Ricky Hiraoka
Anne Hathaway apareceu para o mundo na pele de Mia Thermopolis, menina que descobre ser uma princesa de verdade na comédia adolescente O Diário da Princesa. Desde então, a atriz, apesar de ter atuados em alguns dramas, entre eles Brokeback Mountain, só se destacou em comédias como O Diabo Veste Prada e Agente 86. A escolha de Hathaway por interpretar a viciada em drogas Kym no longa O Casamento de Rachel demonstra seu interesse em mostrar que é capaz de ir além dos limites impostos por roteiros engraçadinhos água-com-açúcar.
O Casamento de Rachel é o primeiro grande passo de Hathaway para se firmar como atriz séria. A atriz ainda explora o filão de comédias (recentemente, ela estrelou Noivas em Guerra ao lado de Kate Hudson). Ter um pé nas comédias de apelo popular e outro pé em filmes cabeça que proporcionam grandes interpretações é uma opção inteligente para manter o status de estrela, ganhar dinheiro e ainda chamar a atenção da crítica. Antes de Hathaway, figurinhas carimbadas de comédias românticas como Sandra Bullock e Meg Ryan tentaram seguir esse caminho, mas sem sucesso. Hathaway não é só mais bonita que essas atrizes como também tem mais presença em cena, o que pode ser comprovado em O Casamento de Rachel.
No filme, a atriz dá vida a Kym, uma viciada que sai da clínica de reabilitação para ir ao casamento de sua irmã, a Rachel que dá nome ao filme. Nos primeiros minutos da película somos apresentados ao mundo caótico e à família desestruturada que Rachel deixou do lado de fora da clínica. Sempre com a câmera em mãos, artifício comum em filmes independentes, o diretor Jonathan Demme mostra personagem por personagem e como cada um deles interfere nos problemas de Kym, compondo uma atmosfera familiar asfixiante. Como é de se esperar, Kym tem contas a acertar com seus familiares e precisa cuidar de feridas que ainda estão abertas. Hathaway se sai bem e convence no papel da rebelde drogada. A cada gesto, ela desconstrói a imagem de moça certinha que os outros filmes ajudaram a criar. O resultado é soberbo.