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Olimpíadas 2024 | Rebeca Andrade se torna maior medalhista brasileira das Olimpíadas

Com a conquista de três medalhas nas disputas individuais, ginasta ultrapassa dois atletas na história do país
Pódio da prova em que Rebeca Andrade ganhou o ouro nas Olimpíadas de 2024, em Paris, junto com Simone Biles e Jordan Chiles
Por Alex Teruel (alexteruel@usp.br) e Rafael Dourador (rafa.dourador@usp.br)

A ginasta brasileira de 25 anos, Rebeca Andrade, mais uma vez fez história nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Com a conquista do ouro no solo individual na manhã desta segunda-feira (5), ela somou seis medalhas olímpicas conquistadas ao longo da carreira, o que a colocou como a atleta que mais vezes subiu ao pódio na história do Brasil nas Olimpíadas.

Superando Simone Biles no solo, que ficou com a prata, ela ultrapassou os velejadores brasileiros Robert Scheidt e Torben Grael, que possuem cinco medalhas cada e, até esta edição dos Jogos, ocupavam o topo do ranking de medalhas do Brasil.

Quatro dessas medalhas de Rebeca foram conquistadas este ano, em Paris. Além do ouro, ela foi bronze na disputa por equipes e prata no individual geral e no salto sobre a mesa. As duas anteriores foram triunfos de Tóquio 2020.

Como foram as provas individuais

Prata no individual geral

As disputas gerais na ginástica envolvem a performance de cada atleta em quatro aparelhos diferentes: salto sobre a mesa, trave de equilíbrio, barras assimétricas e exercício de solo. As 24 atletas classificadas são divididas em quatro grupos que revezam os aparelhos em rotações diferentes. Aquelas que tiverem as três melhores pontuações ao final das quatro rotações — em que todas já se apresentaram em cada aparelho — ficam no pódio.

Desta forma, Rebeca ficou no mesmo grupo que Simone Biles e Sunisa Lee, dos Estados Unidos. Na primeira rotação, a multicampeã americana executou muito bem um salto de dificuldade 6.400 e ficou com a maior nota da prova (15.766). Já Rebeca ficou logo atrás com 15.100.

Na segunda rotação, Biles cometeu erros pontuais nas barras assimétricas, que lhe custaram penalizações, pontuando apenas 13.733. A vida da brasileira poderia ser mais fácil se Sunisa Lee — campeã olímpica no geral de Tóquio — não estivesse na disputa também, pois a atleta fez a melhor apresentação do grupo (14.866), enquanto Rebeca recebeu um 14.666. As notas altas da italiana Alice D’amato, que ficou com o quarto lugar na final, também colocavam ela na briga pela medalha naquele momento.

A trave, que costuma ser o aparelho mais difícil das provas femininas, desta vez não foi a vilã da história. Com exceção da argelina Kaylia Nemour, todas as atletas do grupo ficaram com notas superiores a 14.000. O favoritismo de Simone Biles se manteve e a norte-americana ficou com a maior nota (14.566) ante os 14.133 de Rebeca.

O solo ocorreu na quarta e última rotação, a qual definiu o pódio. Curiosamente, Sunisa Lee, Rebeca Andrade e Simone Biles fecharam a prova, respectivamente, e foi essa a ordem do bronze ao ouro. Sendo a penúltima a se apresentar, Rebeca superou Sunisa e ficaria com o ouro caso Simone cometesse erros suficientes para ter uma nota menor que 13.800.

Contudo, a estadunidense provou seu estrelismo e fez uma apresentação espetacular, que lhe rendeu a nota de 15.066 e a medalha dourada. De qualquer forma, a prata já valia para Rebeca avançar em seu objetivo de ser a maior medalhista da história do Brasil nas Olimpíadas.

Vale lembrar que a ginasta Flávia Saraiva também disputou o geral individual. Com notas 13.633 (salto), 13.900 (barras assimétricas), 14.266 (trave de equilíbrio) e 12.233 (solo), ela fechou sua participação nesta final na nona posição. Flávia, no entanto, se demonstrou mais feliz pela conquista da companheira do que triste por seu desempenho.”Eu sei o quanto é importante para ela estar aqui representando o nosso país”, disse Flávia, à CazéTV.

Rebeca Andrade com a bandeira do Brasil após competições nas Olimpíadas de 2024, em Paris

Rebeca é natural de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo [Luiza Moraes/COB/Fotos Públicas]

Prata no salto

O salto sobre a mesa foi disputado no sábado (3), na arena Bercy, e foi outra prova que rendeu medalha à Rebeca. Diante de Simone Biles, mais uma vez ela não aliviou para a veterana, que ficou com o ouro por uma diferença de 0.466.

Nas provas de salto sobre a mesa, as atletas fazem duas apresentações diferentes e o ranqueamento vai se formando conforme as médias mais altas das duas notas obtidas. No Brasil, havia se criado uma expectativa grande sobre Rebeca, após ela conseguir um salto melhor do que o de Simone nas disputas por equipes.

Contudo, na prática, a norte-americana não deu chances para Rebeca. Realizando primeiramente o salto que leva o seu nome Biles II, o mais difícil da categoria com valor de 6.400, e depois um Cheng, ela conseguiu uma média de 15.300 — muito difícil de ser superada.

Isso, no entanto, não desanimou a brasileira. Com um Cheng e um Amanar, ela garantiu a média de 14.966, suficiente para ficar com a prata e se igualar aos dois atletas brasileiros com mais pódios nas Olimpíadas.

Rebeca Andrade com medalha de prata das Olimpíadas de 2024, em Paris

Com a quinta medalha olímpica em sua carreira, Rebeca ultrapassou as brasileiras Mayra Aguiar, do judô, e a ex-jogadora de vôlei, Hélia de Souza — conhecida como Fofão —, se tornando a maior medalhista entre as atletas femininas [Wander Roberto/COB/Fotos Públicas]

Ouro no solo

Na segunda-feira (5), após ficar com o quarto lugar na prova de trave pela manhã, Rebeca Andrade retornou ao tablado para a final individual do solo. Com direito a uma troca de collant, Rebeca trouxe um novo visual para uma apresentação que marcou mais um importante momento para a história da ginástica artística.

Rebeca conseguiu uma pontuação final de 14.166 em sua apresentação, apenas 33 centésimos à frente da segunda colocada, a estadunidense Simone Biles, que ficou com a prata após receber algumas punições na pontuação por falhas na prova. Essa diferença mínima é reflexo da qualidade da execução dos elementos feitos por Rebeca, que conseguiu uma nota maior nesse quesito, mesmo partindo de uma nota de dificuldade menor que a de sua principal competidora.

Em um primeiro momento, o pódio também foi histórico, marcando a primeira vez em que três mulheres negras haviam sido medalhistas em uma final olímpica de ginástica artística — além de Rebeca e Simone Biles, o bronze foi indicado para a estadunidense Jordan Chiles, após pedido de recurso aceito pela arbitragem.

Contudo, na tarde do último sábado (10), a Federação Internacional de Ginástica decidiu anular o pedido de revisão dos Estados Unidos e restabelecer a pontuação inicial dada a Chiles (13.666). A justificativa da organização para a decisão é de que o pedido da equipe estadunidense foi feito após o prazo permitido, que é de até um minuto após a divulgação da nota.

Desta forma, o bronze ficou para a romena Ana Barbosu, que pontuou 13.766, e a americana ficou em quinto lugar — atrás da também romena Sabrina Voinea.

A medida, no entanto, não afetou o segundo lugar e nem o ouro de Rebeca Andrade, que firmou ela como a maior medalhista olímpica entre todos os atletas brasileiros, com duas medalhas de ouro, três pratas e um bronze em toda sua carreira.

Conquistas nos Jogos de 2020

Após se classificar para as Olimpíadas de Tóquio, com um ouro na prova individual do Campeonato Panamericano, Rebeca fez história no dia 29 de julho de 2021 ao conquistar a primeira medalha na ginástica feminina para o Brasil com uma prata na disputa individual geral. A conquista também foi histórica como a primeira vitória do tipo em toda a América Latina.

A atleta somou 57.298 pontos nos quatro aparelhos, com o salto sobre a mesa tendo sido seu melhor elemento em relação à sua pontuação individual e comparativamente com as outras atletas. Rebeca ficou atrás da estadunidense Sunisa Lee por apenas 135 milésimos. Na ocasião, Simone Biles também competiria, tendo se classificado em primeiro lugar, mas desistiu por conta de questões relacionadas à sua saúde mental, e foi substituída por Jade Carey.

No dia 1º de agosto de 2021, Rebeca conquistou outra medalha, dessa vez sendo a dourada. Na prova individual de salto, a brasileira brilhou mais uma vez e conquistou a medalha de ouro com uma média de 15.083 pontos, sendo a única a ultrapassar a marca de 15 pontos no aparelho.

Com essa vitória, Rebeca se tornou a primeira mulher brasileira a receber duas premiações em uma mesma edição das Olimpíadas, reafirmando seu nome como um dos maiores da ginástica mundial.

Rebeca Andrade e seu treinador com suas medalhas de ouro e prata das Olimpíadas de 2020, em Tóquio

Apesar da conquista, Rebeca revelou que não vai mais participar de disputas no individual geral [Ricardo Bufolin/ CBG/ Fotos Públicas]

Imagem de capa: [Reprodução/Instagram: @cbginastica]

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