Por todo o mundo, o mês de maio tem a tendência de fomentar revoluções: as greves e ocupações estudantis na França em maio de 1968, a Revolução de Maio de 1810 pela independência em Buenos Aires, e, agora, o protesto contra o governo federal brasileiro conhecido como 29M buscam todos demonstrar insatisfação com a ordem vigente. O 29M teve como reivindicação “vacina, pão, saúde e educação“.
Mais de 200 cidades por todo o Brasil organizaram protestos contra a gestão do presidente Jair Bolsonaro. As principais contestações são contra a sua gestão precária durante a pandemia de Covid-19, a omissão na compra de vacinas e o consequente atraso na vacinação do país. Também foram alguns dos principais temas de discussão o descaso do presidente com a cultura, atitudes LGBTQfóbicas e a ameaça de fechamento de universidades federais por falta de financiamento.
Brasília, cidade tomada como território de repressão e conservadorismo pelo atual governo, virou cenário para uma marcha de pessoas mascaradas e espaçadas em direção ao Congresso Nacional, considerado símbolo da vontade popular. Ao som de tambores e música, pessoas de todas as idades, cores, orientações sexuais e de gênero, religiões e com rica diversidade de ideologias políticas empunhavam cartazes e pediam o fim do atual governo que, para elas, não representa o Brasil.
Passados os inúmeros prédios dos ministérios que levam ao Congresso, o grupo de manifestantes se reuniu vizinho à casa do legislativo brasileiro. Cada um impunha sua própria bandeira – seja esta a favor de um partido específico, liberdade de gênero, ampla vacinação ou até um sistema político diferente, todos tinham algo em comum: a recusa de Jair Bolsonaro e seus compatriotas como “titereiros” do Brasil.
Apesar do clima leve e de fraternidade – contrário à violência experienciada em outras capitais brasileiras no mesmo dia – havia algo no ar fora da poeira do planalto: uma penetrante incerteza pelo futuro dos brasileiros. O que estaria por vir? A melhora das condições, ou outras infinitas manifestações, torcendo por uma mudança que pode nunca chegar?
Excelente a matéria! as fotos maravilhosas e significativas!
Parabéns Lara Paiva pela visão, sensibilidade e competência em produzir um texto tão importante e captar em imagens esse momento tão peculiar que vivemos no Brasil!
Delaíde Miranda Arantes