Bruna Buzzo
Depois de Em Paris e Canções de Amor, o diretor francês Christophe Honoré volta às telas, ainda na companhia de Louis Garrel, com A Bela Junie (La Belle Personne). De uma certa forma, o tema dos três filmes é o mesmo: o Amor. Em cada um deles a abordagem é uma e o ponto de vista diferente, de acordo com os personagens em cena. Neste novo longa, Honoré mostra o amor adolescente, e a forma como os adolescentes lidam com seus sentimentos amorosos, um campo ainda novo ou desconhecido para muitos eles.
A bela do título, que em francês tem algo de enigmático, chega à uma nova escola após a morte de sua mãe. O olhar de Junie (Léa Seydoux), um misto de triste e melancólico com uma boa dose de apatia, conquista os meninos de sua classe e até Nemours, o sedutor professor de italiano (Louis Garrel), um apaixonado por natureza.
A história deste filme irá girar em torno das disputas amorosas por Junie, e o modo como cada personagem lida com seus sentimentos, seja adolescente, adulto recém saído da adolescência ou um quarentão com um vasto conhecimento amoroso. O amor nos filmes de Honoré é o tema que motiva a trama e aqui a história terá reviravoltas e problemas até encontrar seus desfecho.
A melancolia aparente e a visível apatia de Junie se opõem à vida que transborda dos olhos de seu namoradinho Otto (Grégoire Leprince-Ringuet, o menino das canções engraçadas e melosas de Canções de Amor) e à simpatia de Nemours, com o charme próprio ao “muso” de Honoré, Louis Garrel. Entre uma aula e outra, conhecemos uma massa de estudantes, perdidos entre amores, namorinhos, intrigas e fofocas, e mais uma vez revemos quase todo o elenco de Canções de Amor: de Louis e Leprince-Ringuet que agora são professor e aluno à Clotilde Hesme (a Alice de Canções) e Alice Butaud (a irmã da protagonista de Canções, em rápida aparição aqui como a professora de russo).
Este filme talvez não tenha a graça dos outros dois, mas Honoré se mantém em sua temática com grande competência; sua câmera passeia por Paris e nos leva a conhecer os vários ambientes da cena, nos mostra um amor contextualizado pelo ambiente, por vezes um amor adolescente, enclausurado entre escadas, por vezes com dois adulto desiludidos conversando em um café. O amor de Honoré se divide entre as fases da vida. Aqui, é o modo egoísta e sonhador como os adolescentes lidam com seus primeiros amores que entra em cena, sempre pedindo ajuda aos corações crescidos e já antes vacinados.