Por Luana Riva (luanariva06@usp.br) e Victor Gama (victorgamasilva@usp.br)
A Semana do Jornalismo deu início à sua programação com Renata Lo Prete, âncora do Jornal da Globo, na manhã desta segunda-feira (22/09). A jornalista, formada pela Universidade de São Paulo, conversou com os alunos sobre sua trajetória profissional. A palestra foi mediada por Júlia Sardinha, presidente da Jornalismo Júnior, e Mariana Ricci, diretora de Recursos Humanos.
A abertura do evento contou com discursos de Wagner Souza e Silva, chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), e Clotilde Perez, diretora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). A presidência da Jornalismo Júnior também discursou oficializando o início da Semana do Jornalismo, organizada pela empresa.
Vida universitária
O evento se iniciou com a pergunta: “O que motivou a escolha do jornalismo?”. Renata contou que, ao entrar na faculdade, não teve clareza de sua decisão, mas juntou duas paixões que desenvolveu com os pais: a de sua mãe pelos livros e a de seu pai por notícias.
No começo, Renata tinha jornalistas por quem tinha grande admiração, como Paulo Francis, mas foi na universidade que descobriu a vocação para a profissão. “O jornalismo foi crescendo dentro de mim enquanto eu ia trabalhando. Foi na prática que eu entendi”, relatou ela.
“Eu amei a ECA desde o primeiro dia”, contou a jornalista. Ela conta que a vivência universitária foi uma experiência de aprendizado com pessoas e, além disso, foi na ECA que encontrou, pela primeira vez, uma turma: “me senti pertencente”.
“Foram quatro anos de muita descoberta, de referências, jornalistas, de outras coisas para ler no jornalismo. Referências das pessoas que conheci e das amizades que fiz.”
Renata Lo Prete

[Imagem: Reprodução/Jornal do Campus]
Desafios do mercado jornalístico
Renata começou a trabalhar na revisão do jornal O Estado de S. Paulo logo depois de se formar, em 1984. Ela explicou que, na época, o mercado de trabalho do jornalismo era menos desafiador do que o atual e, por isso, a maioria de sua turma saiu do curso já empregada. Depois de três meses no veículo, Renata passou pelo Jornal da Tarde e foi para a Folha de S. Paulo – onde foi repórter da seção de cultura por por 26 anos.
Em 2012, a jornalista foi contratada pela TV Globo e começou na GloboNews, mas passou a apresentar o Jornal da Globo em 2017. Ela conta que, embora assistisse muita televisão, nunca sonhou em trabalhar no ramo, porque tinha mais atração pelos jornais impressos.
Sobre os principais desafios em sua trajetória, Renata conta que, no início, teve que aprender a lidar com o pouco tempo que tinha para falar, se fazer entender e dar o seu recado. Além disso, ela destaca que a profissão de jornalismo é um ofício, que precisa ser desenvolvido a todo tempo: para ela, o jornalista deve sempre estar disposto a se reinventar.
“Não existe dizer ‘não sou bom em alguma coisa’. Você aprende.”
Renata Lo Prete
Além disso, ela explicou que, mesmo trabalhando para uma instituição, o jornalista deve ter a sua própria voz e o público deve confiar nele. Segundo ela, as pessoas percebem quando o trabalho é legítimo e, a partir daí, se formam caminhos para transmitir a mensagem do jornalismo. Isso foi importante na carreira dela, já que ela sempre trabalhou no modelo de hard news, reportando notícias quentes todos os dias.
Um marco na carreira
Ao ser questionada sobre o momento mais marcante de sua carreira, Renata disse que não se apega a momentos. Ela exemplifica com o furo do escândalo do Mensalão, que foi muito importante para sua carreira, mas ainda assim aprecia muito a rotina, os dias normais de apuração e a apresentação do Jornal da Globo.
A jornalista contou que a rotina em um jornal diário é trabalhosa, ainda mais pela variação de horário do Jornal da Globo, que pode começar em diferentes momentos da madrugada. Esse ritmo exige disciplina nos seus hábitos alimentares e de sono, já que ela precisa estar acordada e disposta no horário em que a maior parte da população está indo dormir.
Para ela, a parte mais interessante de fazer o jornal é ouvir os relatos do público e ver o perfil dessas pessoas. A partir desse contato, ela conta que consegue entender formas de contribuir para a rotina dos espectadores.
Aos futuros jornalistas da plateia, Renata aconselhou sobre a importância de não ter a mente fechada sobre os rumos da carreira e de saber abraçar mudanças. “É muito possível que o seu caminho passe por etapas que você nunca imaginou”, disse. Ela ainda comentou sobre a necessidade de prestar atenção ao modo com que o público recebe informação. Para Renata, “quanto mais prestarmos atenção, mais o público vai nos ouvir”.
A palestra foi encerrada com uma rodada de perguntas do público à jornalista, que foram desde detalhes técnicos do Jornal da Globo a como é ser uma mulher na profissão. Renata finalizou sua fala refletindo sobre toda a sua trajetória. “A gente cresce muito mais na dificuldade do que na facilidade.”
[Imagem de capa: Hellen Indrigo/Jornalismo Júnior]








