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Os incríveis universos de Alan Moore

Os leitores do Cinéfilos votaram na enquete ”Qual é o melhor filme baseado em HQs de Alan Moore?”. Quem ganhou foi V de Vingança com 38,6% dos votos. por Ana Luisa Abdalla e Gabriel Lellis anita.abdalla.usp@gmail.com e g.lellis.ac@gmail.com Um senhor de barba longa e cabelo esbranquiçado, com olhos claros tão cansados quanto compenetrados, se dizendo …

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Os leitores do Cinéfilos votaram na enquete ”Qual é o melhor filme baseado em HQs de Alan Moore?”. Quem ganhou foi V de Vingança com 38,6% dos votos.

por Ana Luisa Abdalla e Gabriel Lellis
anita.abdalla.usp@gmail.com e g.lellis.ac@gmail.com

Um senhor de barba longa e cabelo esbranquiçado, com olhos claros tão cansados quanto compenetrados, se dizendo um mago seguidor da divindade romana Glycon e afirmando que odeia super-heróis. Seria essa tão pitoresca figura algum primo distante de Gandalf, famoso mago da série O Senhor dos anéis?

Na verdade, estamos diante da descrição do homem que mudou o conceito de história em quadrinhos no mundo. Alan Moore é considerado um gênio não apenas pelos fãs, mas também pela crítica especializada. Roteirizou HQ’s célebres, como “Batman: A piada mortal” e “Watchmen”. Nesse universo criado para os quadrinhos, temos histórias de temas complexos, englobando discussões éticas e filosóficas, que elevaram sua obra e seus personagens a um status tão cult quanto acadêmico.

A relevância de Moore se tornou grande o suficiente para fazer com que os grandes estúdios de Hollywood disputassem para adaptar suas obras para as telas do cinema. Essa empreitada gerou uma polêmica queda de braço entre fãs e crítica de cinema sobre o quão fiéis são essas adaptações. E próprio Moore já deixou bem claro que não gosta nem um pouco delas, e nem ao menos se envolve em suas produções.

O Cinéfilos listou quatro filmes baseados na obra deste revolucionário autor.

“Quem vigia os vigilantes”?

Todo grande fã de HQ’s e Graphic Novels deve ter em seu coração um espaço especial reservado com as carinhosas memórias desta que é considerada a obra definitiva dos quadrinhos. Escrita por Moore e desenhada pelo seu companheiro David Gibons, foi durante muitos anos considerada inadaptável para o cinema, em face da complexidade da trama e da profundidade psicológica de suas personagens.

O filme, assim como o quadrinho homônimo, se passa em pleno período da guerra fria, em uma realidade paralela na qual a presença de heróis mascarados (também conhecidos como “vigilantes”) interfere nos acontecimentos do mundo. Tudo começa a partir do assassinato de Edward Blake (verdadeira identidade do herói conhecido como Comediante). Outro herói, o misterioso e cruel Rorschach, começa a investigar um suposto plano para assassinar os “mascarados”. Ao longo de flashbacks e grandes reviravoltas, descobrimos que o simples assassinato de um super-herói tem influência nos acontecimentos da suposta guerra nuclear. “Quem vigia os vigilantes?’, é o pilar de toda a filosofia por trás da trama, cujos heróis muitas vezes possuem face ocultas de seu caráter.

O diretor Zack Snyder teve de lidar com a pressão dos fãs para adaptar a obra de Moore o mais fielmente possível para as telas. De forma impecável, reproduziu milimétricamente a estética dos personagens. O seu estilo único de filmagem, destacando na tela cores fortes e utilizando-se da câmera lenta nos momentos de ação, trouxe para o cinema toda a impactante personalidade visual de Watchmen.

Mas, por mais fidelidade que o filme possa passar à obra original, é impossível fugir de polêmica para algo tão Cult e canônico. O diretor fez uma pequena mudança no final da trama, alterando o destino final de algumas personagens.Obviamente não foi poupado da ira dos fãs e tentou de tudo para se defender: “Eu não mudei o final. Mudei apenas o mecanismo como o final acontece”, afirmou em uma entrevista coletiva.

Apesar de massacrado por alguns fãs e crítica, o filme, ao longe de suas quase três horas de duração, consegue manter uma aura pop e cult, ao melhor estilo de Snyder. Talvez no futuro seja justamente reconhecido como uma honesta homenagem à Watchmen.

“Idéias não são só carne e osso. Idéias são a prova de balas.”

É comum nos tempos atuais encontrar pessoas em manifestações utilizando uma máscara sorridente, associada comumente a grupos anarquistas como o Anonymous. Algumas destas pessoas não sabem a real origem deste ícone moderno da luta democrática.

 A máscara em questão cobre o rosto de V, personagem principal da “subversiva” e polêmica HQ “V de vingança”, escrita por Alan Moore e desenhada por David Lloyd. Nas telas do cinema ganhou uma adaptação produzida pelos Irmãos Wachowski (os mesmo de Matrix) e estrelada por Natalie Portman e Hugo Weaving.

Em uma Inglaterra futurista, comandada por um governo antidemocrático e de viés fascista, um homem mascarado começa a realizar diversos atos, como explodir a estátua do palácio da justiça, em forma de protesto contra a situação do país. Considerado como “terrorista”, é caçado pela polícia inglesa após prometer um grande ato histórico marcado para o dia 5 de novembro: destruir o parlamento inglês.

O filme atenua um pouco o teor político da HQ, interferindo em alguns acontecimentos que ocorriam na história original. Entretanto, apesar das duras críticas dos fãs, a mensagem principal de resistência contra a opressão continua presente. As cenas de ação são bem trabalhadas ao melhor estilo Wachowski.

Cheio de frases de impacto e com um material rico para reflexões políticas, o filme não é uma adaptação estritamente fiel, mas também não decepciona ao manter ao manter a essência daquilo que Moore pretendia passar. De certa forma, levar aos cinemas uma história tão filosófica e política é uma forma de espalhar a reflexão sobre o poder do povo, e assim incomodar alguns poderosos que controlam a sociedade.

Jack Estripador e o inferno de Alan Moore

A adaptação “Do Inferno” (“From Hell”, 2001) se desenrola sobre uma trama real muito famosa da segunda metade do século 19 e que, por ainda possuir muitos mistérios a seu respeito, perpetua no imaginário mundial até os tempos atuais. O quadrinho Do Inferno, escrita por Alan Moore e desenhada por Eddie Campbell, conta a versão do escritor sobre a história de Jack, o Estripador (Jack, the Ripper), que cometeu uma série de assassinatos em Whitechapel, distrito de Londres, tendo prostitutas como vítimas.

Para escrever a obra, Moore passou 10 anos fazendo pesquisas sobre o caso, analisando não somente os fatos, mas também o aspecto folclórico do tema. Criando uma tese que não busca responder a principal pergunta feita acerca o assunto, “quem?”, mas sim “por que?”, o autor mostra logo no primeiro assassinato do HQ quem é Jack, mas a real questão é o que o motiva. Durante a obra, uma série de fatores são analisados, envolvendo o contexto histórico da época, a Era Vitoriana, com críticas sociais além de aspectos da maçonaria e até do darwinismo. Tudo contato de forma cronológica, fazendo com o que leitor consiga fazer uma análise da figura do assassino – pelo menos a partir da especulação do autor, o que a torna uma obra fantástica em seus quatros volumes.

No longa, o personagem principal é o investigador Frederick Abberline, interpretador por Johnny Depp, que possui visões acerca dos casos, causadas pelo consumo do ópio. A história de Moore toma como ponto ínicial a teoria cospiratória do britâncio Stephen Knight, em que o caso é visto como uma conjuração entre a maçonaria e a família real, em busca de apagar evidências da existência de um bebê bastardo que teria direito ao trono real.

No filme, Abberline se envolve com um grupo de amigas prostitutas que estão sendo mortas de forma brutal, tendo alguns de seus órgãos arrancados e suas gargantas cortada. Ele acredita que somente descobrindo porque esse grupo especifico de prostitutas serem os alvos, conseguirá encontrar o assassino. Embora o longa, ao contrário do quadrinho, mantenha o suspense de quem seria o autor dos crimes, toda a trama se desenvolve, assim como o HQ, buscando entender o motivo para então encontrar o assassino.

Uma série que reforça o brilhantismo de Alan Moore, um dos escritores mais criativos e brilhantes de todos os tempos, e que, em sua adaptação, conseguiu manter pelo menos alguns aspectos primordiais da obra.

A Liga que só é extraordinária nos quadrinhos

O Filme A Liga Extraordinária (The League of Extraordinary Gentlemen), lançado em 2003, se tornou um desgosto não somente para seu criador Moore, que o escreveu em parceria com Kevin O’Neill. Fãs e críticos não perdoaram em nada a produção que conta, de fato, com um enredo fraco e clichê. No original dos quadrinhos, porém, a história é uma das mais fantásticas criados pelo autor. No mesmo período histórico que Do Inferno, a Era Vitoriana, um pequeno grupo zela pela paz no Império Britânico, que esta sendo ameaçada por um vilão. Até ai parece mais uma história entre tantas, se não fosse por um pequeno detalhe: esse pequeno grupo é composto por alguns dos personagens mais famosos da literatura mundial.

Contando com Allan Quatermain, personagem do célebre As Minas do Rei Salomão, (Henry Rider Haggard); Capitão Nemo, de Vinte Mil Léguas Submarina (Júlio Verne); Henry Jeckyll e Edward Hyde, as duas faces do mesmo homem que protagoniza o romance O Médico e o Monstro (Robert Louis Stevenson);  o Homem Invisível (H. G. Wells); e, como única mulher na trama, Mina Harker, uma das protagonistas do Drácula (Bram Stoker). E ainda o vilão que esse grupo inusitado vai enfrentar também não é nenhum anônimo: James Moriarty, inimigo mortal do detetive mais famoso do mundo, Sherlock Holme, criação de Arthur Conan Doyle, é a figura enfrentada pelos agentes.


Com personagens de tamanho porte e importância, a trama do HQ ganhou sete volumes publicados enquanto seu filme foi um desastre. O longa conta com graves mudanças no enredo e até mesmo o acréscimo de dois personagens na trama: Tom Sawyer,  protagonista do livro As Aventuras de Tom Sawyer, do escritor americano Mark Twain; e Dorian Gray, da obra de Oscar Wilde O Retrato de Dorian Gray. Além disso, o inimigo combatido pelos agentes é chamado de O Fantasma (The Fantom), personagem que usa uma máscara que deforma seu rosto, sendo somente citado o nome de Moriarty ao fim do longa.

Com essas falhas somadas a forma quase infantil que o filme é conduzido, o fracasso de bilheteria foi inevitável, fazendo com que o estúdio 20th Century Fox enterrasse a possibilidade de continuações da série – pelo menos na telona. Já foi solicitada pela própria Fox que o escritor e produtor Michael Green (autor de Lanterna Verde e Heroes) fizesse um episódio-piloto para um possível seriado.

Já a saga no HQ possui um futuro próximo. Sendo uma das histórias favoritas de seu criador, Moore já esta trabalhando em uma próxima edição com foco no personagem do Capitão Nemo. O nome do quadrinho será “Nemo: The Roses of Berlin” e ainda não possui uma data de lançamento no Brasil.

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