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Nada se espalha como o medo

[Contágio] Apesar de um elenco lotado de estrelas, do quilate de Matt Damon, Kate Winslet e Gwyneth Paltrow, o protagonista de “Contágio” (Contagion), novo filme de Steven Soderbergh, é invisível e atende pelo estranho nome de MEV-1. “Contágio” é um suspense que mostra a evolução de um vírus desconhecido, altamente contagioso e letal. Obviamente inspirado …

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[Contágio]

Apesar de um elenco lotado de estrelas, do quilate de Matt Damon, Kate Winslet e Gwyneth Paltrow, o protagonista de “Contágio” (Contagion), novo filme de Steven Soderbergh, é invisível e atende pelo estranho nome de MEV-1.

“Contágio” é um suspense que mostra a evolução de um vírus desconhecido, altamente contagioso e letal. Obviamente inspirado nos recentes surtos da gripe aviária e do H1N1, não se prende aos aspectos médicos da doença, mas tenta mostrar que a disseminação do medo é tão perigosa quanto a do vírus. Mostra não apenas milhões de mortes, mas também o desespero da população e a civilidade ruindo frente ao pânico.

Com um ritmo rápido e closes prolongados em gestos rotineiros como segurar-se dentro do ônibus, beber de um copo ou tocar uma maçaneta, Soderbergh passa a ideia de que o inimigo não apenas é invisível, mas está em todos os lugares. Não há como escapar, qualquer um pode ser a próxima vítima.

Para aumentar ainda mais a tensão, dia a dia as estatísticas de mortos e infectados são atualizadas e, a cada vítima acompanhada pela história, a população de sua cidade é informada, como que para mostrar quantas pessoas podem contrair o vírus a partir de uma única.

É justamente essa proximidade com a realidade o principal fator de tensão. Não é difícil imaginar essa situação ocorrendo de verdade, ainda mais após o susto da gripe suína em 2009. Na concorrência com outros disaster films, “Contágio” sai na frente com um vírus “real”, que assusta muito mais do que ondas gigantes, zumbis ou alienígenas.

Para contar a história do MEV-1, Soderbergh teve à mão um elenco mais do que qualificado, que lembra seus trabalhos anteriores na trilogia Ocean’s 11, 12, 13 (“Onze homens e um segredo”, “Doze homens e outro segredo” e “Treze homens e um novo segredo”). Em “Contágio”, cada um dos astros representou um personagem importante para a evolução da doença. Todo o elenco trabalhou para dar cara à pandemia, para trazê-la para a realidade.

Estão todos lá: o homem comum (Damon), imune ao vírus que enfrenta a morte de sua esposa (Paltrow) e faz de tudo para evitar que a filha (Anna Jacoby-Heron) se contamine; a boa médica (Winslet) que contrai a doença tentando salvar seus pacientes; o chefe do Departamento de Controle de Doenças (Laurence Fishburne) que precisa informar a população sobre a velocidade com que a doença se espalha e a ineficácia na descoberta de um antídoto; a especialista em doenças contagiosas (Marion Cotillard) que viaja para o foco da pandemia descobrir sua causa; o conspirador (Jude Law) que pensa que tudo é um estratagema da indústria farmacêutica para vender mais de suas fórmulas.

Muita gente, não? Esse é justamente o ponto em que o filme se perde um pouco. Com tantos grandes atores, nenhum deles tem espaço para desenvolver um grande trabalho e alguns encarnam personagens descartáveis para a trama, que acabam esquecidos em algum cantão da China. Em muitos casos, é dado maior atenção a explicações científicas irrelevantes, que tomam minutos preciosos. Esse tempo poderia ser usado para fornecer mais detalhes sobre os personagens.

Não que a falta de espaço impeça Winslet e, principalmente a dupla Damon – Jacoby-Heron, de serem brilhantes em seus papéis. Mas é no mínimo interessante ver tantos bons atores juntos em um filme que procura o tempo todo ser impessoal, clínico, científico.

No fim, uma mensagem clara, bem guardada em um tubo de nitrogênio. E uma outra, bem maior, que nos faz torcer todos os dias para que o morcego e o porco errado não se encontrem jamais.

Mateus Netzel
mateusnetzel@gmail.com

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