Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Observatório I Nuvens de poeira: entenda como ocorrem os fenômenos que atingiram o Brasil

O evento, que atingiu cinco estados brasileiros, causou alarme e acidentes no país

Moradores dos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, interior de São Paulo, Maranhão e Goiás foram surpreendidos no fim do mês de setembro por tempestades de poeira. O fenômeno foi acompanhado por intensas rajadas de vento e deixou desaparecidos nas cidades atingidas.

Comum em períodos de transição para a estação úmida, as “nuvens de poeira” tem como um importante fator de ocorrência a presença de solo sem cobertura vegetal. Assim, as características das regiões do Sudeste e Centro-Oeste, nas quais é comum ter uma redução de chuvas ao longo dos meses de inverno, geram um solo seco e arenoso. 

Antecedidos por vendavais, esses ventos conseguem levantar a poeira até níveis mais altos da atmosfera, o que causa o fenômeno assistido no último mês. “Com a chegada da primavera, estação mais úmida e com mais risco de temporais, a atmosfera fica bastante instável e o risco de chuva forte e vendaval aumenta consideravelmente”, declara Dóris Palma, meteorologista do Climatempo. 

 

 

Palma diz ainda que, em muitos casos, os ventos intensos alcançam 60 km/h. Logo, transtornos como quedas de árvore tornam-se corriqueiros. “O fenômeno reduz bastante a visibilidade horizontal, então o risco de algum animal ser atropelado em rodovias também aumenta”, afirma a meteorologista. Além disso, prejuízos ao sistema respiratório também estão presentes entre os efeitos colaterais do evento, uma vez que a inalação de poeira é prejudicial ao organismo. Após acidentes envolvendo o fenômeno, seis mortes foram registradas no interior de São Paulo.

 

nuvem de poeira
As cidades paulistas Adamantina, Presidente Prudente, Osvaldo Cruz e Lucélia decretaram situação de emergência e suspenderam as aulas. [Imagem: Reprodução/Twitter: ‪@Mariana92610292‬]

 

A imprevisibilidade da ocorrência dessas “tempestades” de poeira impede uma prevenção para diminuir acidentes ou os impactos gerados. As dificuldades para calcular a probabilidade do evento se dão pelo fato de dependerem da situação da vegetação do local, além das condições meteorológicas, como explicou Dóris Palma. “Tínhamos previsão de chuva, ventos intensos e temporais, e essa previsão relacionada ao monitoramento da umidade do solo, pode nos dar uma breve ideia de quais áreas o fenômeno pode acontecer, mas é algo bem relativo e difícil de prever”, informa a meteorologista.

Diversas imagens do evento impressionaram a internet. Além do aspecto apocalíptico, as nuvens de poeira causam diversos impactos na flora, na fauna e nas atividades humanas. O Brasil, que, de acordo com a Agência Nacional das Águas, enfrenta a estiagem mais intensa da história, tem lutado contra uma série de danos aos seus biomas. A Amazônia, por exemplo, responsável por levar umidade para toda a América do Sul, teve um desmatamento recorde na temporada 2020/2021, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Tais dados se refletem nas consequências ao cotidiano ecológico nacional.

Ao ser questionada sobre a relação entre os dados de desmatamento e a ocorrência das nuvens de poeira, Palma relata que as práticas humanas causam uma ausência de vegetação que protege o solo, o que colabora para que o evento ocorra com maior frequência. “Se temos um solo mais rico em árvores e vegetação densa, o risco para formação das nuvens de poeira é menor, porque não teremos um solo exposto e tão arenoso. O desmatamento local pode influenciar bastante na ocorrência do fenômeno, já que o solo fica mais seco e vulnerável”, descreve a meteorologista.

O risco para novas “tempestades” de poeira é pequeno, uma vez que as chuvas voltaram a ocorrer de forma regular. No entanto, para diminuir ou impedir a ocorrência do fenômeno que assustou moradores das cinco regiões do Brasil, é necessário uma política de preservação do meio ambiente. “Não existe uma forma de impedir que isso aconteça a curto prazo, somente a longo: restaurando a flora local  e diminuindo o desmatamento de grandes campos”, ressalta Palma.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima