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44ª Mostra Internacional de SP: ‘Valentina’

Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto.  “Tem muita gente aí dentro que não gosta de você.” Enquanto na narrativa de Valentina (2020), filme dirigido por Cássio Pereira dos Santos, essa frase é escutada e sentida à …

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Esse filme faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique na tag no final do texto. 

“Tem muita gente aí dentro que não gosta de você.”

Enquanto na narrativa de Valentina (2020), filme dirigido por Cássio Pereira dos Santos, essa frase é escutada e sentida à flor da pele pela protagonista, a repercussão do longa-metragem rendeu o contrário. Para o público, foi o melhor ficção da 44ª Mostra de SP. Para o júri, a menção honrosa foi direcionada à atriz e youtuber trans Thiessa Woinbackk, que deu corpo e voz à personagem Valentina.

 

Thiessa recebendo o troféu da Mostra. [Imagem: Reprodução/Instagram]

 

O longa-metragem gravado na pequena Estrela do Sul, interior de Minas Gerais, é um filme didático, que caberia em uma sessão da tarde, convidativo para qualquer pessoa, de qualquer idade. Por isso talvez tenha sensibilizado e aberto os olhos do público para a realidade do próprio país: lugar onde a taxa de evasão escolar de pessoas trans é 82% e a expectativa de vida dessa população é de 35 anos, como a obra deixa registrado nos seus créditos. 

Com a maioria de seus realizadores parte da comunidade LGBTQIA+, a produção dá seu recado quando o maior conflito é a batalha por uma assinatura de um pai distante para que a filha possa usar seu nome social na escola. Valentina é uma menina trans de 17 anos que, junto da mãe (Gutta Stresser), vai recomeçar a vida em uma nova cidade, pequena e singela, com todos os requintes do conservadorismo. 

 

Mãe e filha, em Valentina. Na imagem, as duas estão sentadas à mesa de jantar, com convidados, olhando uma para a outra com alegria.  [Imagem: Divulgação/Campo Cerrado]
Mãe e filha, em Valentina. [Imagem: Divulgação/Campo Cerrado]

Seu sonho seria poder responder na chamada pela maneira como ela se vê e se entende no mundo. Isso que pode parecer tão simples e rotineiro rendeu uma narrativa que expõe microviolências diárias. Desde olhares filtrados pelo ódio a ataques físicos e ameaças de quem desponta, a troco de nada, uma raiva estúpida sem precedentes. Tudo isso é muito claro na obra. Claro até demais. 

Os recursos simbólicos não são tão explorados e a representação da juventude pode parecer às vezes meio crua e clichê, quase como um contraste à performance marcante de Thiessa. Ainda assim, é bonito ver a maneira como os personagens vão criando uma rede de solidariedade e força, uma barricada contra a intolerância, como uma quebra de estereótipos dos lugares do interior e sua aspereza com requintes de maldade.

Dos clichês, Valentina acaba pulando fora do grupo justamente pela história a qual se propõe a contar. E o filme consegue prender o espectador, que torce junto à garota, e ao final, pergunta junto: por que a liberdade é coisa que incomoda tanto?

Você pode assistir ao trailer aqui: 


*Imagem de capa: Divulgação/Campo Cerrado

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