Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

‘Eu Nunca..’ chega à sua quarta temporada: Um adeus ao ensino médio e às telas

Fase final da série revela emocionante jornada da protagonista rumo à universidade, e, apesar das idealizações, faz o público se identificar
Por Sarah Kelly (sarahkelly@usp.br)

Seja para a alegria daqueles que aguardam uma continuação há um ano ou para a tristeza dos que não querem uma conclusão, a temporada final de Eu Nunca… (2020-2023) chegou à Netflix na última quinta-feira (8). Ela dá prosseguimento à trama de Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan), garota indiana que vive em Los Angeles e busca um ponto de equilíbrio entre suas tradições familiares e seus interesses típicos de adolescente. Com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, site que agrega avaliações de críticos de cinema e televisão, a temporada aumentou a média já bem-sucedida de 94% das temporadas anteriores para 95%. Isso fez com que a comédia romântica se consolidasse, merecidamente, como uma das séries teens mais bem avaliadas de todos os tempos.  


“Srta. Warner: Não é o fim do mundo.
Devi: É sim, srta. Warner… É o fim, sim.” 

Eu Nunca…

Dessa vez, nos é apresentada uma Devi ainda impulsiva, porém mais experiente, que terá que lidar com muitos desafios em seu último ano do ensino médio. Enquanto vive a incerteza da inscrição em sua faculdade dos sonhos, a Princeton University, a protagonista ainda lida com dramas amorosos inesperados. O que é certo é que mais uma vez as aventuras fazem o público rir pela sua descontração e também chorar ao gerar identificação com as dificuldades do crescimento. Além disso, a diversão da série é potencializada com as icônicas narrações de John McEnroe e Gigi Hadid, no caso do episódio sete que mostra a perspectiva de Paxton.

Uma montanha russa de emoções aguarda o Team Ben (Jaren Lewison), grupo de pessoas que apoia o relacionamento de Devi com seu inimigo acadêmico [Imagem: Divulgação/Netflix]

Espaço para outros personagens e problemas no roteiro

Um ponto positivo da nova temporada é um desenvolvimento ainda maior de personagens secundários, mas de forma limitada pela proposta de episódios curtos da série. Os conflitos de Fabiola (Lee Rodriguez), Eleanor (Ramona Abish Young) e Paxton (Darren Charles Barnet) são mais explorados. Porém, um enfoque inesperado é dado às mulheres por trás de Devi: sua avó Nirmala (Ranjita Chakravarty), sua mãe Nalini (Poorna Jagannathan) e a prima Kamala (Richa Moorjani). 

A vovó Nirmala rouba a cena com sua espontaneidade, e, apesar das piadas de tom levemente sexual que podem causar constrangimento, sua presença é essencial, especialmente nas cenas dramáticas. Nalini também tem uma aparição de suspirar, com mais cenas de sermão para a filha e um novo par romântico depois de anos em luto pelo pai de Devi. Já o caminho dado pelo roteiro à Kamala é confuso e sem sentido, mas nos últimos episódios tudo é solucionado milagrosamente. O que parece é que tentaram criar com Kamala um alívio cômico e um pequeno suspense, mas a tentativa foi mal planejada e poderia ter sido substituída por um aperfeiçoamento da personagem.

A dinâmica de quatro mulheres indianas de diferentes gerações que vivem na mesma casa é definitivamente interessante de ver [Imagem: Lara Solanki/Netflix]

Diferentemente da segunda temporada, a narrativa não aborda temas polêmicos de forma insensível. Mas persistem os problemas estruturais de conflitos resolvidos com pouco desenvolvimento, como na última temporada. Exemplos disso são as transgressões cometidas por Ethan (Michael Cimino), as quais não chegamos a ver consequências significativas. Essa rapidez do roteiro se repete em outras produções adolescentes da Netflix e chega a parecer proposital. 

Ethan é o novo galã e bad boy de Eu Nunca…  [Imagem: Divulgação/Netflix]

Outra problemática que pode incomodar é a aparição irrelevante de Aneesa (Megan Suri), que novamente não teve qualquer aprofundamento e se resumiu a uma “amiga da Devi”. Por outro lado, outros personagens conseguem deixar sua marca mesmo com poucos minutos de tela. Exemplos disso são Trent (Benjamin Norris), com sua divertida irreverência, e Eric (Jack Seavor McDonald), que teve crescimento na temporada ao ser mentorado por Paxton.

A amizade do trio Devi, Fabiola e Eleanor comove ao resistir a crises e divergências [Imagem: Divulgação/Netflix]

Quem nunca se sentiu perdido?

O grande arco da temporada é a tomada de decisões com impacto no futuro, que não se limitam aos estudantes do ensino médio e abrangem também os adultos. Somos apresentados a um Paxton que desistiu da faculdade e volta para trabalhar na escola onde estudou, sem perspectiva de seus próximos passos. Já Eleanor lida com as dificuldades de quem quer seguir carreira artística e Fabiola não sabe onde irá estudar. A amada e odiada Devi percebe que alcançar sua faculdade dos sonhos é mais difícil do que pensava. No quinto episódio, quando os alunos da Sherman Oaks visitam a cidade de Nova York,  é particularmente fascinante a jornada de Devi e Ben, que são surpreendidos com o quão assustadora pode ser a vida depois da escola.

Você é jovem demais para ser um fracasso (…) É muito assustador ter a vida inteira pela frente e sentir que precisa ser perfeito. (…) Talvez [a lição seja] se libertar de quem você era e descobrir quem você quer ser.”
June Hall-Yoshida (Kelly Sullivan)

Tal narrativa é extremamente importante para a identificação do público, que já passou ou irá passar por situações semelhantes. A transição da adolescência para a juventude e as demais fases da vida não são fáceis, e Eu Nunca… acerta ao abordar o tema de maneira leve. O drama, inspirado na vida da criadora Mindy Kaling, traz atores da faixa etária correta e personagens que têm vidas comuns para a idade, o que é incomum em produções do gênero, mesmo com as idealizações narradas em suas histórias. Além disso, a série é uma boa influência ao retratar as sessões de terapia de Devi, que ajudaram a protagonista a enfrentar seus dilemas, como afirmou um internauta:

De forma geral, Eu Nunca… é uma série que vale a pena ser maratonada. Quem assistiu às três primeiras temporadas não pode deixar de ver o desfecho digno da saga.  Seja pelas decisões estúpidas, a descoberta de si mesmo, os sonhos sensuais, as mentiras para os pais, ou as boas referências à cultura pop, o espectador irá se reconhecer ao assistir. Entretanto, para aqueles que não assistiram as temporadas anteriores e se irritam facilmente com conflitos que poderiam ser solucionados com diálogos, talvez a série não seja uma boa escolha.     

O final decepcionou parte dos fãs por sua previsibilidade e por não condizer com as expectativas dos telespectadores, mas a série continua sendo uma das melhores, senão a melhor, série adolescente para a Geração Z. Por enquanto, a última despedida acontece nessa temporada, felizmente contrariando a tendência de cancelamento das produções da Netflix. Porém, a última fala do narrador dá margem para um possível spin-off

Assista a série clicando aqui ou confira o trailer:

*Imagem de capa: Lara Solanki/Netflix

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima