por Maria Beatriz Barros
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Depois da versão live-action pouco aclamada, o diretor Mark Osborne hesitou em transformar a história do Pequeno Príncipe em uma animação inédita. Diante da responsabilidade que seria produzir o filme, Osborne chegou a negar a direção, mas voltou atrás, tendo em vista o tamanho da oportunidade que seria trazer a essência do romance, adorado mundo afora, em um filme. Isso aconteceu em 2010, cinco anos antes da estreia mundial do longa, na 68ª edição do Festival de Cannes, em 2015.
O livro O Pequeno Príncipe foi escrito em 1943, pelo também piloto Antoine de Saint-Exupéry. Conta-se que a primeira ideia para o romance surgiu durante um pouso de emergência de sua aeronave no deserto do Saara, cenário parecido com o que o Aviador, no romance, conhece o habitante loirinho de um asteroide, que lhe conta sua história de vida. Uma vez escrito o enredo, o autor acompanhou todo o processo de produção do livro, tendo ele mesmo feito as ilustrações e as pintado de aquarela. Um ano depois do lançamento de sua obra, Saint-Exupéry morreu durante um voo sobre a Córsega, a serviço das Forças Francesas Livres.
“Eu queria que o filme falasse da maneira como o livro pode mudar as nossas vidas e não adaptá-lo página após página. Queria conseguir uma equivalência cinematográfica desta experiência emocional” disse em entrevista concedida a Tarik Khelil, durante o Festival de Cannes, o diretor da nova adaptação do romance em questão, responsável pelo filme de sucesso como Kung-Fu Panda (Kung-Fu Panda, 2008), e da série de televisão Bob Esponja. Para atigir seu objetivo nesta nova produção, Mark Osborne inseriu a história do Pequeno Príncipe na experiência de uma criança, a quem o livro inspira e muda a vida.
A vida da menina era mecânica, planejada. Ela estudava dia e noite, a fim de realizar o sonho de sua mãe e ser aceita na Werth Academy, o ensino elitizado da região, até conhecer o Aviador. O personagem, que anos atrás conheceu o Pequeno Príncipe no deserto, está mais velho, à procura de alguém para contar sua história antes de partir. Ele vê na sua nova vizinha a oportunidade perfeita de imortalizar a história, e também de restaurar a sua ânsia pela vida. A criança, no começo relutante, vê, dia após dia, sua vida sendo mudada pelo conto do menino loirinho. Deixando de lado o estudo compulsivo, passa a se divertir, sonhar, ser uma criança.
A animação é feita de duas formas: a experiência da menina em contato com as histórias do Aviador, montada sob as mais modernas tecnologias de produção de imagens animadas em 3D; e a história do Pequeno Príncipe, reproduzida em animação stop-motion de papel, gravadas quadro a quadro. Segundo Osborne, “era o meio perfeito de exprimir esse contraste” entre o “mundo dos adultos”, altamente refinado, no qual a menina leva uma vida mecânica, e a nova realidade em que ela é inserida, e passa a viver a vida de fato, simples e pura.
O longa animado estreou no Brasil no Festival Anima Mundi em julho deste ano, e chegará ao grande público na quinta-feira, 20 de agosto. Poucas foram as adaptações de livros para o cinema que deram tão certo quanto a de O Pequeno Príncipe por Mark Osborne. O diretor soube captar a essência da obra de Saint-Exupery que nos cativa, e prova que o essencial é invisível aos olhos.
Confira o trailer: