Sobre Rodas, que teve seu lançamento mundial feito em 2017, traz às telonas questões sociais que irão fazer adultos e crianças refletirem acerca de situações que afetam muitos brasileiros, além de fazer com que se divirtam dentro do cinema.
A obra de Mauro D’Addio tem como protagonistas Cauã Martins, no papel de Lucas e Lara Boldorini, no papel de Laís. O longa aborda a realidade enfrentada pelo garoto de 13 anos que, após um acidente, fica paraplégico e começa a adaptar-se a essa nova realidade com o uso da cadeira de rodas.
Da mesma forma, a menina também enfrenta um drama – não conhecer seu pai. A mãe de Laís omite qualquer informação sobre o paradeiro do homem, e até mesmo seu nome, restando, como única forma de contato com o pai, uma foto antiga rasgada da garota junto ao homem e seu caminhão atrás da dupla.
O caminho dos dois jovens se cruza quando Lucas volta à escola após um ano afastado por licença médica. Entrando na classe de Laís, ele se vê deslocado em relação aos colegas. Pouco a pouco, a menina aproxima-se do garoto, sendo praticamente sua única amizade. A concretização de uma relação afetuosa entre os dois acontece de forma rápida durante a trama, no entanto, essa ocorrência pode ser justifica pelo tempo cronológico ser variável e não tão claro durante o filme
Porém, quando Laís encontra-se decidida a encontrar o paradeiro de seu pai, ela não hesita em chamar Lucas para acompanhá-la e o garoto aceita a missão. Montada na bicicleta de sua avó, a garota tem a companhia de seu amigo garantida graças ao presente que Lucas receberá de seus pais, um aparelho elétrico que permite que a cadeira de rodas vire um triciclo motorizado. Assim, os dois embarcam em uma grande aventura, que rende alguns apuros, descobertas e a consolidação de uma relação muito companheira entre os dois jovens. A construção da amizade entre os dois protagonistas é bem trabalhada, uma vez que ambos conseguem construir uma química de forma natural. Essa relação forma-se na base da troca de experiências, e também superando desafios encontrados pelo caminho.
O longa mostra situações que muitas pessoas enfrentam e, por muitas vezes, não são lembradas pela maior parte da população, como a rotina de deficientes físicos que enfrentam condições adversas de infraestrutura. É perceptível durante o filme o cuidado muito louvável em mostrar essa realidade, sem fantasiar ou estereotipar a situação, mas sim buscando um lado mais verdadeiro e íntimo das especificidades que são experienciadas por pessoas que não possuem o movimento das pernas. Sobre essa característica, o diretor afirma que o filme busca ilustrar o cadeirante, não como um necessitado, mas sim como alguém que deve ser lembrado e escutado em qualquer momento, como todas as pessoas.
Outro ponto abordado durante a trama é ausência de uma figura paterna nas famílias, uma ocorrência muito comum na sociedade brasileira. D’Addio afirma que buscou trabalhar a força da mulher durante o filme, mostrando que uma composição familiar formada apenas por mulheres não tem qualquer carência e é completa por si só, sem necessitar de alguma presença masculina. Essa representatividade é muito importante para que se permeie, de diversas formas, a imagem do sexo feminino possuindo poder único e independente para solucionar qualquer situação.
O filme é uma ótima opção para todas as faixas-etárias, uma vez que consegue aliar diversão e propaganda sobre questões que permeiam nossa sociedade. E dessa forma, consegue traçar um papel importante da representatividade dentro do âmbito cultural.
Sobre Rodas chega aos cinemas no dias 14 de março. Confira o trailer:
por Tiago Medeiros
tiagomedeiros@usp.br