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Convite para cair na estrada – e desbravar duas Américas

Mariana Franco As férias já acabaram, e aí bate aquela vontade de fazer (e ter feito) alguma coisa, viajar, se divertir. Agência de viagens, avião, hotel e guia turístico pode ser o mais comum, mais prático, mais seguro. Mas nada como botar, de verdade, o pé na estrada. Calça jeans velha e surrada, a vida …

Convite para cair na estrada – e desbravar duas Américas Leia mais »

Mariana Franco

As férias já acabaram, e aí bate aquela vontade de fazer (e ter feito) alguma coisa, viajar, se divertir. Agência de viagens, avião, hotel e guia turístico pode ser o mais comum, mais prático, mais seguro. Mas nada como botar, de verdade, o pé na estrada.

Calça jeans velha e surrada, a vida com o pouco que se pode levar sobre duas rodas, a liberdade do vento batendo no rosto, a estrada à frente com as mais diversas paisagens, as aventuras que se escondem atrás de cada curva: o suficiente para se compor uma epopéia – ou um bom road movie.

Além de tudo isso, é preciso, evidentemente, um bom roteiro de viagem. Os roteiros aventureiros interessantes podem ser muitos, mas alguns são especiais. Que tal conhecer dois dos mais famosos, que inspiraram dois grandes filmes e muitos aventureiros de verdade que os seguem até hoje? Longas viagens de descobrimento de um continente: duas rotas diferentes de travessia da América.

A primeira travessia da América é na verdade a travessia dos Estados Unidos. De costa a costa, oeste a leste, no caminho inverso do que fizeram os colonizadores. Partimos em duas Harleys Davidsons estilo chopper, a Capitão América e a Billy Bike – talvez as mais famosas do mundo – como fizeram Dennis Hopper e Peter Fonda em Easy Rider – Sem Destino.

Saímos de Los Angeles, Califórnia, em direção ao interior. Uma parada em Las Vegas, para curtir a noite e seus infindáveis cassinos é imprescindível. Seguimos pelas estradas do Arizona e Novo México. São grandes retas cortando o plano deserto americano. Paisagens irrestritas para pensamentos e ações.

O mais clássico cenário dos road movies: viajar por essas estradas é entrar em contato com o conceito de liberdade em seu estado mais puro. Tomamos a Hwy 160 para uma parada na pequenina cidade de Taos, Novo México, onde Dennis Hopper morou por 15 anos, e onde foram rodadas algumas cenas do filme. Lugar para curtir a culinária local, desde tortas de maçã quentinhas ao apimentado tempero da comida mexicana.

estrada em taos, novo méxico

Seguimos cortando o grande estado do Texas. No fim dos anos 60, quando Easy Rider foi rodado, Hopper, o diretor, foi aconselhado a não filmar no estado devido à grande violência que lá estava ocorrendo. Nada, entretanto, o fez mudar de idéia. As paisagens texanas continuam, então em nosso roteiro.

Seguimos pelas margens do Mississipi, entrando na Louisiana. Depois de tanta estrada, terminamos a viagem em, é claro, festa! Chegamos em New Orleans a tempo de apreciar os desfiles de mascarados do festival de Mardi Gras, uma espécie de carnaval. Mas sem samba ou (alegre-se!) axé.

Se no primeiro roteiro exercitamos o nosso inglês, agora é hora de apostar no “portunhol”. Uma viagem de descobrimento da América do Sul. Vamos na garupa de Ernesto Guevara de La Serna (Gael Garcia Bernal) e Alberto Granado (Rodrigo de La Serna). Se antes viajávamos confortavelmente em duas Harleys, agora
nos aventuramos ainda mais em uma Norton 500 modelo 1939. Caindo aos pedaços. É “La Poderosa”!

Essa viagem, verdadeira, é contada nos livros “Notas de Viaje”, de Che Guevara e “Con El Che por Sudamerica”, de Granado. A partir das memórias desses livros, foi retratada por Walter Salles no filme Diários de Motocicleta.

Saímos de Buenos Aires, Argentina. Um pequeno desvio de rota até Miranmar, Argentina, para aproveitar a bela estância “suíça” em pleno país hermano. A propriedade é dos pais de Chinchina, namorada de Ernesto. De volta à estrada, a viagem começa de verdade.

A passagem pela Patagônia, Argentina, é marcada por estradas de terra e paisagens rurais. Seguimos pela região dos lagos, tomando cuidado com o frio e o vento que acometem  a área. Temos uma rápida passagem por Bariloche, apenas para descansar pela noite.

Passamos para o Chile atravessando o Lago Frías. Começamos então a subir a Cordilheira dos Andes, com previsão de muito frio e até mesmo neve. As paradas nas pequenas cidades como Tenuco e Los Angeles podem ser boas para cortejar as belas chilenas ou só conhecer as pessoas da cidade. A essa altura da viagem, nossos companheiros Ernesto e Alberto perdem a sua Poderosa, mas com sorte nós podemos ir numa moto mais nova e menos remendada. Descendo as ladeiras tortuosas de Valparaíso, Chile, paramos um pouco para preciar a paisagem à beira do lago às margens do qual está a cidade.

Seguimos por regiões áridas e cada vez mais altas até a entrada no Peru. Encontramos no caminho muitos indígenas. Chegando ao ponto alto de nossa viagem temos Cuzco, antiga capital do Império Inca, com seus muros de pedra. Aproveitamos para conversar com os nativos e aprender a mascar folhas de coca. Logo em seguida, por escadas tortuosas, temos a grandiosidade de Machu Picchu, a cidade sagrada dos incas. “É possível sentir nostalgia de um mundo que você não conheceu?” É o que se pergunta Ernesto, percorrendo as ruínas da cidade.

Continuamos a jornada até a capital, Lima. Hora de se  recompor na “civilização” para mais um trecho de estrada. Ou melhor, de rio, porque agora pegamos carona no Amazonas até o leprosário de San Pablo, na amazônia peruana. Ok, talvez você não tenha tantos instintos médicos e queira pular essa parte da viagem. Então atravessamos rapidamente a Colômbia e seguimos direto para Caracas, Venezuela. Lá, depois de tanta estrada, (afinal são 12425Km) acho que você vai concordar comigo em tomar um avião para casa, não?

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