Por Marina M. Caporrino
Ainda engana-se quem julga uma prática como esportiva pela quantidade de suor e calorias a ela dedicada. Apesar dos esportes mais conhecidos mundialmente envolverem muita movimentação, como o futebol e o basquete, não são todos que possuem a ação como identidade. O xadrez é o maior exemplo disso. Considerado um esporte, a prática é quase que inteiramente mental.
Também engana-se quem acha que só há os esportes de ação e os esportes de pensamento. Há mais de cinco mil anos já existia, na Índia, uma prática esportiva que propunha unir corpo e mente e que hoje, tanto tempo depois, faz muito sucesso no ocidente: o yoga.
Yoga deriva do sânscrito e significa “unir”, que é exatamente a proposta dessa prática milenar. Por meio de técnicas de respiração, meditação e posturas, o esporte harmoniza o interior e o exterior de seu praticante e proporciona uma vida mais saudável em ambos os aspectos. Para o yoga, o corpo é o “instrumento de ação” e a mente é o “instrumento de percepção” e quando estão em harmonia e sadios é sinal de vitalidade e inteligência.
Assim como nos esportes tradicionais, no yoga o corpo é considerado um caminho. Contudo, o foco da prática vai além do desenvolvimento físico, pois considera a pessoa como um todo. O ser humano é um conjunto formado por aspectos físico, mental, emocional, intelectual e espiritual, vivente num ambiente social, e a prática busca equilíbrio entre esses aspectos.
Para a prática do yoga não são necessários muitos artefatos: apenas um tapete próprio e uma roupa confortável. Por meio de meditação, alongamentos, exercícios que forçam músculos importantes – como o abdômen e as pernas – e respiração, o yoga desperta todo o corpo de seu praticante, aproximando-o do equilíbrio buscado pelo esporte.
Já na Idade Contemporânea, na Alemanha, Joseph Pilates desenvolve uma nova prática esportiva: o pilates. Com influências de esportes diversos, como musculação, kung fu, mergulho e yoga, o pilates se desenvolveu e hoje é amplamente praticado, configurando-se como mais um esporte que envolve mente e corpo. Utilizando-se de exercícios físicos, alongamentos e do peso do próprio corpo (não se utiliza de pesos extras), o pilates busca um equilíbrio muscular e mental por meio da reeducação do movimento e da postura.
O pilates prioriza o equilíbrio, não sobrecarregando nenhuma parte do corpo em detrimento de outra. O método do esporte se baseia em seis princípios: centro de força, controle, concentração, precisão, fluidez de movimento e respiração.
Para a prática do pilates, podem ser utilizados equipamentos próprios, mas também é possível realizar inúmeros exercícios apenas com a bola – símbolo do esporte – um tapete apropriado e uma roupa confortável. Por serem exercícios lentos, muitas vezes a respiração é quem dita o ritmo e por isso é um importante componente na prática dos exercícios.
Assim como o yoga, o pilates também busca equilíbrio, harmonia e se utiliza da respiração e do próprio corpo como ferramenta. Essa aproximação entre as duas práticas se deve à influência de um na criação do outro. Mas também há diferenças. Enquanto o yoga é uma prática mais voltada para a meditação e calmaria interior, o pilates valoriza mais o equilíbrio e a postura corporais.
Quando entram na sala de yoga ou de pilates, ou até mesmo quando separam um tempo em casa para praticar esses esportes, as pessoas desligam-se desse mundo frenético e entram em contato com seu mundo interior. Deixam de lado pensamentos sobre obrigações e descobrem a si mesmas. Por isso, esses esportes tem ganhado tanta força destaque atualmente, pois são uma verdadeira válvula de escape das preocupações. Cada vez mais médicos recomendam a prática de esportes que envolvam mente e corpo, até mesmo para ajudar o tratamento de depressão. Não é a toa que o yoga e o pilates sejam verdadeiros esporte terapias.