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Road Movie tem que soltar fumaça

Felipe Maia Uns tem personalidade masculina. São robustos e fazem o tipo agressivo. Outros são mais femininos. Carregam linhas sinuosas e cheias de estilo. Quase sempre estão correndo — e se não o fazem o motivo tem de valer a pena. Espalhando ou comendo poeira, nenhuma estrada é suficiente para eles. São os carros e …

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Felipe Maia

Uns tem personalidade masculina. São robustos e fazem o tipo agressivo. Outros são mais femininos. Carregam linhas sinuosas e cheias de estilo. Quase sempre estão correndo — e se não o fazem o motivo tem de valer a pena. Espalhando ou comendo poeira, nenhuma estrada é suficiente para eles. São os carros e motos, protagonistas indiscutíveis e talvez implícitos de qualquer road movie que se preze.Senão eles, quem seria dono dos planos mais panorâmicos, alvo de perseguições alucinantes ou emissor daquele ronco que dispensa sonoplastia.

Essa descrição felizmente cabe como uma luva de motoqueiro para o filme Easy Rider (Sem Destino). As motos Harley-Davidson Capitão América e Billy Bike resumem no seu estilo “chopper” o espírito do filme. O guidão alto e o garfo dianteiro estendido cortam com liberdade as longas estradas. O motor, que não é original, dá o ar veloz da viagem. E os detalhes cromados fazem das motos um ponto visível nas vastidões dos Estados Unidos — inclusive daquele não encontrado pelos motoqueiros Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper).

Pelas highways norte-americanas também passou outra dupla tão (ou mais) insana quanto Fonda e Hopper. Thelma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon) dão nome ao filme de duas mulheres que encontram na estrada a vazão para suas loucuras reprimidas. Quem leva as moças nessa viagem é o Ford Thunderbird 1966. O conversível de linhas retas e aspecto vintage alcançava a marca de 200km/h. Seu desenho aerodinâmico favorecia as altas velocidades e o rastro de poeira deixado pelas motoristas.

Quem voou baixo nas telonas foi o Dodge Challenger R/T 1970 no filme Vanishing Point (Corrida contra o destino).Com a missão de levar o muscle car de Denver a São Francisco, James Kowalski (Barry Newman) encabeça uma perseguição literalmente cinematográfica entre a polícia e o “dojão americano”. O carro tinha um motor V8 aspirado — algo próximo ao turbo — e a fita corre na velocidade da máquina.

Engana-se, então, quem pensa que um bom carango só pode fazer seqüências frenéticas e tomadas alucinadntes. Em The Straight Story (Uma História Real) o veículo é pequeno, faz um barulho baixinho, chega no máximo a 20km/h e é a essência do filme. É num cortador de gramas que monta Alvin Straight (Richard Farnsworth), realizando uma jornada de 300 quilômetros em busca de seu irmão. A morosidade do carro cria a atmosfera dramática da película, exposta aqui de modo pouco explorado.

Alvin viaja consigo mesmo, bem longe daquela de Pequena Miss Sunshine — esta com um monte de gente mesmo. O ensolarado filme (sem o perdão do trocadilho) corre junto do Volkswagen T2. A Kombi amarela contém em sua cabine todos os conflitos e confusões dos Hoover, assim como a deliciosa história que se desenrola. Aumentando um pouco o tamanho chegamos ao ônibus usado no filme Priscila, Rainha do Deserto. Atravessando a imensidão da Austrália vai o peculiar grupo composto por duas drag queens e uma mulher transexual — um trio cômico.

Seja em duas, três, quatro ou seis rodas: a um road movie é imprescindíevel um bom veículo. Ele é quem define a velocidade do rolo e qual o enquadramento feito. Assim, além de ator, é diretor.Quem mais teria autoridade para falar de estrada senão aquele que vive sobre ela?

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