Por todo o mundo, o mês de maio tem a tendência de fomentar revoluções: as greves e ocupações estudantis na França em maio de 1968, a Revolução de Maio de 1810 pela independência em Buenos Aires, e, agora, o protesto contra o governo federal brasileiro conhecido como 29M buscam todos demonstrar insatisfação com a ordem vigente. O 29M teve como reivindicação “vacina, pão, saúde e educação“.
Mais de 200 cidades por todo o Brasil organizaram protestos contra a gestão do presidente Jair Bolsonaro. As principais contestações são contra a sua gestão precária durante a pandemia de Covid-19, a omissão na compra de vacinas e o consequente atraso na vacinação do país. Também foram alguns dos principais temas de discussão o descaso do presidente com a cultura, atitudes LGBTQfóbicas e a ameaça de fechamento de universidades federais por falta de financiamento.

Em meio à marcha, pessoas empunham capas de livros utilizados para promover justiça social e democracia.

Muitos dos manifestantes demonstravam insatisfação com a gestão do governo Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19, que levou a quase meio milhão de mortes no Brasil.

As bandeiras empunhadas durante o protesto foram diversas, mas alguns manifestantes abraçavam várias causas simultaneamente.

Os cortes feitos em orçamentos de instituições de ensino superior também levaram a ultraje, com muitos manifestantes defendendo a manutenção destas.
Brasília, cidade tomada como território de repressão e conservadorismo pelo atual governo, virou cenário para uma marcha de pessoas mascaradas e espaçadas em direção ao Congresso Nacional, considerado símbolo da vontade popular. Ao som de tambores e música, pessoas de todas as idades, cores, orientações sexuais e de gênero, religiões e com rica diversidade de ideologias políticas empunhavam cartazes e pediam o fim do atual governo que, para elas, não representa o Brasil.

Manifestantes com a bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT) cruzam o Ministério do Meio Ambiente, chefiado atualmente por Ricardo Salles. O PT recentemente pediu o afastamento de Salles do cargo.

Para muitos, protestar contra o atual governo, exercer sua liberdade e se expressar são sinônimos.

Bandeira comunista, uma das várias ideologias sendo representadas, se sobrepõe à visão do Congresso Nacional.

Um casal se protege do escaldante sol de Brasília enquanto ouve os discursantes presentes.

Muitos saíram de casa para protestar contra a atual gestão, independentemente da idade.
Passados os inúmeros prédios dos ministérios que levam ao Congresso, o grupo de manifestantes se reuniu vizinho à casa do legislativo brasileiro. Cada um impunha sua própria bandeira – seja esta a favor de um partido específico, liberdade de gênero, ampla vacinação ou até um sistema político diferente, todos tinham algo em comum: a recusa de Jair Bolsonaro e seus compatriotas como “titereiros” do Brasil.

Jovens declaram que a bandeira brasileira, por sua irresponsabilidade durante a pandemia, está manchada com o sangue de quase milhões de mortes.

Caracterizada como a ex-presidente Dilma Rousseff, esta manifestante trazia a mensagem de que, mesmo sendo rechaçada na época de seu impeachment, os tempos podem mudar.

Ao mais, um lembrete: a ex-presidente havia avisado dos perigos do que estava por vir.

Em oposição à uma repressão aos protestos em outras capitais, como São Paulo e o Recife, os policiais de Brasília somente assistiram a manifestação de longe.

Um manifestante trazendo o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva serve como lembrete para as eleições de 2022, quando os brasileiros poderão reavaliar a sua escolha do atual governo como liderança do país.
Apesar do clima leve e de fraternidade – contrário à violência experienciada em outras capitais brasileiras no mesmo dia – havia algo no ar fora da poeira do planalto: uma penetrante incerteza pelo futuro dos brasileiros. O que estaria por vir? A melhora das condições, ou outras infinitas manifestações, torcendo por uma mudança que pode nunca chegar?