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As consequências de uma acusação injusta

Uma paixão infantil. Uma mentira aleatória. Uma vingança capaz de destruir a vida de um homem inocente. Essa é a essência do filme A Caça (Jagter. 2012.), do diretor dinamarquês Thomas Vintenberg. O drama conta a história de Lucas (Mads Mikkelsen), um homem tímido, mas “amigável, prestativo e humilde”, que acabou de passar por um …

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Uma paixão infantil. Uma mentira aleatória. Uma vingança capaz de destruir a vida de um homem inocente. Essa é a essência do filme A Caça (Jagter. 2012.), do diretor dinamarquês Thomas Vintenberg. O drama conta a história de Lucas (Mads Mikkelsen), um homem tímido, mas “amigável, prestativo e humilde”, que acabou de passar por um processo de divórcio complicado em que perdeu a guarda do filho. O protagonista está em um momento de reconstrução da vida, com namorada e emprego novos, até que um contratempo cruza seu caminho na creche em que trabalha, onde era querido por todos. O filme faz parte da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Lucas com seu filho, de quem acaba de perder a guarda depois de um divórcio turbulento (Foto: Divulgação)

A filha de seu melhor amigo, Klara, interpretada com muito talento por Annika Wedderkopp, de apenas cinco anos, diz à diretora de sua escola, que Lucas mostrou lhe suas partes íntimas. A mentira da garota, que se sentiu rejeitada em uma demonstração afetiva, coloca em cheque a integridade da personagem interpretada por Mads Mikkelsen (Fúria de Titãs. 2010.), ganhador do prêmio de Melhor Ator do Festival de Cannes de 2012.

Desde o início do filme a inocência de Lucas se mostra inquestionável, as problemáticas do filme, sobre os efeitos de uma mentira, e da velocidade como boatos se propagam como vírus, bem como o mito de que “criança não mente” são internacionais. “Na Dinamarca [e em outros países] temos um provérbio que diz que apenas as crianças e os bêbados dizem a verdade. Isto é falso. Há muitas portas abertas neste filme. Deixamos a escolha ao espectador.” explica o Vintenberg. Essa liberdade permitida ao público, faz com que a produção prenda o espectador até o fim.

O drama mostra como uma falsa verdade, que, a princípio, foi apenas fruto de um momento de raiva, pode repercutir na vida de uma pessoa. Acusado de abusos sexuais, inclusive com outras crianças da creche, a notícia se espalha, fazendo com que o protagonista seja julgado e caçado pela comunidade rural onde vive. É demitido, ameaçado, proibido de entrar em alguns lugares, perde amigos. Em uma busca praticamente solitária para provar sua dignidade, os únicos que permanecem ao lado de Lucas são seu filho, Marcus, e o padrinho do menino.

Annika Wedderkopp que teve destaque no papel de Klara, observa cena de carinho entre Lucas e seu filho (Foto: Divulgação)

Vale destacar que a criança também aparece como vítima. Para Vintenberg, “num caso como este, as crianças são igualmente vítimas pois sofrem por terem de mentir aos adultos para os satisfazer”. Não só por isso. As informações que as crianças recebem ao longo de sua infância ficam marcadas em seu consciente, já que são os primeiros contatos com o mundo. Em uma cena, a frase que Klara dirige a diretora do jardim de infância pode ser observada sendo dita por seu irmão, logo no início do filme.

Do roteirista, Tobias Lindholm, o filme estreia em janeiro de 2013 no Brasil e conta também no seu elenco com Thomas Bo Larsen, que vive o pai da menina que levanta as acusações – melhor amigo de Lucas –, Alexandra Rapaport, namorada do protagonista, Lasse Fogelstrom, filho de Lucas, Susse Wold, diretora da creche, entre outros.

Vencedor do prêmio de Júri Ecumênico do último Festival de Cannes, o filme faz parte da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontece a partir do dia 19 de outubro até o dia 2 de novembro. O evento conta com exibições de filmes de novos diretores para competição, homenagens e retrospectivas, em 28 espaços da cidade.

Por Patrícia Beloni
pat.beloni@gmail.com

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