A revolução digital do século XXI rompeu todas as barreiras. A tecnologia não se limita mais aos microcomputadores e aos smartphones. Empresas do ramo estão sempre em busca de novos produtos capazes de atrair o mercado consumidor sedento por novidades. Os desenvolvedores de novas plataformas querem atribuir as funcionalidades mais complexas aos objetos mais comuns do dia-a-dia e essas novas tentativas dividem opiniões. A tendência é investir em computadores “de vestir”.
O Google Glass, dispositivo semelhante a um óculos, que deve ser lançado para o público comum entre o fim de 2013 e o início de 2014 é um dos pioneiros na tentativa de atribuir o que há de mais avançado tecnologicamente a utensílios pessoais. Com a promessa de proporcionar experiências inéditas a seus usuários, a iniciativa despertou curiosidade em pessoas de todo o mundo, entretanto, muitas das preocupações levantadas ainda não têm respostas.
Entre o que já se tem certeza sobre o produto está seu peso de 40 gramas, sua memória com pouco mais de 16 GB de armazenamento e uma qualidade de tela equivalente a de um televisor de 25 polegadas que deve ficar “flutuando a cerca de oito pés de distância de seus olhos.” A versão para desenvolvedores distribuída para alguns privilegiados custava em torno de US$ 1500, mas a empresa garantiu que a versão final chegará ao mercado custando menos do que isso e será, portanto, mais acessível.
Apesar de ter sido considerado pela revista norteamericana “Time” como uma das 26 melhores invenções de 2012, os óculos já colecionam críticos, entre eles, oftalmologistas que temem pela possibilidade de dores de cabeça, fadigas oculares e ressecamentos, resultados da proximidade da tela com os olhos humanos. Além disso, a empresa precisou se pronunciar para negar a possibilidade de reconhecimento facial, mas nem por isso as críticas quanto a possíveis invasões de privacidade cessaram.
Os óculos de realidade estendida permitem acessar aplicativos, gravar vídeos e tirar fotos através de comandos de voz. Há também botões na armação que, por sua vez, é sensível ao toque e a movimentos da cabeça. Perante isso, alguns usuários se questionaram sobre quais locais seriam adequados para se utilizar tal dispositivo e não chegaram a nenhuma conclusão. A empresa defende-se dizendo que os sinais que o Glass emite quando está sendo utilizado deixam claro a todos a intenção do usuário, assim, ninguém vai ser pego de surpresa.
Até o lançamento acontecer, a Google continua a aperfeiçoar o projeto e já patenteou novas possibilidades e adaptações. Rumores indicam que os óculos poderão ter ajuste da armação a diferentes tamanhos de nariz, projeção a laser de um teclado em diferentes superfícies, uma versão especial para canhotos e até a possibilidade de uma segunda geração com displays nos dois olhos.
De qualquer maneira, o Google Glass já terá que disputar a preferência dos usuários com concorrentes como o Vuzix Smart Glasses M100 da Vuzix, o Moverio da Epson e até um capacete desenvolvido pela startup LiveMap, todos baseados no mesmo conceito que ele. Já a Apple, outra importante empresa do ramo, não acredita no sucesso dos óculos da concorrente, mas o CEO da empresa, Tim Cook, declarou que “a área de biometria desperta um interesse especial da Apple, que vai observar o crescimento desse segmento”, o que reforça a possibilidade da empresa estar preparando o iWatch – um relógico com características semelhantes ao Glass.Resta saber se a nova aposta da Google será capaz de vencer as adversidades, convencer os críticos e atingir o sucesso de vendas que justifica tanto investimento e pesquisa.
por Breno França
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