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Olimpíadas 2024 | Com show de Rebeca Andrade, Brasil conquista medalha inédita na ginástica artística

Atletas eternizam participação em Paris após conquista do bronze em equipes e já se preparam para disputar as finais individuais
Equipe feminina de ginástica artística do Brasil com as medalhas de bronze das Olimpíadas de 2024, em Paris
Por Rafael Dourador (rafa.dourador@usp.br)

Na tarde desta terça-feira (30), a ginástica artística brasileira alcançou o pódio nas provas de equipes nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 — um feito inédito na história do país. Com 164.497 pontos, as brasileiras ficaram com o terceiro lugar, atrás apenas dos Estados Unidos (171.296) e da Itália (165.494).

Rebeca Andrade, Júlia Soares, Lorrane Oliveira, Jade Barbosa e Flávia Saraiva formaram o time que elevou o nível da ginástica nacional na Arena Bercy. O Brasil, que teve alguns fenômenos em sua história, como Daiane dos Santos, nunca havia conquistado nenhuma medalha olímpica na disputa por equipes até este momento.

O caminho até a final

A fase classificatória ocorreu no último domingo (28), às 16h. Pela subdivisão número cinco, o Brasil se apresentou na seguinte ordem de aparelhos: salto sobre a mesa, barras assimétricas, trave de equilíbrio e solo. Com os acertos falando mais alto que os erros, a seleção brasileira se qualificou para a final de equipes em quatro lugar, com a somatória de 166.499.

Os Estados Unidos somaram 172.296 pontos, na primeira colocação, a Itália, 166.861 e a República Popular da China fechou o “pódio” com 166.628. Além destes, também se classificaram à final Japão, Canadá, Grã-Bretanha e Romênia, que não passaram dos 162.200 pontos. Com estes resultados, as rotações da final também ficaram definidas, com os EUA revezando com a Itália, o Brasil com a China e assim sucessivamente.

Equipe feminina de ginástica artística do Brasil nas Olimpíadas de 2024, em Paris

Antes de Paris, o Brasil só havia disputado duas finais olímpicas por equipes na ginástica artística feminina: em Beijing 2008 e Rio 2016. Em ambas as ocasiões, ficou na oitava colocação [Reprodução/Instagram: @cbginastica]

A decisão

O Brasil iniciou sua participação na final com os aparelhos considerados os mais desafiadores para as atletas brasileiras: as barras assimétricas e a trave. O exercício de solo e o salto sobre a mesa, aparelhos em que elas têm as melhores notas, ficaram para as duas últimas rotações.

Antes das apresentações, houve um susto na equipe brasileira, já que Flávia Saraiva cometeu um erro durante o aquecimento nas barras e caiu com o rosto no chão. A queda abriu o supercílio de Flávia, que rapidamente recebeu atendimento médico para voltar à final, mesmo sem conseguir concluir o aquecimento.

Flávia Saraiva, a "Flavinha", na final em equipes da ginástica artística das Olimpíadas de 2024, em Paris, com o supercílio cortado

Aos 24 anos, Flávia Saraiva “deu o sangue” pelo bronze do Brasil [Miriam Jeske/COB/ Fotos Públicas]

Lorrane Oliveira ficou responsável por abrir a prova para o Brasil após a chinesa Huan Luo se apresentar. Sem grandes erros, a brasileira recebeu uma nota 13.000, enquanto a asiática ficou com 13.933. A disputa foi equilibrada, com as chinesas levemente superiores, apesar de Rebeca Andrade ter recebido a maior nota (14.533). Com a somatória de 41.199 pontos, o Brasil encerrou a primeira rotação no quarto lugar, atrás dos EUA, China e Itália.

A trave preocupava a equipe brasileira, principalmente por conta que a Flavinha já tinha sofrido uma queda neste aparelho durante as classificatórias. A estreante de apenas 18 anos, Júlia Soares, foi quem iniciou para o Brasil. Com a entrada que leva seu nome, The Soares, ela se encaminhava para uma performance perfeita, até que se desequilibrou e precisou saltar do aparelho. Apesar do erro, ela concluiu a prova com um duplo carpado e conseguiu uma nota 12.400 — ficando à frente apenas de Yaqin Zhou, que fez a melhor nota do aparelho na fase classificatória (14.866), mas também caiu durante sua apresentação na final e ficou apenas com 12.300.

As demais atletas foram bem e não tiveram erros tão significativos. Desta vez, as chinesas ficaram com a maior nota (14.600) da disputa e permaneciam no pódio, em terceiro lugar. O Brasil ficou em sexto ao final da segunda rotação.

A terceira etapa foi o solo, em que o Brasil confirmou seu favoritismo e conseguiu as maiores notas. Com ritmos de samba, funk, pop e até clássica, as brasileiras deram um show em Paris — com destaque para Rebeca Andrade novamente, que tirou a maior nota entre as duas equipes (14.200).

Contudo, o cenário ainda era muito desafiador, e tanto o ouro quanto a prata já pareciam definidos com os Estados Unidos e a Itália, respectivamente. O Brasil permanecia em sexto lugar, com uma nova seleção ameaçando as chances do bronze: a Grã-Bretanha, que tinha boas notas no salto e disputaria a trave. As europeias estavam no pódio, mas a equipe brasileira ainda tinha grandes chances com o próximo aparelho. O Canadá e a China também estavam na frente do Brasil e brigavam pelo bronze.

A última rotação definiria o pódio, fazendo com que o Brasil precisasse superar todas as expectativas. Felizmente, as estrelas “verde e amarelas” brilharam ante às dificuldades. A veterana Jade Barbosa abriu a prova no salto e conseguiu 13.366, apesar de sofrer um desconto pela aterrissagem. Flavinha também se saiu bem, mas era necessário fazer ainda mais para o Brasil conquistar a medalha, precisando de uma “carta na manga” de sua melhor competidora, Rebeca Andrade.

Também medalhista em Tóquio no salto, Rebeca soube lidar com a pressão, assumiu a responsabilidade e provou mais uma vez ser o grande nome do Brasil. Cravando um salto de dificuldade 5.600, ela recebeu uma nota de 15.100 — a maior da grande final em todos os aparelhos. 

Rebeca Andrade na sua apresentação do solo, na final em equipes da ginástica artística das Olimpíadas de 2024, em Paris

Havia uma expectativa de que Rebeca utilizasse um salto inédito que pode até mesmo levar seu nome, mas a atleta optou por uma performance mais conservadora [Miriam Jeske/COB/ Fotos Públicas]

Com a pontuação, a equipe brasileira precisou esperar para comemorar, pois as britânicas ainda estavam se apresentando em seu último aparelho, a trave, e tinham chance de ultrapassar, caso Alice Kinsella conseguisse uma nota superior a 13.834. No entanto, foi quando o painel revelou a nota de 13.600 da europeia que o Brasil respirou aliviado e os gritos de comemoração finalmente puderam sair, pois as brasileiras trouxeram o bronze para casa.

“É uma responsabilidade muito grande, mas a gente treinou tudo o que tinha que treinar. A gente lutou até o final”

Lorrane Oliveira, em entrevista ao SporTV2, após a conquista do bronze

O encontro sacramentado de gerações

O bronze não apenas marcou uma vitória na história da ginástica brasileira, mas também coroou o trabalho de uma equipe com representantes de diferentes gerações da modalidade. De um lado, Júlia Soares fazendo sua primeira Olimpíada, aos 18 anos, e do outro, Jade Barbosa — que participou da equipe brasileira em Pequim 2008 — conquistando sua primeira medalha olímpica, aos 33 anos de idade. 

Em entrevista ao GE, Francisco Porath e Iryna Ilyashenko, que treinam a seleção brasileira, elogiaram a atleta veterana e destacaram sua importância para a união do grupo. “Ela é guerreira. Ela consegue treinar e servir de exemplo para as outras. A gente usa muito a força da Jade para preparar as outras meninas, mostrar como é a ginástica de alto nível”, disse Chico Porath.

Rebeca x Biles

O embate entre os dois grandes nomes da ginástica mundial está apenas começando. Rebeca Andrade e Simone Biles foram as responsáveis por conduzir suas equipes ao pódio nesta terça-feira e irão se enfrentar diretamente nas finais individuais em que estão classificadas (geral, solo, trave e salto). Ambas não se qualificaram para as barras assimétricas.

Com a promessa de uma briga acirrada, as finais individuais começam na próxima quinta-feira (1), a partir de 13h (Brasília). Júlia também se classificou para a trave e Flávia Saraiva para o geral.

Comparação das notas de Rebeca Andrade e Simone Biles na final em equipes da ginástica artística das Olimpíadas de 2024, em Paris

Apesar do favoritismo de Biles, uma espécie de empate se perpetuou entre as duas na disputa por equipes, criando uma expectativa sobre a brasileira e receio da estadunidense  [Reprodução/Instagram: @tntsportsbr]

Imagem de capa: [Miriam Jeske/COB/ Fotos Públicas]

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