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Locomotiva Festival: Tradição encontra inovação musical em Piracicaba

Perdeu o festival? Gostaria de ter ido? Confira tudo que aconteceu durante os dois dias de shows!

O Festival Locomotiva aconteceu nos dias 8 e 9 de outubro de 2022 e contou com seis shows em cada dia. Seguindo a tradição, a convocação dos artistas mirou em nomes nacionais e expoentes no cenário de música alternativa do Brasil, excepcionalmente da cena paulista. 

O primeiro show começou às 14h do dia 8, sábado, mas o espaço já estava liberado para uso desde antes. O festival contou com DJs tocando antes e entre os shows e variadas opções de bebidas e alimentação. Sem muitos atrasos, o festival se iniciou de maneira definitiva com o show da banda Chão de Taco.

Chão de Taco

A Chão de Taco, que em seus primeiros passos se apresentava com o nome Versa, é uma das bandas mais promissoras do cenário piracicabano. Ao lado de outros grupos como Yamasasi, glover. e Odradek, a Chão de Taco representa um respiro de ar fresco sobre o clima seco do interior paulista. O Locomotiva foi o primeiro festival onde a banda tocou e, segundo o baterista Will Baldine, por isso, “ao mesmo tempo em que abre o leque de bandas ‘consagradas’ que chegam à cidade, também dá oportunidade para uma galera daqui”, conta JP Matos, guitarrista e vocalista da banda. “Eu acho que é algo que está presente em todas as edições do festival; toda edição tem presença de bandas locais e eu acho que vai continuar sendo assim.”

Banda Chão de Taco; da esquerda para a direita, Will Baldini, Julia Campacci, Ricardo Bombem e JP Matos [Imagem: Reprodução/Instagram]

Além de festival, esse ano o Locomotiva se tornou também uma gravadora. Sob o nome Locomotiva Records, o selo recém-formado já apresenta um casting de artistas como Muñoz, duo de Blues/Stoner Rock, Zona9Meia, coletivo de Hip-Hop e a própria Chão de Taco, cujo contrato foi o terceiro a ser assinado. O grupo espera que mais bandas locais passem a ser contempladas pela gravadora, aumentando, assim, o alcance dos talentos que compõem a cena de música alternativa da qual fazem parte.

Os Entre Shows

A cervejaria Cevada Pura, que abrigou o evento, é dividida em dois amplos ambientes: um coberto e um externo, ao ar livre. Enquanto os shows aconteciam no ambiente aberto, que é maior, o galpão abrigava as lojinhas e os carrinhos de alimentação, além de um estúdio de tatuagem, que vendia flashes por um preço bastante razoável.

Já para manter a barriga cheia, havia a hamburgueria da própria cervejaria, um carrinho da pizzaria The Pizza Map, a venda de sorvete Stab e o Casarinho, versão reduzida do tradicional Casarão Music Studio, de Piracicaba, que vendia nachos e burritos.

Eram vendidos também, como se esperaria de uma cervejaria, diversas opções de cervejas artesanais, além de chopp, gin tônica e opções sem álcool. Então, depois de se deliciar com a variedade de opções, o público voltou ao ambiente externo para assistir ao próximo show:

Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo

Sophia Chablau apresentou Delícia/Luxúria, de seu álbum de estreia [Imagem: J. Perossi]

A banda Indie Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo vem se destacando no cenário nacional pela junção dos vocais de Sophia com a sincronia invejável do resto do grupo: Téo Serson no baixo, Theo Cacato na bateria e Vicente Tassara tocando guitarra e teclado.

O último álbum da segunda atração do Festival foi produzido por Ana Frango Elétrico, compositora carioca premiada e indicada ao Grammy Latino por seu segundo álbum, e a influência sonora da veterana é bastante evidente. Com um som divertido, dançante e bastante irônico, o show teve como temática, além da paixão e sexo, também as eleições deste ano.

PLUMA

A banda PLUMA toma os palcos com riffs etéreos e dançantes [Imagem: Otávio Aguiar]

Depois de um breve intervalo, foi a vez de PLUMA, a banda de Dream Pop formada por Diego Vargas no sintetizador, Guilherme Cunha no baixo, Lucas Teixeira na bateria e Marina Reis com vocais quase idílicos. O grupo, que começou como um projeto de conclusão de curso da faculdade de Produção Fonográfica, trouxe um repertório complexo que dançava entre o Dream Pop, o Jazz Contemporâneo, o Indie Rock e o Neo Soul. As luzes no palco, em hipnóticos tons pastéis, ajudaram a criar uma atmosfera de sonho que durou do começo ao fim do show.

Gorduratrans

Shoegaze melancólico e atmosférico preencheu o ambiente no show da banda Gorduratrans [Imagem: Otávio Aguiar]

Após mais um pequeno intervalo, foi a vez da banda de shoegaze carioca Gorduratrans subir no palco do Locomotiva. A banda, que começou em 2015, voltou a tocar ao vivo para promover o lançamento do terceiro disco de estúdio, Zera

Como já esperado de uma banda de Shoegaze, o show contou com riffs avassaladores de guitarra, escritos por Felipe Aguiar, bastante distorção e um som bem alto, que estabeleceu um ambiente belo, mas ao mesmo tempo melancólico e sombrio. Os vocais se misturavam às cordas e à bateria, contribuindo para a construção sonora incrível de Gorduratrans.

Far From Alaska

Far From Alaska entrega um show descontraído, mas eletrizante até a última música [Imagem: J. Perossi]

Depois do show opressivo e transcendental da banda carioca, subiu ao palco a banda natalense de Stoner Rock, Far From Alaska. Ela é composta por Emmily Barreto nos vocais, Cris Botarelli no baixo, sintetizador e lap steel, e o guitarrista Rafael Brasil. 

Com um setlist formado por músicas do primeiro álbum, Modehuman, do segundo, Unlikely, além do single How Bad Do You Want It, composto para a abertura do Campeonato Brasileiro de League of Legends 2019, a banda fez um show potente, mas bastante descontraído também. Perto do final, o grupo anunciou que era aniversário de Cris, e a plateia inteira cantou “parabéns para você”.

Black Pantera

Black Pantera finalizou o primeiro dia de forma agressiva [Imagem: Otávio Aguiar]

Às 21h10 a plateia até parecia cansada, mas havia ainda vigor de sobra para curtir o show do Black Pantera, banda de Hardcore mineira formada por Charles Gama na guitarra e no vocal, Chaene da Gama no baixo e Rodrigo “Pancho” na bateria. 

Com riffs pesadíssimos, vocais urrados e solos eletrizantes, a banda uniu todos que assistiam em um único ideal: a luta antirracista. Músicas icônicas como A Carne e Fogo nos Racistas ressoavam altas das caixas de som enquanto a plateia formava rodas punk e descarregava toda a energia com empurrões.

De tirar o fôlego, o show do Black Pantera, apresentado pela Kapivara Fest, fechou com chave de ouro o primeiro dia de festival.

Bashi

Bahsi abre o segundo dia de shows ao lado de seu fiel escudeiro [Imagem: Otávio Aguiar]

O segundo dia do festival foi iniciado com o show do cantor Bahsi. Acompanhado de Juca Natal no baixo e Marcelo Bonin na bateria, Bahsi abriu a parte dois do Locomotiva da forma que era esperada: trazendo composições coloridas e dançantes, o artista piracicabano botou o público para dançar já na primeira música. Os tons suaves de guitarra, que por vezes chegaram a remeter às praias de uma idílica Califórnia, agiram quase como um presságio das torrentes de chuva que viriam ao longo daquela tarde.

Magüerbes

Magüerbes vem movimentando o cenário do rock nacional desde sua concepção. Com nova formação, o grupo traz aos palcos diversas mensagens sobre a vida em suas letras [Imagem: Julia Magalhães/Divulgação]

A banda Magüerbes foi a segunda a subir no palco no dia 9. Com uma trajetória que data desde a década de 1990, o grupo encontrou no festival tanto fãs de longa data quanto novos espectadores. A apresentação, em meio ao seu caos organizado, trouxe um pouco do melhor que o Hardcore e Pop Punk nacional têm a oferecer.

Odradek

Odradek é Caio Gaeta, Tomas Gil e Fabiano Benetton [Imagem: Divulgação]

Após uma sequência de grandes shows que inclui a abertura para Delta Sleep, banda britânica de Math Rock, e uma pequena turnê pela Inglaterra que incluiu um show no festival Arctangent, o maior festival de Math Rock do mundo, o retorno da Odradek aos palcos brasileiros não poderia ser em outro lugar além de sua terra natal. A banda trouxe ao festival músicas de seu último álbum de estúdio, Liminal, que mostra tanto sua evolução sonora ao longo dos anos quanto a fidelidade a suas raízes. Fugindo da estrutura do álbum anterior, Pentimento, que intercalava entre músicas instrumentais e outras com a presença de voz, Liminal é um disco instrumental com influências diversas. O show começou pouco tempo depois da chegada da chuva, que forçou o público a se aglutinar embaixo das poucas coberturas das quais dispunha o local.

Bebé e Jadsa

Os shows que se seguiram foram os de Bebé e Jadsa, respectivamente. Bebé Salvego é uma jovem piracicabana cuja história na música começou na infância. Acompanhada de sua banda, que tem entre os membros o irmão Felipe Salvego, Bebé trouxe ao palco do Locomotiva canções de seu álbum homônimo de 2021. O som da cantora bebe generosamente de fontes como R&B e Neo Soul, ao mesmo tempo em que faz uso de beats e outros elementos eletrônicos do Trip-hop. Somados à incrível capacidade vocal da artista, todos esses aspectos contribuem para a criação de uma paisagem sonora densa e hipnótica.

Foto promocional do álbum homônimo de Bebé [Imagem: Reprodução/Instagram]

 

Jadsa é uma cantora, compositora, produtora musical e guitarrista baiana. Em 2021, lançou seu disco de estreia, Olho de Vidro, depois de dois EPs curtos. O álbum foi bem recebido pelos portais nacionais de música independente e transformou a artista em um dos nomes de destaque nos circuitos de shows e festivais brasileiros. O talento de Jadsa na guitarra e nos vocais é evidente e, quando presenciado em pessoa, tem força mais do que suficiente para explodir a mente dos desatentos. Acompanhada de uma banda formada por músicos que mostram conforto e familiaridade com o palco – entre eles um operador de microfone, que cuidava dos efeitos sonoros e de voz –, e de um excelente trabalho de luzes que se encaminharam gradativamente para um clímax vermelho-verde, Jadsa amaciou o palco para o último show do festival.

Ensaio de Jadsa para o lançamento de seu álbum de estreia [Imagem: Reprodução/Vírgula]

Menores Atos

A banda carioca Menores Atos encerrou o festival com maestria. O show, repleto de riffs melódicos em fórmulas de compasso ímpares e vocais ora aveludados e ora ríspidos, trouxe para o palco do Locomotiva a catarse que vinha sendo esperada ao longo dos dois dias. O setlist foi o mais longo da noite, se estendendo por cerca de uma hora e, ao tocar clássicos de sua carreira como Passional e Devagar, o grupo transformou a pista em um desfile de emoções. O público cantava as músicas em uníssono, o mais alto possível. Foi uma conclusão à altura do que se esperava do festival.

Menores Atos, headliner do festival, é Cyro Sampaio Celso Lehnemann e Ricardo Mello [Imagem: Julia Magalhães/Divulgação]

O Festival

A primeira edição do Festival Locomotiva aconteceu em 2016 no Engenho Central, um dos pontos turísticos mais conhecidos de Piracicaba. É lá onde tradicionalmente se encena todos os anos a Paixão de Cristo da cidade, além de ser a sede de outras festividades como a Festa das Nações. Esse ano, o Engenho será o berço de outro festival, o estreante Kapivara Fest

O Locomotiva realizou também uma edição 2018 e outra 2019, que trouxeram bandas e artistas internacionais como Hate Moss e Alfonsina. A pandemia de Covid-19 impediu a edição de 2020, e forçou a de 2021 a voltar apenas online. Em 2022, o Festival tinha a missão de mostrar que, apesar do baque, a magia da música ao vivo permanece.

O Festival se apresentou esse ano como uma versão menor de si mesmo, mas ainda assim bastante potente. São poucos os eventos de música do interior de São Paulo que dão espaço para bandas independentes, e, após dois longos anos de restrições, o público segue sendo o carvão que mantém a Locomotiva rodando.

Imagem de capa: Reprodução/Instagram

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