No verão de Simon’s Town, a cidade da África do Sul é invadida pelos pinguins-africanos, espécie ameaçada de extinção, que precisa fazer de tudo para enfrentar os desafios da cidade e do mar para conseguir sobreviver. Essa é a premissa da série documental Cidade dos Pinguins, que estreou em junho deste ano na Netflix e que, desde seu trailer, promete muita fofura e informação.
A produção é dividida em oito episódios, com cerca de 20 a 30 minutos de duração, nos quais acompanhamos os pinguins desde a busca por um parceiro até o nascimento dos filhotes e sua independência, determinada pela troca das penas marrons pelas pretas.
Essa temporada de seis meses de acasalamentos, infelizmente, não é assim tão simples para essas aves. Afinal, elas estão em meio a uma cidade cheia de cimento e humanos, o que dificulta a busca por um território para se acasalarem e gera disputas entre os próprios pinguins.
Já os pinguins solteiros precisam se atentar ainda mais às ameaças e podem até formar uma “gangue” para se proteger e atormentar as aves que estão formando uma família.
A série se diferencia por não se preocupar apenas em informar de modo sistemático todas as características desses animais. Há todo um enredo, no qual os pinguins são os personagens principais — com nome e uma história de vida —, como os Culverts, os recém casados, e Júnior, o solteiro desajustado.
Isso, junto a uma divertida narração feita pelo comediante Patton Oswalt, não só acrescenta dinamicidade à produção, como também prende o espectador na transição dos episódios.
Tanto a narração quanto as imagens preocupam-se em apresentar a perspectiva dos pinguins; os humanos, por exemplo, são referidos como “gigantes” e na maioria dos momentos apenas vemos as suas pernas. Esse artifício também contribui para o humor da série, pois nos apresenta o estranhamento dos pinguins em relação aos elementos da vida dos homens da cidade.
Eventualmente, há a quebra da fofura e uma angústia é instalada diante da ameaça da sobrevivência dos pinguins. No entanto, a série não dá tanto espaço para esses momentos. Um exemplo disso é que, apesar do narrador apresentar em vários momentos predadores dessas aves, como os lobos-marinhos e alguns felinos, não vemos esses animais conseguindo de fato atacar os protagonistas.
Tal abordagem foge um pouco da realidade, já que a espécie está ameaçada de extinção. Mas também cria uma atmosfera mais prazerosa para o telespectador e contribui para uma sensação de esperança quanto ao futuro dessas aves.
*Imagem de capa: Divulgação/Netflix.