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Festival Filmelier no Cinema | ‘Blue Jean’ é uma crítica ácida ao tradicionalismo político

Filme trata sobre a comunidade LGBTQIAP+ e sua luta contra o conservadorismo retrógrado na década de 1980

Atualmente, com o aumento de adeptos da comunidade LGBTQIAP+, se faz necessário promover o debate sobre as lutas dessas pessoas em épocas de grande repressão. Para isso, surge em Blue Jean (2022) uma história de resistência e autoafirmação.

No longa, Jean Newman (Rosy McEwen) vive na Inglaterra de 1988, que enfrenta a insurgência de discursos ultraconservadores sobre ideologia de gênero e a doutrinação da homossexualidade. Ao se descobrir lésbica, a protagonista caminha sua vida romântica em sigilo com sua parceira, Vivian Highton (Kerrie Hayes), por medo de perder seu emprego como professora de educação física em uma escola tradicionalmente avessa ao tema. Além disso, o seu estilo de vida é ameaçado, principalmente, por conta da Cláusula 28, que proibia a promoção da homossexualidade nas redes de ensino, promulgada durante o governo de Margareth Thatcher, na década de 1980. Porém, Jean se depara com uma situação de uma nova aluna, Lois (Lucy Halliday), que entrará em choque com os seus conceitos de vida.

É impossível não fazer um paralelo com a atualidade: há mais de três décadas, discursos semelhantes contra a liberdade de gênero e sexualidade ainda são recorrentes no meio político e social. Por conta disso, o contexto de Blue Jean continua atual. Com uma atuação incrível de Rosy, é possível sentir as grandes dificuldades de cada decisão que Jean toma e como isso impacta sua vida e sua saúde mental. Sem idealismos, a obra se prende aos problemas materiais mais perversos que a comunidade sofre historicamente.

O filme de pouco mais de uma hora e 30 minutos, produzido por Georgia Oakley, consegue explorar muito bem o lado político, por mais que haja uma preocupação também em explorar a história das personagens. Com takes ousados e cenas românticas homossexuais, a obra mostra uma boa abordagem das histórias LGBTQIAP+ nas telonas e aparece como uma representatividade bem-vinda em uma sociedade acostumada com a heteronormatividade do amor. 

Blue Jean escancara as violências veladas que impactam a personagem, imersa em uma realidade que não mostra indícios de melhora. O filme também mostra como Jean não se sente à vontade na maioria dos ambientes que passa, como casas de familiares e no trabalho: somente com Viv ou nos bares gays que a protagonista pode ser quem de fato é. Esse aspecto também fica visível na filmagem, já que a paleta de cores azul é usada onde Jean se contém, e a explosão de cores onde ela se liberta dos grilhões da vergonha. A crítica fundamental que engrandece tudo está aí: não há nada pior para a emancipação dos oprimidos que a manutenção de tabus.

Destaque para a coloração azulada presente e o reforço da expressão de desconforto de Jean, centralizada na foto de Blue Jean
Destaque para a coloração azulada presente e o reforço da expressão de desconforto de Jean, centralizada na foto [Imagem: Divulgação/UFO Distribution].

Com um tema tão relevante e propostas tão atuais, a obra só se complica na sua curta duração, que atrapalha no aprofundamento e na variedade das personagens, bem como nos seus estilos de vida. Mesmo assim, o impacto de Blue Jean é digno de reconhecimento, já que a narrativa dá voz àqueles que ainda são friamente silenciados e sofrem com atos de violência em seu cotidiano, seja explicitamente ou não. O filme conquistou 23 indicações, dentre essas um BAFTA, e 12 premiações.

O filme faz parte do Festival Filmelier no Cinema, confira o trailer:

*Imagem de capa: Divulgação/UFO Distribution    

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