A partida entre Alemanha e Colômbia na manhã (6h30 no horário de Brasília) deste domingo (30) foi mais uma demonstração de que o favoritismo não entra em campo no futebol. Após 28 anos sem perder na fase inicial de uma Copa do Mundo, a seleção alemã foi derrotada pela Colômbia por 2 a 1, no vibrante Allianz Stadium, em Sydney, na Austrália.
Além de ser surpreendente pelo favoritismo das bicampeãs mundiais, o resultado é significativo pelo retrospecto positivo do continente europeu frente ao sul-americano. Em 27 confrontos em copas, as seleções da América do Sul tinham apenas oito vitórias, sendo sete do Brasil e uma da Colômbia, contra a França na Copa de 2015.
Escalações
As vice-campeãs europeias não tinham muito o que corrigir depois da bela vitória por 6 a 0 contra Marrocos na estreia da competição. Mesmo assim, a técnica Martina Voss-Tecklenburg resolveu alterar algumas peças da equipe.
Em um 4-2-3-1, as jogadoras escaladas foram: Merle Frohms no gol; Svenja Huth, Kathrin Hendrich, Sara Doorsoun-Khajeh e Chantal Hagel na linha de defesa; Sara Däbritz e Lena Oberdorf no meio-campo, que também teve Jule Brand, Lina Magull e Clara Bühl; e a artilheira Alexandra Popp no ataque.
Do outro lado, a Colômbia também vem de um vice-campeonato na competição continental, após perder a decisão da Copa América para o Brasil. O time que foi a campo foi quase o mesmo da estreia, com exceção da camisa dez Leicy Santos, que começou no banco.
A equipe também foi escalada em um 4-2-3-1 pelo treinador Nelson Abadía, começando coma camisa um, Catalina Perez; Carolina Arias, Jorelyn Carabalí, Daniela Arias e Manuela Vanegas formaram a linha de defesa; as volantes Daniela Montoya e Lorena Durango receberam a companhia de Linda Caicedo, Lady Andrade e Catalina Usme no meio-campo; Mayra Ramírez liderou o ataque.
O jogo
Desde o início, os mais de 40 mil torcedores presentes no Allianz Stadium fizeram muito barulho, sobretudo entoando cantos a favor da seleção colombiana. A Colômbia se sentiu à vontade, pressionou a saída de bola alemã e criou algumas chances. Apesar do ritmo intenso no início, na metade final da etapa as principais oportunidades desperdiçadas foram da Alemanha.
O segundo tempo começou a todo vapor. As colombianas partiram pra cima sem medo logo nos primeiros minutos e foram recompensadas aos 51’ com uma obra de arte. Na ginga, na técnica e na ousadia características do futebol sul-americano, Linda Caicedo driblou as defensoras alemãs e soltou uma bomba indefensável para fazer um dos mais belos gols da competição. A jogadora de apenas 18 anos atua no Real Madrid e é uma das principais promessas do futebol mundial.
Em vantagem no placar e com o estádio a seu favor, a seleção colombiana jogou com o regulamento “embaixo do braço”. Sem necessidade de se expor e de correr grandes riscos, a Colômbia fez jogo duro na marcação e se dedicou aos contra-ataques para matar o jogo. A técnica alemã Martina Voss-Tecklenburg realizou poucas mudanças e apostou na qualidade de suas jogadoras para chegar ao empate.
A Colômbia criou oportunidades para fazer o segundo gol enquanto a torcida gritava ‘olé’. Mas em um cenário de muita dificuldade, a Alemanha conseguiu a oportunidade perfeita. Aos 87’, Däbritz deixou Oberdorf cara a cara com a goleira colombiana, que acabou chegando atrasada no lance e cometeu pênalti. A craque Alexandra Popp não desperdiçou e mandou a bola pra rede aos 88’ para empatar a partida. O gol da atacante do Wolfsburg parecia ter decretado o resultado final de um jogo que ainda seria positivo para a Colômbia, de acordo com as expectativas.
Mesmo com o bom resultado até então, nem as jogadoras, nem os torcedores colombianos estavam satisfeitos. Aos gritos de “Sí, se puede”, a Colômbia conseguiu concretizar a vitória histórica na última bola do jogo. O relógio já marcava 96’, com os acréscimos de seis minutos chegando ao fim. Em uma cobrança de escanteio milagrosa, Leicy Santos colocou a bola na cabeça de Vanegas, que mandou no cantinho da goleira Frohms.
Próximas partidas
Com o resultado, a Colômbia assumiu a liderança isolada do grupo H e depende apenas de um empate com Marrocos na última rodada para se classificar em primeiro lugar. Já a Alemanha enfrenta a Coreia do Sul, que ainda não pontuou na competição.
A partida também foi importante para a seleção brasileira, já que as classificadas do grupo H enfrentam as primeiras colocadas do grupo F, que hoje tem Jamaica e França na frente com quatro pontos cada e o Brasil ainda na briga, com três pontos.
*Imagem de Capa: Reprodução/Twitter @fifaworldcup_pt