A seleção feminina japonesa venceu a Costa Rica por 2 a 0 e garantiu sua vaga nas oitavas de final, dando continuidade ao sonho do bicampeonato. Campeã mundial em 2011, o Japão é uma das seleções favoritas ao título este ano, e começou a Copa goleando a Zâmbia por 5 a 0. A seleção, que é a 11ª colocada no ranking da FIFA, passa a ocupar o segundo lugar no Grupo C, empatada em seis pontos com a Espanha, que fica na frente por ter um saldo de gols maior.
As apostas eram que as japonesas não teriam dificuldade contra as costarriquenhas e que o desempenho visto no primeiro jogo da fase de grupos, no qual teve 60% da posse de bola e mais de 20 finalizações, continuaria. Por outro lado, a Costa Rica sofreu contra a Espanha, que marcou três gols em apenas 27 minutos. Para se ter uma ideia, nessa partida a seleção espanhola conseguiu bater o recorde de finalizações em mundiais femininos.
Com a derrota para o time japonês, Las Ticas chegam ao final da rodada eliminadas. Classificadas pela primeira vez para disputar o mundial em 2015, no Canadá, elas não avançaram para as oitavas de final na ocasião e esperavam conseguir o feito neste ano.
Time da Costa Rica, classificada pela segunda vez para disputar a Copa do Mundo Feminina [Imagem: Reprodução/ Instagram @fedefutbolcrc]
Primeiro tempo
A saída foi da seleção japonesa, que começou o jogo com vantagem. O Japão abriu o primeiro tempo com velocidade e já aos 3’, Risa Shimizu chutou a bola para dentro da grande área, mas Daniela Solera, a goleira costarriquenha, saiu para fazer a defesa. Logo em seguida, Shimizu cruzou novamente, mas a bola saiu em tiro de meta para a Costa Rica.
Trabalhando bem o lado direito e seguindo em ritmo acelerado – pelo menos por parte do Japão – Hasegawa lançou uma bola longa e conseguiu um escanteio. Na cobrança, Aoba Fujino fez um levantamento para Tanaka, que acabou errando o toque de cabeça e lançando a bola para fora. No segundo escanteio, aos 11’, Fujino cruzou para Saki, que chegou a cabecear a bola, mas Solera defendeu, impedindo mais um gol das Nadeshiko. Aos 16’, Fujino fez mais um cruzamento por baixo e, novamente, a goleira costarriquenha defendeu.
Diferentemente do jogo contra a Zâmbia, o Japão encontrou maior resistência da Costa Rica, que trabalhou muito bem o setor defensivo — a goleira Solera soma dez defesas nos últimos jogos e impediu uma goleada ainda maior do que os 3 a 0 da Espanha no primeiro jogo. Mesmo diante de uma defesa sólida, o Japão abriu o placar aos 25’, quando Miyake fez um cruzamento para Tanaka, que recebeu e passou para Naomoto chutar cruzado na grande área e balançar o fundo das redes.
Hikaru Naomoto foi escolhida a Player Of The Match (Melhor Jogadora da Partida). Ela abriu o placar e fez o primeiro dos dois gols do jogo. [Imagem: Reprodução/ Instagram @japanfootballassociation]
Dois minutos depois, aos 27’, Sugita cruzou para a grande área e Tanaka desviou mal de cabeça. Na sequência, Fujino recuperou a posse, driblou a oponente, entrou na área e marcou um gol surpreendente chutando no canto, contando com uma falha de Solera, que deixou uma fresta no gol. Com meia hora de jogo, o Japão conseguiu se garantir nas oitavas de final.
O primeiro tempo foi marcado por escanteios e muitas finalizações da seleção japonesa: foram 12 tentativas de chute ao gol, sendo metade protagonizada por Tanaka e Fujino, com três chutes cada. A posse de bola do Japão também foi maior devido à rápida recuperação da bola pelo time nipônico, que desarmava o contra-ataque da Costa Rica e firmava o jogo em apenas uma das metades do campo. A goleira japonesa, Ayaka Yamashita, pouco apareceu na transmissão.
Com um acréscimo de cinco minutos, o primeiro tempo acabou com um bom desempenho do Japão diante de uma defesa mais sólida do que o esperado. Isso fez com que os muitos gols esperados, principalmente devido à goleada contra a Zâmbia, não saíssem. Mesmo assim, a habilidade técnica das japonesas se sobressaiu e o favoritismo foi confirmado.
Segundo tempo
A Costa Rica saiu do primeiro tempo como coadjuvante, mas voltou para o segundo muito mais agressiva, conseguindo dominar a bola por mais tempo e, surpreendentemente, avançando no campo japonês.
O desempenho da primeira metade do jogo levou a técnica da seleção costarriquenha a fazer algumas alterações: saiu Gabriela Guillén e entrou Gloriana Villalobos; saiu Cristín Granados e entrou Raquel Rodrigues, a “Rocky” — maior artilheira do time, com 55 gols em 100 jogos. Mais tarde, Maria Paula Salas foi substituída por Sheika Scott, que acabou por movimentar o jogo.
Mesmo assim, o oponente continuou pressionando Las Ticas: em menos de um minuto, o Japão já conseguiu finalizar, mas perdeu uma oportunidade de gol aos 48’, quando Naomoto chutou para o gol e Solera defendeu.
Aos 60’, as japonesas já tinham feito mais duas finalizações e, aos 65’, em uma jogada perigosa para a Costa Rica, o Japão lançou para a grande área e, para defender a bola, Solana se chocou contra uma jogadora. Para a bola não entrar no gol, que ficou desprotegido, Fabiola Villalobos a chutou rapidamente para longe.
A seleção japonesa também sofreu alterações: Tanaka e Fujino, que brilharam no primeiro tempo, foram substituídas por Ueki e Miyazawa, na estratégia de poupá-las para o jogo contra a Espanha. Já no final do jogo, Shimizu foi substituída por Moriya.
O jogo seguiu com outras tentativas de gol das Nadeshiko, que terminam a partida com um total de 20 finalizações. A Costa Rica terminou com apenas três. Sentindo a pressão de final de partida, as costarriquenhas partiram para o ataque nos últimos dez minutos do jogo e, aos 80’, conseguiram dominar a bola e partir para uma finalização, que foi defendida por Yamashita. Já aos 84’, a Costa Rica cobrou uma falta, mas a goleira japonesa defendeu novamente.
Em um balanço geral, o Japão acabou encontrando uma dificuldade inesperada contra a Costa Rica, mesmo levando a melhor. O número de finalizações do time japonês impressiona, mas muitas oportunidades de pontuar foram perdidas, principalmente pelas brilhantes defesas de Solera, que impediu uma goleada. Ainda, um cartão amarelo foi dado à Priscila Chinchilla, atacante da Costa Rica.
Os acréscimos, novamente de 5 minutos, não alteraram o placar. Se houvesse mais tempo, talvez saísse mais um gol do Japão, pois aos 5’30” foi marcada uma falta para a seleção japonesa ao lado da grande área. Mas a árbitra italiana Maria Sole Ferrieri Caputi apitou sem que fosse feita a cobrança e encerrou a partida.
Seleção japonesa comemora após vitória sobre a Costa Rica e classificação para as oitavas de final [Imagem: Reprodução/ Instagram @naomoto6hikaru]
Japão
A melhor campanha da seleção japonesa de futebol feminina foi em 2011, quando levou para casa a taça e o título de campeã do mundo. A vitória na Copa do Mundo Feminina foi um vislumbre de alegria em meio a uma tristeza porque, alguns meses antes, o país tinha sido atingido por um terremoto, um tsunami e um acidente nuclear que, juntos, ocasionaram mais de 18 mil mortes. O terremoto, que começou no Pacifico, teve nove graus de magnitude, o maior até o momento, e chegou a deslocar a maior ilha do Japão em 2,4 metros para o leste.
As Nadeshiko conseguiram superar a Alemanha, que na época era a atual bicampeã mundial, e enfrentaram os Estados Unidos na final – seleção com mais títulos até o momento –, na qual venceram nos pênaltis por 3 a 1. A seleção japonesa tem três títulos da Fifa: sub-17, sub-18 e principal, sendo a única com o feito. Nessa copa, esperam conseguir o bicampeonato.
Ficha técnica
A partida aconteceu às 2h (horário de Brasília) no estádio Forsyth Barr, também conhecido como Dunedin Stadium, na Nova Zelândia. A Costa Rica jogou no esquema tático 3-4-3 e o Japão no 3-5-2.
A escalação do time japonês foi: Ayaka Yamashita; Moeka Minami, Saki Kumagai, Shiori Miyake; Hina Sugita, Yui Hasegawa (capitã), Hikaru Naomoto, Honoka Hayashi, Risa Shimizu; Mina Tanaka e Aoba Fujino. Fuka Nagano, Jun Endo e Rion Ishikawa não participaram da partida. O técnico do time é Futoshi Ikeda.
Já a escalação do time da Costa Rica foi: Daniela Solera; Gabriela Guillen, Mariana Benavides, Fabiola Villalobos, Maria Paula Elizondo, Cristín Granados, Katherine Alvarado (capitã), Maria Paula Coto, Priscila Chinchilla, Maria Paula Salas e Melissa Herrera. A técnica do time é Amélia Valverde.
*Imagem de capa: Instagram @naomoto6hikaru