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O pop do outro lado do mundo

À primeira vista, parecem grupos enormes com pessoas muito parecidas. Se nossos olhos não treinados falham em diferenciar os vários integrantes dos grupos – exceto pelos cabelos, quase sempre muito coloridos –, os ouvidos pouco acostumados, então, parecem estranhar as consoantes fora de lugar e as palavras em inglês jogadas no meio de refrãos. O …

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À primeira vista, parecem grupos enormes com pessoas muito parecidas. Se nossos olhos não treinados falham em diferenciar os vários integrantes dos grupos – exceto pelos cabelos, quase sempre muito coloridos –, os ouvidos pouco acostumados, então, parecem estranhar as consoantes fora de lugar e as palavras em inglês jogadas no meio de refrãos. O estranhamento inicial se transforma em confusão. Que raio de estilo musical é esse?

Kpop é, talvez, um dos estilos mais populares hoje. Os vídeos no YouTube alcançaram o número de 2,3 bilhões de visualizações, mundialmente, em 2011. Hoje em dia, grupos famosos conseguem pelo menos 20 milhões em seus clipes… E os números só crescem.

“Oppa gangnam style” foi o primeiro contato de muitas pessoas com as músicas animadas e clipes coloridos, mas muitas não pararam por aí: o clipe foi apenas a porta de entrada para esse mundo em que a apreciação depende tanto do que se ouve quanto do que se vê.

As imagens são perfeitamente cuidadas: nesse mundo de celebridades orientais, os figurinos são precisamente escolhidos de acordo com o “conceito” do grupo, as fãs são a prioridade dos ídolos, e não há acne, manchas, ou algum fio de cabelo fora do lugar.

Red Velvet, um dos girlgroups mais famosos atualmente, lançado em 2014. Imagem: Divulgação

As coreografias são cuidadosamente ensaiadas: em milhares de vídeos de diversos grupos no YouTube, é possível ver que a meticulosidade com que os passos são feitos nos ensaios os aproxima de um treinamento. Cada membro executa seus movimentos com perfeição, transformando as apresentações ao vivo em verdadeiros espetáculos que superam (em muito) os pulinhos e reboladinhos de boybands ocidentais. Não é por mal, mas é só observar o gif abaixo para perceber que os tais “k-idols” não se contentam com uma voz bonita e alguns movimentos corporais básicos: para fazer parte dessa indústria, é preciso ser completo.

Legenda: Os garotos do Bangtan Boys (BTS) no clipe de “Dope”, que passou 67 milhões de visualizações. Imagens: Divulgação

Não é errado não gostar de um estilo que por vezes se mostra exótico apesar da americanização constante nas letras e clipes; errado é não gostar por saber a origem. Ouso dizer que muito do preconceito com kpop não vem só dos vídeos bizarros dos anos 2000 – porque, convenhamos, que artista ocidental famoso não lançou clipes bizarros nos anos 2000? – mas da dificuldade que temos em assimilar algo que não seja o padrão estadunidense ou europeu. Não só pela língua diferente, mas pelo estilo infantilizado, ou extremamente sexy, ou de “badboy” dos grupos, que parecem caricaturados ao primeiro olhar. Embora mostrem-se incrivelmente americanizados, com as palavras em inglês já citadas e uma tentativa de copiar o estilo americano em suas roupas e penteados, ainda há um choque cultural.

O Kpop, como o pop de todos os lugares do mundo, tem em si uma abrangência que alcança a todos os gostos. Se você gosta dos girlgroups ocidentais como Little Mix ou Fifth Harmony, Huff n Puff ou Dumb Dumb das meninas do Red Velvet podem ser músicas que você aprecie. Se gosta de músicas eletrônicas e do tal synth pop, o grupo f(x) e seu álbum “4 walls” têm exatamente o que você precisa (pode se surpreender ao jogar o nome do grupo e aparecer garotas asiáticas em vez de fórmulas matemáticas). Se gosta de boygroups e de garotos talentosos interagindo e toda essa vida de fangirl, o grupo BTS conta com uma fanbase enorme cheia de fics e ships – além de músicas viciantes como Dope e I Need U. E, por fim, se gosta de dramas, histórias e de rainhas antigas na indústria que muito sabem o que estão fazendo, ouça I da Taeyeon e Fly da Jessica Jung. Os dramas eu deixo para você descobrir.

Não há como abranger sequer metade dos artistas e grupos existentes, mas acho que já deu para ter uma ideia. Se você acha imprecindível saber a letra do que houve, desculpa usada por muitos para não ouvir, muitos vídeos já vem com legenda em inglês no Youtube ou têm tradução feita por fãs. É um mundo de votações, vendas e discussões, mas você pode entrar – e é o que eu recomendo – apenas como apreciador de vozes bonitas e coreografias inteligentes.

O lado triste dessa indústria, da quais fazem parte várias empresas populares que “lançam” grupos quase anualmente, é o abuso. Porque, é claro, para alcançarem resultados tão maravilhosos no palco e manterem uma imagem sempre impecável, os “k-idols” trabalham e tem suas vidas manipuladas pelas agências em uma situação de quase exploração. Mas isso é um assunto que pode ficar para outra matéria.

Por Keyla Carvalho
ccarvalhokeyla@gmail.com

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