Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Conteúdo LGBTQIAP+: Disparidades entre a realidade social e cultural da Tailândia

A POSTURA DA TAILÂNDIA FRENTE À COMUNIDADE LGBTQIAP+ LOCAL PROVA QUE O “PARAÍSO LGBT” ASIÁTICO NÃO SE SUSTENTA APENAS COM FANSERVICE E FICÇÃO

A representatividade LGBTQIAP+ em espaços de influência e o acolhimento dessas pessoas dentro de seus núcleos familiares e sociais são alguns dos direitos básicos pelos quais a comunidade luta. Em países como a Tailândia, onde é comum a existência de produções televisivas que abordam temáticas queer — com destaque para os boys love — esses cenários são mostrados com frequência, embora não correspondam totalmente à realidade do país. 

Uma breve história dos boys love

Boys love (BL) é um gênero que retrata histórias de romance envolvendo duas pessoas do sexo masculino. Dessas narrativas, surgem inúmeras discussões sobre autoconhecimento, primeiro amor e outras trajetórias comuns nas vivências de homens gays e bissexuais, mas que também podem ser vividas por outras pessoas da comunidade LGBTQIAP+.

Segundo o artigo Ásia se apaixona pelo boys love tailandês, do Bangkok Post, o governo tailandês reportou que a indústria de conteúdo BL valia mais de 1 milhão de baht em 2021 (146 milhões de reais, aproximadamente) e está fortemente presente em locais como Taiwan, Filipinas e  América Latina. 

Na Tailândia, o gênero começou a se popularizar a partir dos quadrinhos boys love pirateados do Japão, no início dos anos 1990. Com o surgimento da internet, na virada para os anos 2000, essas histórias começaram a ser publicadas também em blogs e em fóruns. 

A cultura dos shipps, no K-pop, inspirou fãs tailandesas a escreverem histórias de romance fictícias tendo seus idols favoritos como protagonistas, e também a apoiarem o envolvimento entre homens em enredos de romance heterossexual. Love 8009 (Channel 9, 2004) foi a primeira série tailandesa a ter um casal secundário gay e alcançou muito sucesso no país, dado o suporte já existente vindo da cultura do K-pop e dos quadrinhos japoneses. 

Anos mais tarde, com o surgimento de esporádicas narrativas boys love no mercado, a grande emissora tailandesa Channel 9 exibiu uma série totalmente dentro do gênero BL: Love Sick (Channel 9, 2014), também de muita fama. No entanto, o ano em que houve a explosão dessa indústria foi 2016, com o lançamento de SOTUS: The Series (GMMTV, 2016).

Pôster oficial de Sotus. O ator da esquerda, ‘Singto’ Prachaya Ruangroj, continua ativo na indústria BL. Sua última série foi Paint With Love (2021), junto do idol Tae Darvid Kreepolrerk [Imagem: Reprodução/GMM One/My DramaList]

No âmbito internacional, os BL’s tailandeses tornaram-se conhecidos em meados de 2018 com Love By Chance (GMM25, LINETV, 2018), que foi lançado com legendas em outros idiomas. 

Com pouco investimento de canais tradicionais de televisão, os boys love foram crescendo em canais digitais, em streamings e em aplicativos, democratizando o acesso a essas histórias, sobretudo para o público não-tailandês.

A cultura dos fanmeetings e dos “casais imaginários” atraía o retorno financeiro necessário para as produtoras, uma vez que os atores não faziam aparições públicas juntos apenas durante a exibição da série, mas de forma permanente, em seus momentos de lazer ou em eventos. O resultado foi o aparecimento de fãs não apenas das séries, mas dos casais que as estrelavam. Muitas das produtoras, inclusive, atuam também como agências, que trabalham para criar celebridades com talentos para a dança, o canto e a atuação, o que promove mais sucesso para os artistas.

Após os boys love provarem ser um produto cultural cheio de potencial dentro e fora da Tailândia, a pandemia da Covid-19, em 2020, impulsionou ainda mais visibilidade desses conteúdos: a partir desse período, canais e streamings especializados no gênero tiveram as maiores taxas de audiência de sua história, com um aumento de 45% no tempo gasto assistindo a séries BL dentro da plataforma nos primeiros meses de isolamento social. O presidente de negócios de conteúdo da LINE, empresa de entretenimento tailandesa responsável pela LINETV, Kanop Supanamop, declarou que o boys love saiu do status de subgênero e passou a ser mainstream. 

Isso muda a forma como as pessoas recebem e consomem esse conteúdo, mas também a lógica do mercado. Um artigo publicado pela Bangkok Post em 2020 revelou que, após o lançamento da primeira série BL na Tailândia, as marcas passaram a optar por colocar seus jovens atores como anunciantes de produtos.

O foco da estratégia era atingir as grandes bases de fãs desses atores, que, no geral, estão dispostas a comprar tais produtos como forma de apoio aos seus ídolos. Mesmo marcas mais antigas no mercado e com público alvo mais velho apostam nessa inovação como forma de conseguirem um retorno mais rápido em suas campanhas publicitárias, além de atingirem novas faixas etárias de consumidores. 

De fato, as propagandas de alimentos, bebidas e cosméticos fazem muitas aparições nas séries boys love, principalmente nos breaks do episódio. Os itens propagandísticos aparecem cada vez mais dentro da própria série, mesclando o roteiro publicitário com o cinematográfico. 

Publicidade de alimentos feita por Bright Virawicht e Win Mettawin, casal principal de 2gether The Series, considerada a série BL mais popular da Tailândia atualmente. [Imagem: Reprodução/Twitter/@mamaloverth].

Toda essa sofisticada estrutura coloca os boys love como um dos principais agentes do soft power tailandês, ou seja, a influência branda de determinado país sobre outros, que pode acontecer por meio de valores culturais e influência política. 

Segundo Jales Caur, bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e autor do artigo A força dos Boys Love enquanto soft power, “O soft power, no termo técnico, obrigatoriamente inclui a ação estatal. Tem que ter um governo por trás influenciando e trazendo isso como uma ferramenta de diplomacia.”

Boys love tailandeses: o soft power sem ação governamental

O turismo é uma das bases da economia tailandesa. Com praias e cenários paradisíacos, o país é um atrativo para visitantes do mundo todo. Em 2020, o setor de turismo era responsável por 6 milhões de empregos e 18% do PIB da Tailândia. 

A potência econômica gerada pelo turismo está por trás do entendimento dos boys love enquanto soft power, embora o governo nacional tailandês não ampare essa comunidade e não tenha interesse direto em exportar esses conteúdos como produto de influência. A Tailândia é um caso diferenciado, que foge ao conceito técnico do termo, conforme explica Jales: “Não podemos falar que os BL’s não são soft power porque não tem envolvimento do governo. Hoje, existem pessoas se interessando pela cultura tailandesa, pela história , pelos hábitos e pelo idioma. (…) Quando você assiste BL’s você sente vontade de ir para a Tailândia, fazendo com que haja essa injeção de dinheiro no turismo nacional, que é uma das grandes portas da economia tailandesa em geral”. 

Ele também explica que a posição do governo tailandês é relativamente neutra, graças à necessidade de atrair o público estrangeiro para fortalecer a economia: “Eles não têm uma posição contrária [aos BL’s], a ponto de impedir a produção, porque eles sabem que isso é um marketing de turismo muito forte. Eles não vão sair perdendo, mas ao mesmo tempo não vão incentivar.”

Todavia, não se pode usar o famoso termo pink money para classificar a indústria dos boys love. Em entrevista para a Jornalismo Júnior, a Central Boys Love, blog de notícias sobre o gênero, explica que o pink money busca atrair o poder de compra de pessoas LGBTQIAP+, mas que, na Tailândia, o cenário é diferente: “Atualmente, a indústria BL na Tailândia é, majoritariamente, voltada para o [público] feminino jovem”.

Nessa conjuntura, o pink money se relaciona mais com a questão turística, principal aposta do governo tailandês na economia internacional: “É comum você encontrar atendentes transexuais e gays nas lojas. É muito difícil se assumir em outros países asiáticos, enquanto que, na Tailândia, não é tanto. Existem dificuldades, é claro, mas o governo se aproveita dessa relativa abertura em comparação com os vizinhos”, complementa a Central. 

A dificuldade na conquista de direitos LGBTQIAP+ na Tailândia

Segundo relatório da Being LGBT in Asia: Thailand Country Report, feito pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, no ano de 2014, “o sistema tailandês é baseado no direito civil com influência significativa do direito consuetudinário”, ou seja, a lei escrita tem como complemento os costumes sociais, geralmente influenciados por práticas culturais.

A existência de um senso comum que exige uma postura socialmente aceita como boa dos cidadãos, que sejam pessoas boas e exemplares faz com que questões de gênero e de sexualidade, fora da “cisheteronormatividade”, sejam vistas como transgressões. 

Isso se reflete na ausência de políticas que protejam legalmente pessoas LGBTQIAP+. Ainda que o ponto forte da discriminação não seja a perseguição ou violência explícitas, a exclusão no campo do trabalho, nos direitos à saúde e educação são fatores que mantêm essa comunidade às margens da sociedade tailandesa. 

Segundo o estudo “Identidade de gênero e orientação sexual na Tailândia”, feito pela ILO Country Office for Thailand, Cambodia and Lao People’s Democratic Republic em 2014, demonstrar abertamente uma concordância com papéis de gênero pré-estabelecidos faz com que a aceitação seja maior para gays e lésbicas. No entanto, indivíduos trans ou de identidades não-binárias, “gozam de menor aceitação social e estão sujeitos a um grau mais alto de censura social”.

Na Tailândia, a participação de pessoas LGBTQIA+ na política é limitada e restrita, dificultando a proposição de leis e projetos para esse público. [Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons/Thai Parliament Museum]

As pessoas trans nos boys love como reflexo de uma sociedade ainda transfóbica

A identidade transexual não é reconhecida legalmente na Tailândia. Em documentos oficiais, não é permitida a mudança para o nome social, além de que certas características de corpos trans são caracterizadas como “irregulares” e “indesejáveis” para a execução do serviço militar. 

A questão corporal e de reconhecimento de gênero é um obstáculo também para pessoas intersexo, que, apenas após a manutenção de um de seus órgaõs reprodutivos, mediante intervenção cirúrgica, é que podem receber um título legal que ateste a sua identidade de gênero. 

Como reflexo de uma marginalização extrema, as pessoas trans tendem a assumir papéis meramente humorísticos nas séries boys love, ou ainda personagens que causam uma crise de identidade em personagens cisgênero em relação às suas orientações sexuais. Um exemplo recente disso é a série My Ride (K10 Global Content Co., Ltd, 2021), que se refere a uma mulher trans como homem, pois seu nome morto ainda constava em seus documentos. 

Na análise da Central Boys Love, embora gradual, pode-se perceber melhorias nas séries: “[em BLs] é muito fácil retratar a mulher trans como assediadora, como a ‘inconveniente’ da série. Isso tem mudado nos últimos dois anos, vemos personagens trans secundárias que não tem esse perfil. Ela pode ser amiga do protagonista ou a empresária que vai contratar o personagem. Isso está melhorando também porque têm diretoras transgênero fazendo BLs, então ter uma pessoa que é desta letra da sigla por trás das câmeras acaba melhorando o retrato.” 

O ativismo LGBTQIAP+: quando ficção e realidade inspiram-se

Na série Not Me (GMMTV, 2021) foi introduzida uma cena de protesto que manifestava apoio ao casamento homoafetivo e a outros direitos LGBTQIAP+. Na ocasião, o casal principal da série comparece a esse ato, inspirado por protestos reais que aconteceram em  2020 e 2021 a favor da democracia e de uma nova constituição na Tailândia. 

Nos últimos dois anos, estes protestos tiveram forte presença no cenário social tailandês. Ladyboys, trabalhadores do sexo e estudantes se reuniram para reivindicar, novamente, direitos iguais no casamento. 

O tópico da união estável para pessoas do mesmo gênero tem recebido mais atenção, visto que, nos últimos anos, o sistema legislativo tailandês demonstrou tímidos indícios de uma mudança nessa questão. Em 2022, essa temática foi retomada com a aprovação, em 7 de junho, por parte do gabinete tailandês, do Projeto de Lei de Parceria Civil, que reconhece a união legal de casais homoafetivos. 

A primeira aprovação do projeto aconteceu em 2020, mas voltou ao Ministério da Justiça para ser reavaliado em sua necessidade. Agora, em um novo rascunho, será votado novamente e pode levar a Tailândia a ser a segunda nação asiática a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 

Alguns ativistas tailandeses apontam que, mesmo com a possibilidade de aprovação da lei, a “discriminação disfarçada” continua acontecendo, sobretudo pelo fato da lei tratar esses casamentos como “parcerias civis”. Essa alteração no modo como casais homoafetivos são chamados, e até tratados na sociedade, é uma forma de segregá-los dos casais heteroafetivos. 

Além disso, não há a concessão de todos os direitos adquiridos pelo casamento, além de taxas mais altas cobradas a casais homoafetivos para certas medidas, como o registro da união fora de cartório e emissão da segunda via da certidão de casamento. A oposição tailandesa tem lutado para que a lei garanta a igualdade em todos os termos. 

No mundo dos boys love, essa reivindicação também tem voz. Na obra Cutie Pie (Mandee, 2022), o protagonista Nu-Kuea marca o fim da série com a seguinte frase: “O amor não é só casar. É sobre direitos humanos e igualdade. É o que todos nós merecemos. Pode não existir nessa sociedade ainda, mas espero que, um dia, tenhamos direitos iguais.” 

Pedido de casamento no final de Cutie Pie. [Imagem: Reprodução/Youtube]

Em junho de 2022, Bangkok teve sua primeira parada do orgulho em 16 anos: a Bangkok’s Naruemit Pride. A palavra tailandesa naruemit quer dizer “criação”, e levantou pautas como o casamento igualitário e os direitos dos trabalhadores do sexo. Como símbolo dessa luta, o casal Anticha Sangchai e Vorawan Ramwan realizou sua cerimônia de casamento em meio aos acontecimentos da parada. 

A forte mobilização tailandesa resulta em grandes protestos e passeatas na capital Bangkok, e conta com a participação de membros de embaixadas internacionais, por exemplo do Reino Unido.  [Imagem: Reprodução/Twitter]

 

Meses antes, em abril, acontece a festa do Circuito Gay Songkran Bangkok, durante o tradicional feriado do ano novo tailandês, o que torna tudo ainda mais significativo: em momentos em que toda a nação celebra sua própria cultura e valores, a comunidade LGBTQIAP+ se reúne para ser reconhecida em sua grandiosidade, como parte significativa da população e nação tailandesas. 

As ações da comunidade também se destacam com contestações para além das fronteiras da Tailândia. Em 2019, Brunei estabeleceu o apedrejamento como forma de punição contra homossexuais, notícia que mobilizou cidadãos tailandeses preocupados com a afronta aos direitos LGBTQIAP+ dentro da Ásia e também no mundo. 

Assim como o ativismo real foi modelo para representações televisivas, a exemplo de Not Me, o contrário também pode acontecer: estampar causas tão importantes em produtos culturais que têm grande alcance do público é uma forma direta de conscientização, desde que representadas de forma fiel. “Não dá pra negar que a segunda emissora mais importante do país transmitindo um drama de romance gay às 8 horas da noite vai gerar um impacto na população”, opina a Central Boys Love

A arte como recurso para quebrar estereótipos 

Com uma presença grande de mulheres heterossexuais na escrita e na direção de roteiros de boys love, tem-se a reprodução de estereótipos sobre relacionamentos homoafetivos, além de uma sexualização desnecessária dos corpos masculinos e das relações homoeróticas. Esse problema é apontado com frequência por espectadores e fãs, que desejam superar a superficialidade e mergulhar em histórias mais representativas.

Em razão disso, a presença de pessoas LGBTQIAP+ na liderança dessas produções é essencial para que as narrativas sejam contadas de forma respeitosa, fugindo de possíveis caricaturas que enfraqueçam os discursos e lutas a favor da comunidade. 

Os últimos anos na indústria BL têm se mostrado prósperos para essa experiência. O BL Not Me, por exemplo, é dirigido por Anucha Boonyawatana, uma mulher trans. A narrativa, além do romance, é uma grande crítica ao sistema legal e judicial tailandês, e aos abusos de poder, sobretudo contra a comunidade LGBTQIAP+. 

A criação da personagem Nuchy, também mulher trans, não recorre ao clássico papel de alívio cômico que geralmente as personagens trans assumem nos boys love. Nuchy tem protagonismo em cenas importantes para o desenvolvimento de outros personagens e das articulações sociais abordadas na série. 

Do mesmo modo, o sétimo episódio da série gira em torno de uma onda de protestos pela alteração da lei que não reconhece os casamentos homoafetivos. Uma campanha real é divulgada no capítulo, cujo objetivo é reunir assinaturas para demonstrar o apoio popular a essa causa, além do aparecimento de ativistas reais nas filmagens, como Ms. Waaddao, líder da Frente de Libertação Feminista (em tradução livre). 

Outro diferencial da obra é a abordagem das causas de pessoas com deficiência auditiva, simbolizada pela mãe do personagem Yok, com críticas ao mercado de trabalho capacitista. 

As cenas com a personagem foram gravadas na linguagem de sinais tailandesa e acompanhadas de legendas em tailandês. [Imagem: Reprodução/Twitter]

Bad Buddy, outra série da mesma companhia, aborda um romance que quebra com estereótipos comuns em BLs, como a negação opressora da própria orientação sexual, a denominação “esposa e marido” em relações homossexuais. Além disso, a BL apresenta a inclusão de personagens femininas autênticas e com suas próprias histórias, fugindo da tendência de retratá-las como meros obstáculos para o casal homoafetivo principal. 

O diretor de Bad Buddy, Aof Noppharnach, membro da comunidade LGBTQIAP+ e idealizador dessas mudanças comenta que “quanto à série BL, tenho tentado encontrar uma maneira de propor nossas reivindicações ou qualquer coisa que possa ser benéfica para as pessoas da nossa comunidade, sem deixar a magia do BL para trás”. 

Jamais esquecer da luta na vida real

A transformação social, inclusive dentro da própria Tailândia, pode atingir novos patamares com a representação nos boys love, embora ainda se trate de apenas uma letra da sigla. “A gente pode questionar se isso [indústria BL] está gerando um espaço só pros gays, só para homens que gostam de homens, já que o resto da comunidade não tem tanto espaço”, afirma Central.   

A conquista real de direitos civis está a cargo da população local tailandesa e não se pode apagar todo o histórico de lutas e ativismo. Afirmar que os BLs iniciaram um processo de revolta contra a LGBTfobia no país e a falta de direitos seria errôneo e até insensível. No entanto, é de suma importância que essa representatividade seja garantida dos bastidores até os holofotes, representando pessoas LGBTQIAP+ na mídia para fortalecer a luta e alterar, pouco a pouco, o status quo que silencia e oprime essa comunidade. 

“Muitos não conseguem entender a comunidade LGBT+ por não terem tido contato. O contato que tiveram foi um moralista, de que aquilo era algo errado. No momento em que as pessoas têm acesso, quando elas veem como funcionam as relações homoafetivas, o tema é trazido para debate.”, conclui Caur. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima