“Sicario significa matador de aluguel”. São com a ideia dessas palavras que o longa Sicário: Dia do Soldado (Sicario: Day of the Soldado, 2018) começa e termina. Sendo a continuação de Sicário: Terra de Ninguém (Sicario, 2015), ele consegue se renovar e trazer uma nova face diante da desgastada história “drogas/cartel-na-fronteira-EUA/México”.
A história começa quando o governo americano pretende começar uma guerra devido aos casos de homens-bomba que haviam ocorrido no país recentemente. Assim, contrataram Matt Grover (Josh Brolin), agente federal, para iniciar a missão de fazer com que os cartéis de drogas do México voltassem um contra o outro — porque é mais fácil derrubar um inimigo quando ele está brigando com ele mesmo. Mas ele não é qualquer agente: joga sujo, não tem limites e faz o trabalho que tem que ser feito. Sua proposta? Raptar a filha (Isabel Reyes) de um dos maiores chefes de cartel do México e culpar o sequestro em seu inimigo, também comandante de cartel.
E para isso ele chama Alejandro (Benicio Del Toro), que tem uma história de vingança com Reyes — o dono do cartel e pai de Isabel. A partir daí a trama se desenrola.
Mais uma vez a dupla Benicio Del Toro e Josh Brolin vem com força. A dupla já havia trabalhado juntos no filme Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018), como o vilão Thanos (Josh) e o Colecionador (Benicio) e é claro que a química que deu para ver no filme de herói passou para Sicário: Dia do Soldado. Os dois dão aos personagens veracidade e realidade: as cenas mais violentas e de torcer a cara de aflição são atribuídas à eles.
E por falar de violência, esse filme tem para dar e vender. Sicário: Dia do Soldado talvez tenha até violência demais, se fizermos um compilado com todas as cenas com tiro, sangue, armas e tensão. Para quem não está acostumado a ver sangue correndo pelas telas normalmente, pode achar desagradáveis os posicionamentos da câmera e a escolha de sequências do diretor Stefano Sollima. O foco é mesmo mostrar a brutalidade e o quão longe os personagens estão dispostos a ir — seja por seguirem ordens ou por serem movidos à vingança.
Para os amantes de ação ao extremo, o longa irá se dar muito bem, porém ele peca na violência gratuita e, às vezes, mal posicionada durante a trama. A frieza das personagens também é incômoda, pois é deixado de lado o potencial para explorar questionamentos internos das personagens durante o filme, que acabam por não ter espaço mediante a quantidade de sangue na tela.
Porém o filme não é feito todo de sangue; Isabel Reyes (interpretada por Isabela Moner) faz muito bem o papel do telespectador, que se choca no decorrer do longa. Isabela satisfaz nesse seu trabalho, com uma atuação convincente e uma “segurada de barra” boa, já que não deve ser fácil atuar ao lado de dois veteranos. Mesmo com nomes incríveis e atuações expressivas, quando o elenco foi escalado, alguns nomes memoráveis e com peso — que haviam participado do filme anterior — ficaram para trás, como Emily Blunt (vencedora do Golden Globe) e Daniel Kaluuya (indicado ao Oscar).
Apesar de Sicário: Dia do Soldado retratar a fronteira dos EUA e México, ele também dá uma atenção à busca por vingança de Alejandro. Ele vai atrás de sua vingança e o longa procura retratar toda a sua trajetória e os empecilhos que encontra no caminho, sempre não aprofundando os questionamentos internos da personagem, pois prefere dar esse tempo de tela para mais tiros e sangue.
Porém, a jornada de Alejandro é contada até o último segundo do filme, e é assim que Stefano Sollima aproveita para fazer um gancho para uma possível continuação, deixando em aberto algumas ramificações do caminho da personagem de Benicio Del Toro. E é com esse cliffhanger absurdo que Sicário: Dia do Soldado entrega um filme de ação para você deixar de lado a pipoca e talvez até tirar os olhos da tela, por um breve momento, diante de tanto vermelho do sangue e barulhos de tiros que vai ter.
Sicário: Dia do Soldado estreia dia 27 de junho. Confira o trailer:
por Gabrielle Yumi
gabrielleyumif@gmail.com