Fevereiro de 2004. Eric LeMarque resolve fazer snowboard por uma trilha proibida e acaba perdido por oito dias em um ambiente totalmente inóspito para seres humanos e quase sem perspectivas de ser salvo em meio a tanta neve. A trama de O Poder e o Impossível (6 Below: Miracle On The Mountain, 2017) é construída com base na jornada que LeMarque tem que enfrentar para sobreviver, mesmo sem condição nenhuma para isso.
LeMarque (Josh Hartnett) é um jogador de hóquei profissional que está enfrentando um período de vício em drogas e revolta com sua carreira. Por conta dos problemas de dependência química, o atleta resolve passar uns dias em uma cabana nas montanhas de Sierra Nevada, nos Estados Unidos, para praticar snowboard e refletir sobre a sua vida. Mesmo estando isolado, LeMarque continua consumindo doses de drogas e abastecendo seu vício por adrenalina através do esporte nas montanhas.
Faltando seis dias para voltar para casa, o snowboarder se aventura por uma trilha nova e proibida para os praticantes, bem no dia em que uma séria tempestade de neve chega ao local. Em certo ponto, sem visibilidade, ele não consegue encontrar o lugar de refúgio de onde tinha partido, se dando conta de que está totalmente perdido e sozinho. Frente a isso, LeMarque começa sua luta para sobreviver em meio ao frio, falta de água, de comida e perigos aparentes, como lobos e lagos congelados. Ele só tem consigo um saco de metanfetamina, um rádio, um celular sem sinal e o preparo físico de um atleta de alto rendimento.
O longa traz uma história um tanto quanto previsível para filmes com o enredo de perdidos na neve. Assim como Limite Vertical (Vertical Limit, 2000), Resgate Abaixo de Zero (Eight Below, 2006), Evereste (Everest, 2015) e quase todos os dramas que envolvem acidentes com vítimas em montanhas frias, O Poder e o Impossível acompanha os desafios de uma situação como essa, mas culmina no velho clichê que transforma corpo e mente do protagonista.
Os efeitos especiais deixam bastante a desejar, nem sendo necessários, já que o filme conta com paisagens extenuantes e completas, que poupavam os efeitos surreais. Em uma cena em que LeMarque se depara e espanta lobos da neve, os efeitos especiais de adição da fumaça fazem a cena soar forçada, já que as interferências excessivas na imagem, tiram um pouco da mágica que um uso com mesura dos efeitos traria.
O movimento de câmera também é um fator de estranhamento na produção com distâncias focais exageradas em cenas de close, que pode deixar os espectadores sem muita noção do todo e perdendo as paisagens do fundo. Alguns movimentos bruscos feitos com a câmera, que tentam passar ideia da confusão do protagonista, foram além do necessário.
A trama, por mais que óbvia e previsível, se mostra muito emocionante perto do final. A história é repleta de flashbacks do passado com a mãe (Mira Sorvino) e são essas memórias que dão forças para LeMarque sobreviver os 8 dias perdido e sozinho. Quando esses acontecimentos se complementam com a busca por Eric pela mãe é quase impossível conter as lágrimas e a história muda totalmente para um clima de esperança e amor.
Apesar de mostrar a lição de moral sobre a valorização das pessoas que o ama e de sua própria vida, o filme, que é inspirado no livro de auto-ajuda escrito pelo próprio Eric LeMarque, Crystal Clear, falha na missão de inspirar outros a fazerem o mesmo.
O Poder e o Impossível será lançado no dia 14 de dezembro e o trailer pode ser conferido aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=vDFHyMnaYTU
por Giovana Christ
giovanachrist@usp.br