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Não tem mais como abafar esse Fogo no Mar

por Lucas Almeida almeidalucas1206@gmail.com As luzes apagam e a imagem de um garoto começa a aparecer na tela sem nenhum tipo de aviso ou introdução. Assim começa Fogo no Mar (Fuocoammare, 2016), um documentário que retrata a vida na ilha Lampedusa, no sul da Itália — porta de entrada de imigrantes da África e do Oriente …

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por Lucas Almeida
almeidalucas1206@gmail.com

As luzes apagam e a imagem de um garoto começa a aparecer na tela sem nenhum tipo de aviso ou introdução. Assim começa Fogo no Mar (Fuocoammare, 2016), um documentário que retrata a vida na ilha Lampedusa, no sul da Itália — porta de entrada de imigrantes da África e do Oriente Médio para a Europa.

O diretor Gianfranco Rosi também é responsável pela fotografia, e é conhecido por não gostar de apresentar seus personagens. O longa não tem entrevistas, marcações de nomes de pessoas ou lugares, simplesmente lança o espectador em um mar aberto de informações e acontecimentos da pequena ilha, centro de uma preocupação global.

Acompanhando moradores do local, por meio do jovem Samuele, uma relação com o mar é apresentada: o seu sustento através da pesca, em meio à rotina tranquila da população. Essa perspectiva tem contraste com a dos imigrantes, que veem o mar como vilão, na busca de uma melhora de vida em outro continente. As navegações em botes precários e superlotados frequentemente naufragam, matando milhares de pessoas todos os anos.

Fuocoammare

Rosi filma apenas a realidade e com ela cria a sua poesia, mostrando através da lente, com trilha sonora e ângulos precisos, a dor e o sofrimento dessas pessoas. A música tem grande peso na obra, sendo a responsável pelo título do filme. Fuocoammare também é o nome de uma canção tradicional do local, que remonta um bombardeio britânico que ocorreu na região, em uma melodia animada e descontraída.

A oposição entre a vida serena dos moradores da ilha e a travessia dos imigrantes é evidente e pode ser notado até pela iluminação das cenas. A maioria dos momentos com os habitantes é durante o dia, em situações descontraídas ou rotineiras. Enquanto que os resgates acontecem muitas vezes durante a noite, com um céu azul escuro que lembra o fundo do mar, como se os sobreviventes dessas tragédias também tivessem ficado lá embaixo.

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O documentário, sem qualquer pretensão jornalística, mostra uma realidade muito discutida atualmente, sem dados ou citações importantes, comovendo e informando quem assiste e denunciando o descaso social com toda uma população, de forma artística e vívida.

O filme foi vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim desse ano.

Confira o trailer:

 

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