Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Da história registrada ao incentivo à militância: um espaço dedicado ao feminismo

“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”. Se, em vida, esta foi Cora Coralina – grande escritora brasileira e autora da frase -, hoje uma bela flor está plantada na Biblioteca Pública de Guaianazes, na zona leste da capital paulista, que leva o nome de …

Da história registrada ao incentivo à militância: um espaço dedicado ao feminismo Leia mais »

“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”. Se, em vida, esta foi Cora Coralina – grande escritora brasileira e autora da frase -, hoje uma bela flor está plantada na Biblioteca Pública de Guaianazes, na zona leste da capital paulista, que leva o nome de Cora: no último dia 04 de julho, foi inaugurada no local a Sala Feminista, pioneira na cidade de São Paulo.

Com decoração baseada em tons de lilás, a sala apresenta frases escritas nas janelas e obras de arte, que incluem autorretratos e xilogravuras produzidas em diversas oficinas oferecidas no local pela artista plástica Biba Rigo com a colaboração de mulheres da região. Assim, houve a inclusão e participação da população feminina do entorno da biblioteca na construção de um espaço com importância e significado para todas estas mulheres que virão a frequentar o lugar. Logo que criada, a sala veio incluir o local onde foi instalada no seleto grupo de bibliotecas temáticas paulistanas.

Cléo da Silva Lima, coordenador da biblioteca, explica que o projeto da sala feminista surgiu de uma parceria entre as Secretarias Municipais de Cultura e de Políticas para as Mulheres de São Paulo, e então começou-se a pensar na escolha de uma das bibliotecas públicas da capital para abrigar o futuro acervo de teor feminista. A decisão favorável à biblioteca de Guaianazes, ainda segundo Cléo, deu-se por alguns motivos, entre eles o fato dela ter a figura feminina de Cora Coralina como patronesse, e também o histórico de luta feminista da região da zona leste onde está inserida o prédio. A partir da escolha, então, toda a biblioteca passou por uma grande reforma para poder abrigar a sala, “desde a ambientação adequada desta até a pintura do muro externo e a troca do piso do local”, de acordo com o coordenador.

2
Autorretratos de moradoras da região que fazem parte da ambientação da sala. Foto: Bruna Martins.

O acervo da sala conta com obras que abordam diversos temas ligados à mulher, como sexualidade, reprodução, o movimento feminista e a história de progresso das mulheres no Brasil e também em outros países; há também à disposição para consultas livros que contam sobre a vida de mulheres famosas por sua luta, seja no campo das artes, da política, entre outros. Poucas obras são compradas pela biblioteca, pois a maior parte do acervo é mantida por doações, sendo elas de pessoas físicas ou de instituições que decidem colaborar com o desenvolvimento do local. “O acervo ainda está em formação, e a ideia é que ele vá crescendo aos poucos”, conta Cléo.

3
Parte do acervo, de mais de mil títulos, disponível para consulta e pesquisa da sala. Foto: Bruna Martins.

A criação da sala feminista possui importância e impactos enormes, principalmente para a região em que está inserida e para a própria Biblioteca Pública de Guaianazes. Segundo o coordenador, a sala vem quebrar paradigmas: primeiro, por trazer a temática feminista, que vem acrescentar na luta das mulheres pela constante valorização e respeito do gênero e pelo fim do machismo ainda presente em nossa sociedade; segundo, por estar inserida na zona leste, região pouco explorada culturalmente, fazendo com que sua instalação fuja da lógica comum de inserção de dispositivos de lazer e cultura apenas no centro da cidade de São Paulo.

Cléo Lima também faz questão de ressaltar que a criação da sala feminista traz, também, uma maior visibilidade para a biblioteca Cora Coralina num todo; afinal, ela ainda mantém seu acervo sobre assuntos gerais, além da filmoteca, o auditório e o telecentro que será reaberto em breve, todos de grande importância para a população da região, assim como a seção feminista do local, que o coordenador define como uma das maiores conquistas da biblioteca em seus 49 anos de existência.

4
Ambiente da sala feminista. Foto: Bruna Martins.

A criação da sala feminista é algo bem recente. Por isso, Cléo afirma que os frequentadores do local estão se apropriando da sala aos poucos: a curiosidade muitas vezes fala mais alto e faz homens e mulheres entrarem e percorrerem cada canto, observarem cada detalhe e algumas das obras ali disponíveis. O envolvimento maior com a sala temática ainda é de pessoas comprometidas com o movimento feminista, e a intenção da coordenadoria da biblioteca é fazer com que a sala se torne conhecida e alvo de interesse de todos os moradores da região, ou mesmo da cidade. Assim, o espaço vem contribuir com a propagação e o fortalecimento da militância feminista.

5
Imagens de personagens feministas importantes da zona leste presentes na sala. Foto: Bruna Martins.

A  biblioteca deseja manter uma programação de atividades baseadas em diversos tipos de linguagens artísticas e que tenham sempre como inspiração o protagonismo da mulher em nossa sociedade. Seja por meio da realização de saraus, peças de teatro, apresentação de filmes, músicas e danças ou mesmo mediação de leituras, a intenção da sala é abrigar  discussões que abordem a luta feminista e que colaborem para o crescimento deste movimento. E a efetivação desse desejo já se iniciou: em julho, a sala já abrigou uma roda de conversa sobre a atuação das mulheres negras na sociedade, que contou com a presença de Giselle Santos, do Núcleo Impulsor de São Paulo da Marcha das Mulheres Negras; no mesmo mês, a sala contou também com a apresentação de filmes e realização de rodas de debate sobre diversos assuntos.

A sala feminista fica na Biblioteca Pública Cora Coralina, localizada na Rua Otelo Augusto Ribeiro, 113, em Guaianazes, zona leste de São Paulo. O local fica há 10 minutinhos a pé da estação Guaianazes da CPTM, e funciona de segunda à sexta das 9h às 18h, nos sábados das 9h às 16h e também aos domingos, das 10h às 15h.

Por Bruna Martins
bcmartins26@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima