Ricky Hiraoka

Daniel Filho é uma voz dissonante na Retomada do cinema brasileiro. Suas produções, em nenhum momento, defendem causas ou idéias. Ao contrário de outros diretores, ele não tem projetos autorais. Seus filmes são dedicados ao entretenimento puro e simples, algo incomum na cinematografia brasileira.

A nova empreitada de Daniel Filho atende pelo nome de Se Eu Fosse Você 2, continuação do megasucesso de 2006 que levou mais de 3 milhões de brasileiros aos cinemas. Prestes a se separarem, Cláudio (Tony Ramos) e Helena (Glória Pires) trocam de corpos mais uma vez. Para complicar a situação, eles descobrem que a filha (Isabelle Drummond) está grávida e pretende se casar.

Se Eu Fosse Você 2 tem piadas melhores e mais engraçadas que o original (os maníacos por TV, certamente, entenderão a piada sobre O Primo Basílio), além de ser uma rara oportunidade de conferir Tony Ramos e Glória Pires exercitando suas veias cômicas. Com muita competência, a dupla de atores transforma uma história banal, que foi explorada exaustivamente pelo cinema hollywodiano, em uma comédia deliciosa e sem qualquer pretensão.

Originalidade pode não ser o forte de Se Eu Fosse Você 2, mas isso nem sempre é um problema. Daniel Filho trabalha bem os clichês, fazendo um filme honesto,que não deve nada a nenhuma comédia americana. Se Eu Fosse Você 2 não provoca reflexões, nem acrescenta nada de útil a vida do espectador. Isso pode ser considerado um insulto para os pseudo-intelectuais. Mas, para quem entende que cinema não é feito só de grandes idéias, isso significa sinônimo de diversão. Para aqueles que buscam incessantemente mensagens e querem pensar na vida, recomendo, nessa ordem, ler a Bíblia e fazer terapia. Com certeza, encontrarão o que desejam, porém não terão o entretenimento que todos, até os pseudo-intelectuais, merecem.