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CFTK 2022: o maior evento de Krump da América Latina em São Paulo

CONFRATERNIZAÇÃO KRUMPERS REUNIU MAIS DE 200 DANÇARINOS DE KRUMP EM SEU 10º ANO DE REALIZAÇÃO

Sentimento, esforço, troca, saúde mental, espiritual e física. Essas foram algumas definições que os dançarinos escolheram para o Krump em suas vidas. Nos dias 18, 19 e 20 de novembro — em seu 10º ano de realização —, o grupo Lords Of Krump realizou a Confraternização Krumpers (CFTK), que contou com 230 pessoas no estúdio de dança Westside Full, na Faria Lima, centro de São Paulo. Com aulas, sessions (rodas de dança), batalhas criativas e showcases (apresentações), os participantes tiveram a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos acumulados durante a pandemia e de conversar com pessoas de diferentes realidades.

Mais de 200 krumpers do Brasil e da América Latina se reúnem no centro de São Paulo para dançarem Krump. [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

O Krump é uma dança originária dos Estados Unidos nos anos 2000. Reconhecido como o criador da modalidade, Ceasare “Tigheyex” Willis começou a disseminar sua dança a partir de uma fracassada audição com Tommy’s Crew (grupo de Tommy Johnson, conhecido pela dança Clowning Dance).

Tigheyex desenvolveu a própria dança com base na frustração com a audição e com sua vida difícil, morando em South Central, em Los Angeles. A partir de seu conhecimento do ballet, ele uniu equilíbrio, movimento e desempenho na dança que domina o mundo, principalmente a Rússia e o Japão. “É muito sentimento, e expressão e você pode realmente se soltar dançando, se deixar levar. A técnica existe, com certeza, mas é o sentimento que prevalece”, comenta a participante do evento Victoria Bassan, conhecida como Lyra Maddhulk.

A dança Krump envolve muito sentimento e consciência corporal para realizar movimentos amplos e intensos. [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

O CFTK teve seu início em 2012 por Ronaldo SnoBrock e outros integrantes do Lords Of Krump, na intenção de reunirem outros krumpers para dançarem e realizarem batalhas na Corrente Libertadora, região do Capão Redondo, em São Paulo. Tomando a estrutura de um evento, o CFTK conseguiu o apoio da ARCO — Associação Beneficente — para ser realizado em um espaço maior, em 2014. A partir de 2016, o evento foi inserido na marca Westside Full, o que permitiu que se realizasse no Butantã (2016) e na Faria Lima (2018 a 2022).

No primeiro ano da pandemia, o CFTK deixou de ser realizado, mas em 2021 foi organizada para a versão online com o apoio da Lei Aldir Blanc, contando com mais de 50 pessoas do mundo inteiro, desde a Argentina ao Japão. Para Douglas B’Havyor Santos, dançarino, professor e participante do evento, é muito importante essa reunião pós-pandemia: “Quem está aqui sobreviveu a isso. Encontrar todos esses sobreviventes envolvidos nessa energia aqui está sendo importante para todo mundo”.

Da direita para a esquerda, Douglas B’Havyor e sua dupla Pieighy na batalha Krump & All Style. [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

Além dos showcases e das aulas, que já são atividades padrões de todas as edições, as batalhas contaram com muita criatividade para explorar o potencial dos participantes. Entre as modalidades, tiveram: Begginers (batalha 1×1 para iniciantes), Girl vs Girl (torneio 1×1 exclusivo para mulheres) e Family Wars (batalha de trio 3×3 para abusar de Tag teams, Army moves, Combos e Coreos). 

As batalhas mais diferenciadas foram Krump Game (um dado selecionará o tema da batalha 1×1 e os dançarinos terão de se atentar à proposta), Krump & All Style (batalha de dupla 2×2, composta por um krumper e um outro dançarino de outra modalidade — restrito para apenas convidados para a batalha) e Buck To Score (batalha 1×1 com sistema de pontuação — após 8 krumpers competirem todos contra todos, as duas maiores pontuações de cada chave se enfrentarão nas semifinais e final).

Após o almoço, os krumpers se reuniram para batalharem em diversas modalidades oferecidas pelo CFTK. [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

Esta edição contou com 4 professores, sendo 3 internacionais (Tughsoul, 1K e Cyborg) e Bruno Duarte (Maddhulk ala MaddRipp X) como professor nacional. 1K, conhecido como Killa Beast, comenta que sabia de bons krumpers, mas ficou surpreso com o cenário do Krump no Brasil ao ver tantos participantes.

“Eu vi muito suor e emoção, o que é inspirador para mim. Eu sei que as pessoas dirão que eu sou uma inspiração por ser quem sou, mas eles me inspiram provavelmente mais do que eles devem saber só pela bravura deles. Eles mostram a vontade de aprender e de desenvolver suas habilidades no Krump”.

1K traz muitos conhecimentos para as aulas e sai inspirado pelos krumpers brasileiros. [Créditos: CFTK/SET7e8 Produções]

Natural de São Luís do Maranhão, o professor do CFTK  Bruno Duarte realiza o Krump vs Krump, um outro evento de Krump em São Paulo, feito em parceria com o Sesc. O único ex-aluno da América Latina de Tighteyex, comenta que a falta de participação dos krumpers em outras áreas da dança é uma das problemáticas da modalidade.

A batalha de iniciantes foi uma modalidade interessante para trazer ao evento, comenta Bruno “Maddhulk”, já que traz mais visibilidade e acolhimento aos novos krumpers. Kleiton Campos (KWalker), também praticante da dança, menciona como o Krump ainda é  muito nichado. Ele espera que, a partir dos krumpers, a dança possa ser levada até mais pessoas, para que a conheçam e desmistifiquem a ideia equivocada de que o Krump é uma dança agressiva. 

Bruno “Maddhulk” se apresentando no showcase de jurado na batalha “Girl vs Girl” [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

Um dos organizadores do evento, KWalker, também comenta que o Krump faz parte de sua vida desde 2009 e, assim como para muitos outros krumpers, mudou a sua vida. A ausência do pai o fez enfrentar muitas dificuldades, mas o Krump deu um lar para ele seguir um caminho melhor. Isso porque KWalker começou a dançar com o primo em 2009 de forma despretensiosa, mas logo o Krump tomou conta de sua vida, e ele começou a dançar no Ibirapuera, no evento de Krump no Rio de Janeiro, depois na França e até a Rússia. ‘O Krump teve esse poder na minha vida, ele me tirou do meu quarto e me colocou na Rússia’. 

No Krump, tem o “hype”, que é o suporte (gritos, gestos etc.) recebido pelo krumper que está dançando. Na foto, Ji Sambati está recebendo o hype dos outros krumpers que estão na roda. [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

Uma questão foi muito levantada entre os participantes do evento: a quantidade de dias do CFTK. Bruno “Maddhulk” comenta que seria bom se o evento durasse mais: “Às vezes, quanto mais curto, mais cansativo é o evento, porque você está ali o tempo inteiro e acho que, se conseguirmos ter mais tempo no evento, ele seria infinitamente melhor”.

Lyra Maddhulk também menciona como a organização dos dias e horários precisa de alteração. Após as intensas aulas no período da manhã, o almoço pesa no estômago e é mais difícil se concentrar para as batalhas que vêm logo em seguida. Lyra, por exemplo, sugere que ocorra uma roda de conversa ou algo mais calmo para que os competidores tenham mais tempo para se prepararem.

https://www.instagram.com/p/ClTxQA-LmwT/

Como dica para os krumpers que irão continuar treinando, 1K incentiva-os a trabalharem mais e a se aprofundarem na linguagem do Krump. Além de convidar as pessoas para a próxima edição, Bruno “Maddhulk” sugere que treinem, acreditem em si e, principalmente, vivam o Krump. “Eu acho que uma das coisas que faz com que você se destaque dentro do movimento é você procurar ser você mesmo. Isso faz com que você acabe se tornando especial dentro daquele lugar, mas, antes de tudo, você precisa treinar, se lapidar e se autoconhecer”.

Krumpers em uma das aulas do Cyborg. [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

O CFTK é um espaço de acolhimento, principalmente para aqueles que não fazem parte da comunidade dos krumpers. Bruna Andrade (Lady KWalker), organizadora e participante do evento, comenta: “Acho que o CFTK influencia muito na formação de novos Krumpers, no interesse da galera de estar dentro disso e na evolução de gente que já está aqui há muito tempo”.

Krumpers do evento convidam outras pessoas, dançarinas ou não, para experienciar a próxima edição do CFTK. [Imagem: Acervo pessoal/Julia Ayumi]

No canal do Youtube do CFTK, é possível assistir às finais das batalhas para experienciar um pouco da adrenalina dos krumpers.

Agradecimentos especiais ao KWalker e a toda organização que acolheu com tanta atenção a Jornalismo Júnior nesta cobertura.

Imagem de capa: Divulgação/CFTK

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