Dois irmãos gêmeos, dois companheiros de viagem, dois filhos rumo ao enterro da mãe. Este é o enredo do filme Me dê a mão (Donne-moi La main. França/Alemanha) de Pascal-Alex Vincent que, sem pretensão documental, traz à tela um pouco da realidade de dois jovens interpretando a si mesmos.
O diretor conhecia os irmãos Alexandre (Antoine) e Victor Carril (Quentin) por morar no mesmo bairro e pelas suas constantes brigas (responsáveis pela cicatriz no rosto de Alexandre Carril, que vive Antoine) e se interessou pela história ao perceber a forte relação entre eles. Ouviu suas histórias antes das filmagens e conseguiu levá-las à tela sem apegos a roteiro ou ao propósito de fazer um “drama psicológico”, como disse à platéia, ao apresentar o filme antes da exibição no CINESESC.
As escolhas do diretor por filmar uma história baseada na vida real e colocar esses mesmos personagens reais na tela, por gravar em ordem cronológica, seguindo o mesmo trajeto da viagem dos irmãos (e ao mesmo tempo não adotar uma perspectiva realista), por não se negar a dramatizar a obra tornam o filme inovador. A cena inicial é característica dessa mistura entre realidade e ficção. O diretor, que já trabalhou com distribuição de filmes japoneses e tem um curta de animação, introduz a situação dos gêmeos antes da viagem ao enterro da mãe, que nunca conheceram, com uma animação.
No longa, é difícil saber o que é verdade ou o que não é, mas essa parece não ser a questão. O fundamental é o que está na tela: a interessante relação dos personagens e a força da história. Ainda mais: uma bela fotografia, feita com iluminação natural, que realça a beleza das locações e dos personagens.
O filme faz parte do Festival Mix Brasil, em cartaz até domingo (22). Confira a programação no site: www.mixbrasil.org.br