por Bruna Nobrega
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A câmera acompanha os passos de dois funcionários enquanto um deles apresenta o prédio e todas as novas funções que o outro terá no trabalho. Cada parte do edifício é mostrada de uma maneira que o espectador fica imaginando o que irá acontecer lá durante o resto do filme e qual será o papel do novo segurança nisso tudo. Há o poço onde um homem quase se suicidou e, durante a explicação, há até uma pequena invasão ao prédio. Mas essas são expectativas infundadas: essa é a primeira e praticamente última cena dos seguranças nas Torres Mercuriales.
Apesar disso, é nesse edifício que as protagonistas Joane e Lisa se conhecem. Lisa é uma menina que acabou de se mudar para Paris e ainda não fez muitas amizades, enquanto Joane trabalha no Mercuriales, mas alimenta o sonho de ser uma dançarina famosa. Suas histórias incomuns se juntam e, aos poucos, elas se tornam melhores amigas.
O que o filme nos apresenta, então, são cenas diversas do cotidiano das duas. Elas cuidando da filha da colega de quarto de Joane, saindo para passear, fumando enquanto conversam sobre a vida e mais diversos outros momentos que compõem o dia-a-dia de ambas. No começo, essa é uma boa forma de apresentar as personagens e sugerir quais caminhos elas irão tomar no desenrolar do filme, mas, após uma hora, essa saga de cenas cansa e o espectador busca qual vai ser o enredo principal que levará ao clímax e ao final do longa.
Esse enredo principal, no entanto, não acontece. Durante os seus 108 minutos, o filme continua como se fosse um documentário da vida das jovens na Paris de 2014, e não um filme de ficção. Além disso, apresenta diversas cenas metafóricas com imagens desconexas e repetição de falas que, muitas vezes, são difíceis de serem entendidas por um espectador acostumado com os grandes blockbusters americanos, apesar de serem muito bonitas e bem montadas, visualmente.
Dessa forma, Mercuriales (Mercuriales, 2014) chama a atenção por apresentar o estranho, dificilmente já visto nos grandes filmes comerciais com os quais estamos acostumados. Entretanto, esse estranho, que instiga no começo, passa a ser cansativo e desnecessário no final e nos deixa esperando algo maior, que nunca acontece.
O longa estreia dia 18 de agosto nos cinemas. Confira o trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=wZABVRdGnN4
Boa análise!