Jornalismo Júnior

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“Panorama Olímpico: o jornalismo em grandes eventos”

Convidados ilustres de evento da Jornalismo Júnior apresentam os bastidores da cobertura jornalística em grandes competições esportivas

O evento “Panorama Olímpico: o jornalismo em grandes eventos”, organizado pela Jornalismo Júnior, ocorreu no último sábado (21) e apresentou uma visão dos bastidores do jornalismo feito nas Olimpíadas. A transmissão foi ao vivo, por meio da plataforma YouTube, com apresentação dos repórteres Gabriele Koga e Diogo Paiva. 

Os convidados que participaram dessa conversa foram: Aline Falcone, produtora dos programas de esporte da TV Globo e do Sportv; Giovana Pinheiro, jornalista e fundadora do Olimpíada Todo Dia; Júlia Belas, repórter do Folha Esporte; Marina Izidro, mestre em jornalismo esportivo; e João Barretto, jornalista do NSports, que cobriu as Olimpíadas de Tóquio 2020 pelo Time Brasil e viralizou no Twitter como “repórter do xixi”.

Evento organizado pela Jornalismo Júnior no último sábado, 21, com o tema “Panorama Olímpico: o jornalismo em grandes eventos”. Na imagem estão: Giovana Pinheiro, Júlia Belas, Marina Izidro, João Barreto, Diogo Bachega (apresentador) e Aline Falcone. [Imagem: Reprodução/Youtube].
Os jornalistas se apresentaram e abordaram as dificuldades enfrentadas para a cobertura dos Jogos Olímpicos diante do cenário atual. Giovana Pinheiro disse que a “pandemia ressignificou as olimpíadas”, pois, para além dos protocolos de segurança, cada zona mista de entrevistas ficou distante uma da outra, o que diminuiu a proximidade e o contato entre os profissionais da área (algo que era muito recorrente antes). 

Após isso, os mediadores perguntaram o que é necessário para o sucesso na cobertura de um evento como esse. Para todos os convidados o conhecimento do esporte (já saber as regras), o estudo antes da competição e o acompanhamento contínuo dos atletas são de suma importância para o jornalista durante a cobertura. 

“Ter uma noção do que precisa saber para falar daquele esporte. Por exemplo, eu estava trabalhando para a Folha e tinha que alimentar o ‘ao vivo’. Eu assistia uma luta de boxe, dois minutos depois publicava e partia para canoagem. Eu tinha que saber como funcionavam esses esportes”, relata Júlia Belas. João Barreto ressaltou que o jornalista precisa passar as expectativas reais do que o atleta deseja alcançar, entendendo toda sua trajetória.

Aline Falcone, por sua vez, destacou que o relacionamento com as comissões de cada modalidade e as assessorias dos atletas facilita o contato para entrevistas, principalmente após as conquistas de medalhas.

Já a fundadora do Olimpíada Todo Dia, Giovana Pinheiro, disse que estar presente no momento é essencial para uma boa cobertura. Ou seja, ter bastante atenção e ficar pronto para o inesperado. Um atleta pode, às vezes, dar uma declaração que ultrapasse o que foi planejado em uma pauta.

Todo o contexto do atleta, independente de sua trajetória ser vitoriosa ou não, também faz a diferença. Para explicar como isso é fundamental, Marina Izidro citou o caso de Rafaela Silva, que era da Cidade de Deus e vinha sofrendo com maus desempenhos, estes que geraram ataques em suas redes sociais. Mesmo com esses problemas, ela ganhou medalha de ouro no judô nos Jogos do Rio 2016. “Quando a Rafaela Silva ganhou […] ela explodiu de chorar. E claro que aquela emoção não era só do ouro, era tudo o que estava passando na vida dela”, afirma. João Barreto também destacou essa questão e falou que a amizade com os atletas passa mais espontaneidade ao público. Ele deu como exemplo sua amizade com Alison dos Santos, medalhista de bronze nos 400 metros com barreiras, durante os Jogos de Tóquio. 

Fora isso, Pinheiro comentou, ao responder se havia se emocionado com alguma medalha, que conhecer o atleta e sua trajetória torna o jornalista um rosto “conhecido” e é importante para passar confiança àqueles que estão competindo. Assim, o jornalista acaba acolhendo o atleta, seja na derrota ou na vitória.

A produtora da TV Globo e do Sportv, Aline Falcone, levou para a mesa a discussão sobre as dificuldades da profissão e em como ouvir isso pode afetar estudantes do curso de jornalismo. Ela afirma que existem dificuldades, como a saturação do mercado de trabalho e a pouca estabilidade da carreira e que, nem mesmo o jornalismo esportivo é um mundo dos sonhos. Porém, ela também lembrou que o trabalho é prazeroso, apesar do cansaço. 

A próxima pergunta foi sobre as diferenças entre produzir um programa ou estar à frente como um repórter. Falcone brinca que como produtora ela é a “mensageira do apocalipse”, pois tem uma visão macro do programa, inclusive para prever possíveis erros. Já o repórter se preocupa mais com o conteúdo e convidados, mas é necessário que ele também ajude com as pesquisas do produtor.

Durante o evento, a audiência participou enviando perguntas aos convidados. Uma delas levantou a discussão do espaço feminino no jornalismo esportivo. [Imagem: Reprodução/Youtube].

Outra questão abordada no evento foi os desafios das mulheres dentro do jornalismo esportivo nicho ainda predominantemente masculino. Todas compartilharam momentos em que foram desvalorizadas ou receberam olhares diferentes por serem mulheres e reconheceram o quanto isso é cansativo e deve ser combatido para que novas profissionais enfrentem menos dificuldades. Giovana Pinheiro destacou a importância da sororidade entre as mulheres. Júlia Belas e Aline Falcone comentaram que é essencial se valorizar e garantir maior diversidade dentro do jornalismo.

Por último, a discussão girou em torno do predomínio do futebol dentro da cultura brasileira e em como isso afeta o jornalista esportivo. Belas apontou que buscar conhecer outros esportes e ter uma visão dos atletas que ultrapasse as quadras são oportunidades para os profissionais entrarem em espaços menos explorados. Pinheiro acrescentou que apresentar esportes menos populares ao público é importante para construir uma educação esportiva, o que permite que as pessoas se apaixonem por alguma modalidade. Apesar disso, todas acreditam que estar atualizado sobre o futebol é fundamental na carreira. 

Para aqueles que não puderam comparecer, a live foi gravada e pode ser acessada aqui.

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