Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Osmosis: A série que não deu ‘match’

Conhecer o parceiro perfeito, formar uma conexão eterna, finalmente encontrar a sua alma gêmea e viver o tão idealizado amor verdadeiro, tudo por meio da tecnologia. Essa é a premissa da série francesa Osmosis, mais um “original Netflix”, adicionado ao catálogo em março deste ano. A produção de Andrey Fouché busca investigar as possíveis consequências …

Osmosis: A série que não deu ‘match’ Leia mais »

Conhecer o parceiro perfeito, formar uma conexão eterna, finalmente encontrar a sua alma gêmea e viver o tão idealizado amor verdadeiro, tudo por meio da tecnologia. Essa é a premissa da série francesa Osmosis, mais um “original Netflix”, adicionado ao catálogo em março deste ano. A produção de Andrey Fouché busca investigar as possíveis consequências da mistura entre tecnologia avançada e a falibilidade dos sentimentos humanos, mas a execução mediana faz com que a série toda se pareça muito com um episódio longo e inferior do sucesso Black Mirror.

Osmosis conta a história dos irmãos Esther e Paul Vanhove, criadores de uma nanotecnologia e fundadores de uma empresa homônima à série. A trama se passa na fase de testes do dispositivo, um implante cerebral que coleta informações sobre o testador e as combina para encontrar o parceiro ideal cujas características sejam mais compatíveis. Abrem-se, então, diversas narrativas paralelas, inclusive sobre os testadores Lucas, Niels e Ana. 

Em uma primeira impressão, a ideia é boa, aborda questões atuais e questionamentos relevantes sobre o rumo da tecnologia, tornando-se muito atrativa para o público jovem que deseja cativar. No entanto, não é preciso assistir mais de dois episódios para perceber como a série peca em sua realização: o ambiente é tenso, mas não gera impacto algum com seus semi-conflitos e visual cansativo, ficando rapidamente entediante.

As múltiplas narrativas poderiam ter funcionado muito bem se não houvesse tantos problemas de coerência e se dialogassem melhor entre si. Muitas questões são abertas, mas poucas chegam a uma conclusão, histórias interessantes parecem se fechar rapidamente para dar lugar a enredos que se arrastam por muitos e muitos episódios.

 As personagens são instigantes, o testador Lucas é um homem gay e Ana, uma mulher gorda*, o que poderia ter sido muito bem explorado em termos de representatividade, mas a série acaba por apenas reforçar estereótipos ultrapassados, como a promiscuidade do homossexual e a inferioridade da mulher gorda. Já Paul, o segundo personagem mais evidente na trama toda, depois de sua irmã, não mostra desenvolvimento algum ao longo dos episódios e funciona apenas como mecanismo de narrativa. Mesmo assim, a produção insiste em arrastá-lo por vários minutos de cena.

Um ponto importante, mas pouco explorado, é a oposição entre os pontos de vista de Esther e de Paul quanto aos objetivos do implante. Enquanto o CEO preocupa-se com o propósito romântico do dispositivo, baseando-se em sua própria experiência enquanto usuário, a neurocientista dedica-se a estudar os efeitos do implante no cérebro para tratar a doença degenerativa de sua família. Além disso, temos Martin, inteligência artificial (IA) também criada por Esther e responsável por coordenar o funcionamento de Osmosis. Aprofundar o paralelo entre a mente humana e uma IA frente a uma mesma situação teria sido um grande bônus para o público de ficção científica, mas Martin só se faz, de fato, relevante, nos últimos minutos da série.

Restam, então, apenas várias dúvidas não sanadas (lá vem SPOILER): Quais foram as repercussões reais do coma de Paul em sua vida? Como Esther passará a viver com a sua nova descoberta? Por que Ana decidiu se infiltrar no programa? E por último, mas não menos importante, como a tecnologia impactou os testadores cujos implantes não foram alterados?

Os últimos episódios sugerem uma futura segunda temporada, o que não seria nada surpreendente vindo de uma produção Netflix, mas mesmo que próximos episódios esclareçam alguns pontos, Osmosis teria que melhorar bastante para cativar o espectador frustrado.

 

 * A palavra “gorda”, neste contexto, não carrega conotação pejorativa. Trata-se, apenas, de uma descrição relevante para a história da personagem, como qualquer outra característica física. Neste texto, o uso do termo tem como objetivo eliminar o estigma em relação a essa palavra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima