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Crônica | Abracadabra: um ponto de vista alternativo

Conheça a história do filme Abracadabra, mas contada de um jeito diferente, por Winifred, uma das irmãs Sanderson

O ano é 1693. Eu e minhas irmãs, Mary e Sarah, estávamos em nossa casa,  localizada em uma floresta próxima a um vilarejo. Junto estava Emily Binx, garotinha que usamos para testar nossa poção e recuperar a nossa juventude, e seu irmão, Thackery, que, graças ao meu feitiço, agora e para toda a eternidade, será um gato preto. Assim que conseguimos finalizar a magia, homens da vila, trazendo tochas e arados, nos acusaram de sumir com os dois jovens e, se achando muito poderosos, nos mandaram à forca. Mal sabiam eles que retornaríamos para realizar nosso objetivo: absorver a força vital de todas as crianças de Salem. Depois disso, veio o escuro e a espera de um virgem acender a Vela da Chama Negra na noite de todos os Santos e nos devolver a vida.

Trezentos anos se passaram e, graças a um virgem, acordamos e voamos, em nossas vassouras, direto para casa. Estávamos doidas para preparar o feitiço, sem o qual não ficaríamos vivas após o nascer do sol. Nosso lar estava do mesmo jeito que o deixamos: o caldeirão e o livro de feitiços, as velas e as vassouras. Mas havia algo estranho, parecia que não estávamos sozinhas. Mary e seu faro inconfundível detectaram a presença de uma criança, e lá estavam Max Dennison, Alisson e a pequena Dani. Ela era o que precisávamos para ficarmos ainda mais belas e jovens. O que não sabíamos era que Thackery, que permanecia um felino nojento, também estava lá e, de novo, nos atrapalhou, levando os adolescentes e a criança para longe. Como se não bastasse, ainda levaram consigo nosso livro de feitiços, sem o qual não poderíamos completar o ritual e permanecermos vivas. 

à esquerda, uma menina de batom vermelho e chapéu de bruxa preto. no centro, sorrindo, uma adolescente de cabelos loiros. E, à direita, um adolescente de cabelo escuro e blusa preta.
Dani (Thora Birch), Alisson (Vinessa Shaw) e Max (Omri Katz) na cas das irmãs Sanderson [Imagem: Reprodução/ Disney Plus]

Os espertinhos não foram longe: tentaram se esconder no cemitério — onde não podemos pisar, pois o solo é sagrado e, se o fizéssemos, viraríamos pedra. Obviamente, isso não seria um problema para nós. Bastou eu proferir minhas mágicas palavras para que Billy, o amante infiel que envenenei e costurei a boca, saísse do túmulo e nos ajudasse a capturá-los. Porém, o monte de vermes não foi capaz disso, e tivemos que perseguir os jovens pela vila, aproveitando para começar a coletar crianças para nosso feitiço.

Como o lugar havia mudado! Agora, no lugar da terra tinha algo que parecia um rio negro fazendo a estrada, além de engenhocas que faziam um barulho horrível e soltavam luzes vermelhas. Uma delas era enorme, e seu motorista nos prometeu levar-nos até nossos desejos mais proibidos: crianças! 

Quando chegamos na vila, nos deparamos com diabinhos correndo para lá e pra cá e Mary começou a surtar achando que tinha perdido seus poderes, pois ela sentia cheiro de crianças, mas não as víamos. De repente, no meio do caos, encontramos um alívio: nosso mestre, Satã. Quando nos viu, ele logo convidou-nos para entrar em sua casa e apresentou sua mulherzinha, Medusa, que mal falou conosco. 

Logo nos aconchegamos: Sarah dançou com o mestre, Mary se divertiu com a televisão e eu descobri onde ficava sua câmara de torturas. Porém, a mulherzinha desceu de seu quarto e começou a gritar conosco e com Satã. Não demorou muito para sairmos de lá correndo do cachorrinho deles e descobrir que ele não era nosso mestre, e aquilo que víamos correndo não eram diabinhos, mas sim, crianças. Elas não ficam mais escondidas em casa com medo de nós, pelo contrário, agora correm pelas ruas com disfarces estranhos pedindo doces e com tanta petulância que ainda roubaram nossas preciosas vassouras.

 Nossos pés já estavam doendo de tanto caminhar quando encontramos o trio em uma festa e o bobo do Max tentou nos dedurar. Mas os cidadãos de Salem já não eram os mesmos desconfiados de sempre, e nos livramos do tumulto depois de uma performance impecável de “I Put a Spell On You”, que deixou todos os presentes dançando loucamente. Assim, conseguimos, rapidamente, sair de lá e continuar procurando por eles e nosso livro, até que os encontramos em uma prisão para crianças que chamavam de “escola”. Logo que chegamos, descobrimos que os pestinhas, em mais uma tentativa de pura “esperteza”, montaram lá uma armadilha para nos assar em um forno gigante. Porém, esqueceram de um detalhe: somos as criaturas mais poderosas da cidade, um forno mal feito, embora muito quente, não nos impedia de concretizar nosso plano. Ao sairmos dele, os insolentes já tinham fugido, e tivemos  que caçá-los novamente. 

Bruxa ruiva, de vestido verde, sorrindo e levantando as mão ao lado
As irmãs Sanderson durante a performance de I Put a Spell On You. [Imagem: Reprodução/ Disney Plus]

De volta em casa, para onde trouxemos dois meninos que nos chamaram de “mocréias”, eu e Mary tentávamos relembrar como o feitiço era feito e Sarah brincava com os insolentes. Na janela, já  podia sentir o frio da morte chegando e comecei a me despedir desse mundo cruel, quando, de repente, avistei uma luz no fim do túnel. Uma luz laranja, mas era tudo que precisávamos. Max e Alisson abriram nosso livro de feitiços e, com isso, nos mostraram onde estavam. Nós logo reunimos nossos meios alternativos — às vassouras — e voamos para eles. Chegando lá, nos deparamos com o cenário mais fácil possível: Dani estava sozinha no quarto. Não demorou muito para que retornássemos ao lar com ela e o nosso precioso livro, e começássemos nosso feitiço.

No caminho, Sarah usou sua voz para ocupar o céu e levar os pirralhos ao encontro da morte. Com isso, estava tudo perfeito: eu já preparava a poção que nos permitiria absorver a força vital de todas as crianças de Salem e, graças ao lindo canto de minha irmã, toda a população infantil marchava em nossa direção. Porém, o chato do irmão mais velho de Dani, Max, nos interrompeu bem quando tentávamos fazer a menininha tomar a poção, e nos fez acreditar que o dia já tinha amanhecido. Como pensávamos que fôssemos morrer, ele conseguiu resgatá-la e, ainda, derramar minha linda poção do caldeirão, deixando, para nossa sorte, o bastante para a pirralha loira que ousou me chamar de feia.

Uma mulher loira, com maquiagem forte, vestido vermelho e capa preta, voando em cima de uma vassoura
Sarah (Sarah Jessica Parker) cantando para atrair as crianças para sua casa. [Imagem: Reprodução/ Disney Plus]

Pouco tempo depois, percebemos que fomos enganadas e seguimos o carro que o trio usava para fugir, até que os alcançamos no cemitério, onde estavam sendo ajudados pelo traíra do Billy. Logo começamos a brigar e eu tive o prazer de arrancar a cabeça daquele camponês que eu já tinha matado uma vez. Tudo se encerrou quando já estávamos com Dani de novo e Max, para salvá-la, tomou o que restava da nossa poção. Porém, o idiota me derrubou no chão e, como era um solo sagrado, rapidamente me tornei uma estátua de pedra e, para o azar de minhas irmãs, o dia começou a amanhecer. O escuro veio novamente, e foi o fim para nós… ou era o que pensávamos.

De repente, despertamos e voltamos para nossa linda casinha. Já é 2022 e alguém nos trouxe de volta.

*Crônica baseada nos acontecimentos do filme Abracadabra (Hocus Pocus, 1993).

**Imagem de capa: Reprodução/ Disney Plus.

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