Este filme faz parte da 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui.
Produzido durante anos por mais de 100 artistas, Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent, 2017) é um tesouro do mundo das animações. Conta a história da morte do artista Vincent Van Gogh pelo ponto de vista das personagens próximas a ele, as quais habitam seus quadros. Através de uma série de entrevistas, são recriados eventos extremamente dramáticos a fim de responder uma simples pergunta: “Por que Vincent se matou?”.
É o primeiro-longa metragem produzido totalmente em óleo sobre tela e uma das animações mais incríveis que existem. Isso se dá porque, ao assistir Com Amor, Van Gogh o espectador literalmente se sente dentro de uma obra de arte. As pinturas se movem e transformam-se umas nas outras, o que é extraordinário e traz a ideia de que o filme está “vivo”.
A trilha sonora também é um elemento muito marcante: composta principalmente por música clássica, ela acompanha o ritmo da imagem. Ou seja, em quadros com cores mais vivas e traços mais curtos, a música que toca no fundo é agitada, alta e um pouco agressiva. Mas, em quadros mais claros e com pinceladas mais suaves, a música quase não se ouve. Sons ambientais (o ir e vir dos trens, o burburinho de uma cafeteria, o andar das pessoas na rua) também compõem a parte musical do filme, a qual é essencial para que o espectador “mergulhe” dentro da tela e se sinta parte da obra. Por exemplo, há uma cena em que o cenário é um campo e, no fundo, ouvem-se gaivotas.
Não são só as imagens que surpreendem, o enredo do filme também é muito envolvente. Baseado nas cartas que Van Gogh escreveu ao irmão, só a história, o desenrolar da trama e o roteiro já valeriam o ingresso. O longa esconde um mistério, a cada quadro, segredos sobre a vida do pintor são revelados e quem assiste sente que está mais perto de descobrir algo muito importante. Esse suspense chega a causar angústia; o “tentar descobrir” é desesperador.
Com Amor, Van Gogh possui tudo que um filme pode ter: diálogos envolventes e profundos, personagens bem construídos e ricos em detalhes, um pouco de magia, arte e muita emoção. Não é uma animação para ser vista, é uma animação para ser sentida. Confira o trailer:
por Mariangela Castro
mariangela.ctr@gmail.com