muitas das faixas são as guerras, as quais os integrantes sempre fizeram questão de usar as próprias vozes para se manifestar contra. Em Bubbles e em A.D.D. (American Dream Denial), é possível perceber a reprovação à participação de cidadãos em guerras em nome do nacionalismo.  

“There is no flag that is large enough
To hide the shame of a man in cuffs
You switched the signs then you closed the blinds
You changed the channel then you changed our minds
The remainder is an unjustifiable, egotistical power struggle at the expense of the American dream, of the American dream, of the American”

(Não há bandeira grandiosa o suficiente
Para esconder a vergonha de um homem algemado
Você apagou os sinais e fechou as cortinas
Você mudou o canal, então mudou nossas mentes
O saldo é uma injustificável luta egoísta pelo poder ao custo do sonho americano, o sonho americano, o sonho)
A.D.D. (American Dream Denial), System of a Down

Boom!, inclusive, é a junção dessas duas temáticas — o capitalismo e as guerras —, e talvez a faixa mais explícita e política do disco. Nela, Tankian questiona a necessidade das bombas e aponta para as milhares de crianças que morrem de fome enquanto conflitos armados são financiados por governos poderosos. Boom! também é a única música que recebeu um clipe musical, no ano seguinte ao lançamento do álbum. No vídeo, são expostas imagens das manifestações pacifistas contra a Guerra do Iraque, que ocorreram ao redor de todo o mundo em 2003. 

Há muitas outras músicas que igualmente merecem o mérito, tanto pelas composições metafóricas, quanto pelas ótimas instrumentalizações — como é o caso de Innervision, I-E-A-I-A-I-O, Fuck the System e Highway Song. E, apesar dessas faixas energéticas dominarem o álbum, também há espaço para canções mais suaves, como Roulette, que deixa de lado os habituais e barulhentos instrumentos para dar espaço ao violão, e Ego Brain, cuja força se impõe ainda que o seu ritmo seja mais lento que o das demais.

A mensagem de Steal this album! e o SOAD hoje em dia

Nos últimos tempos, polêmicas envolvendo os integrantes do System of a Down começaram a surgir com frequência, sobretudo por comportamentos que os fãs consideram destoantes do que a própria banda prega através de sua arte. Serj Tankian, por exemplo, em novembro de 2021, anunciou que lançaria a sua primeira exposição de arte digital, que contaria com a presença de tokens não fungíveis (NFTs). A atitude do artista, que é conhecido pelo seu ativismo ambiental dentro e fora da banda, foi alvo de desaprovação por parte dos fãs, dado o impacto no meio ambiente que os NFTs causam.

Daron Malakian também foi criticado ao se manifestar a favor da posse de armas de fogo, em suas redes sociais. Contudo, o caso mais curioso é o de John Dolmayan, que se envolve em controvérsias com certa frequência. O baterista já afirmou em diversas ocasiões a sua posição política direitista e conservadora, que inclui, inclusive, o seu apoio ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. O posicionamento de Dolmayan foi capaz não só de afetar o seu relacionamento com os fãs e com a mídia — o artista já afirmou ter sido “cancelado” após se manifestar publicamente —, como também com os próprios integrantes da banda

Para muitos daqueles que escutam SOAD atentamente, atitudes como essas colocam em xeque o simbolismo de músicas como A.D.D. (American Dream Denial), Fuck the System e tantas outras presentes nos cinco álbuns de estúdio da banda. Ainda assim, é inegável que, da mesma forma que o restante da discografia, Steal this album! é uma obra musical de mensagens críticas e importantes que perpassam décadas.

Imagem: [Imagem: Reprodução/American Recordings]

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