Quando pensamos em personagens fictícios, é comum nos perguntarmos se houve alguma pessoa real que serviu como inspiração na hora de sua criação. No cenário brasileiro, por exemplo, sabemos que os protagonistas da Turma da Mônica são todos baseados em parentes próximos do autor Maurício de Sousa. Nesse sentido, o filme Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (Professor Marston and the Wonder Women, 2017), de Angela Robinson, se propõe a contar a origem da Mulher-Maravilha, bem como todos os dramas envolvidos durante e após sua concepção. O que diferencia o caso da super-heroína, no entanto, é o fato de que não foi uma mulher que serviu de inspiração, mas duas.
William Marston (Luke Evans) e sua esposa Elizabeth (Rebecca Hall) são professores de psicologia nas Universidades de Harvard e Radcliffe – filial de Harvard apenas para mulheres. Após se envolverem com Olive Byrne (Bella Heathcote), aluna e assistente de pesquisa do casal, os três protagonistas iniciam um romance que perdura por vários anos e causa muitos conflitos. Apesar disso, o filme conta como a convivência com duas mulheres de personalidades completamente opostas inspirou William a criar a Mulher-Maravilha, e como essa criação o ajudou a espalhar suas ideias sobre mente humana e feminismo.
O longa chama atenção pelo seu tema mais recorrente durante a trama toda: a sexualidade. E não é de um modo sutil que Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas aborda este assunto. São inúmeras as cenas nas quais pelo menos um dos três protagonistas está envolvido em uma situação de autodescoberta sexual, seja em um lugar público, particular ou nos fundos da loja do “Rei do Fio Dental”. Inclusive, os próprios personagens principais são um símbolo de descoberta na medida em que protagonizam um relacionamento homoafetivo e não-monogâmico, estilos de vida muito repudiados na primeira metade do século XX, quando se passa a história.
Além de mostrar como a diversidade sexual é importante e deve ser respeitada, Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas também aborda a questão do feminismo muitas vezes. Por exemplo, Olive Byrne é filha e sobrinha de, respectivamente, Ethel Byrne e Margaret Sanger, duas figuras muito importantes na defesa dos direitos das mulheres nos Estados Unidos no começo do século passado. Porém, apesar de ser ofuscada o filme inteiro pelo drama envolvendo os protagonistas, a maior representação feminista do longa ainda é, claro, a Mulher-Maravilha. Durante a história, somos apresentados a todos os ideais envolvidos na criação da personagem, e conseguimos entender o porquê de, até hoje, Diana Prince ser a super-heroína mais famosa do mundo e um dos grandes símbolos do movimento feminista.
Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas chega aos cinemas no dia 14 de dezembro. Confira o trailer:
por Bruno Menezes
brunomenezesbaraviera@gmail.com