Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Tom Brady: 45 anos do Maior de Todos os Tempos

GOAT, marido da Gisele, amigo de Trump e pupilo de Belichick: as faces do maior quarterback da história

Tom Brady é um dos maiores atletas da história. Seus prêmios individuais e coletivos acumulados na carreira o tornam um modelo para os amantes do futebol americano e as atuações em campo formaram uma dinastia com o New England Patriots. O mais vitorioso jogador na NFL soma 45 anos de vida e a narrativa de ser o GOAT (Greatest of All Time: em português, o maior de todos os tempos) no esporte.

 

O começo da vida

Em 3 de agosto de 1977, Thomas Edward Patrick Brady Jr nasceu na cidade de San Mateo, na Califórnia. Aos 4 anos, Brady teve o seu primeiro contato memorável com o futebol americano: ele assistiu o San Francisco 49ers do seu ídolo – e lendário quarterback Joe Montana vencer o Dallas Cowboys na NFC Championship de 1981.

Durante a juventude, era a sua atuação no baseball que atraia recrutadores de universidades. Em 1995, ao graduar-se na Junípero Serra High School, Brady foi selecionado no Draft da MLB (Major League Baseball) pelo Montreal Expos. No entanto, a sua preferência pelo futebol americano,somada às ótimas partidas no estado, prevaleceram e o jovem decidiu seguir o programa de bolsa na Universidade de Michigan.

Como a sétima opção na posição de quarterback, Brady considerou a transferência para outras universidades que o permitissem mais tempo em campo. As duas temporadas como reserva foram seguidas por uma na qual ele intercalava quartos com outro atleta, porém a sua frieza em momentos decisivos dos jogos o garantiu como titular no seu último ano. As 369 jardas e 4 touchdowns totais contra a Universidade de Alabama no Orange Bowl de 2000 encerraram uma passagem brilhante de Brady no programa.

 

O início na NFL e a consolidação como QB1 (2000-2001)

Depois do último ano na Universidade de Michigan, Tom Brady passa a traçar seus caminhos na história da NFL. A  expectativa era de que ele fosse selecionado no Draft (evento do futebol americano onde os times da liga principal escolhem novos jogadores, que normalmente estão saindo da faculdade, para seus elencos) pelo San Francisco 49ers, time que Brady torcia na infância e o fez se apaixonar pelo esporte da bola oval. Mas o mau desempenho do atleta no Scouting Combine (evento onde os olheiros de cada time podem avaliar os atletas antes do Draft) fez com que ele deixasse de ser um dos principais alvos das equipes e fosse selecionado como a 199º escolha no Draft de 2000, pelo New England Patriots.

Cartela de Brady no Draft Combine. [Imagem: Reprodução]

Mesmo estando no time da Nova Inglaterra, as coisas não começaram nada fáceis para o garoto da Califórnia. Bruno Slonik, comentarista esportivo e especialista em futebol americano, conta: “No primeiro ano do Tom em 2000, ele só não foi cortado porque um dos quarterbacks do time se machucou, e ele acabou virando um dos quarterbacks de treino”. Mas a inteligência e a dedicação do Brady impulsionam mudanças. “Durante a temporada, ele começou a impressionar, pois conhecia as jogadas melhor do que os outros jogadores de sua posição.

Na pré temporada do ano seguinte, em 2001, Tom deixou de ser o quarto quarterback do time e passou a ser o reserva imediato de Drew Bledsoe. A concorrência era muito grande, Bledsoe era espetacular… mas em um dos primeiros jogos da temporada de 2001, Bledsoe levou uma pancada que o fez ficar fora dos gramados por um bom tempo e quase tirou sua vida. Depois desse episódio, Tom Brady assumiu a titularidade dos Patriots para não perder mais.

 

A primeira fase da dinastia (2001-2004)

No final da temporada de 2001, Drew Bledsoe volta a ter condições de jogo, mas o técnico principal dos Patriots, Bill Belichick banca o camisa 12 como titular. A estratégia funciona e os Patriots conquistam seu primeiro título da NFL, na primeira temporada de Brady como quarterback principal. Slonik ressalta os pontos marcantes dessa conquista. “O que mais marcou nesse título foi a capacidade dele (Tom Brady) de conduzir o time o campo inteiro, nos últimos minutos e com poucos tempos para pedir. A visão que ele tem de jogo é algo que só o Joe Montana (ídolo de Brady) tinha, Brady conhecia (e conhece) as jogadas como ninguém… 2001 foi a mudança na vida do Tom Brady, do Bill Belichick, dos Patriots e da história da NFL.”

Na temporada de 2002, mesmo Tom Brady sendo o jogador da NFL com mais passes para touchdown na temporada regular, os Pats não se classificaram para os playoffs. Mas o título de 2001 foi só o primeiro de uma verdadeira dinastia.“E aí vem o domínio… o time dos Patriots foi sendo montado em volta do Brady, eles começam a contratar jogadores de linha ofensiva para protegê-lo. É importante lembrar que o Brady tem 7 títulos, 3 deles aconteceram de 2001 até 2004. Foram 3 títulos em 4 anos, ninguém pensou que isso seria possível, mas ele conseguiu”, conta Slonik.

Brady recebe o snap no Super Bowl XXXIX vs Eagles. [Imagem: Reprodução/Wikimedia Creative Commons]

A infame temporada de 2007

A temporada regular de 2007 foi uma das maiores demonstrações do que Brady era capaz de fazer. Nessa época, ele tinha à disposição um ótimo time, um grande departamento de scouts e tecnologia, além de seu preparo e confiança inigualáveis. O New England Patriots obteve uma campanha 16-0 antes dos playoffs, se tornando o primeiro time da história a conseguir fazer isso naqueles moldes de temporada (Em 1972 o Miami Dolphins foi o único campeão invicto na história da NFL. Na época a temporada regular tinha apenas 14 jogos, os Playoffs daquele ano foram concretizados em 3 partidas para o time de Miami) . Nos playoffs, os Patriots bateram os Jacksonville Jaguars na final da Divisão e os Los Angeles Chargers na final de Conferência, chegando ao Super Bowl XLII invictos, com 18-0 (temporada regular e os playoffs). Na final, o time liderado por Tom Brady enfrentou o New York Giants. Bruno exemplifica o quanto o time de Nova York era azarão: “A cada 1 dólar que você apostava no Giants em 2007, o possível retorno era de 180 dólares. Era Davi contra Golias”.

Num jogo muito difícil, que terminou 17 a 14, Davi venceu Golias. O New York Giants se tornou campeão, com um dos desfechos mais improváveis da história do futebol americano. Slonik conta que, até hoje, Tom Brady diz que essa foi a maior derrota de sua carreira. Recentemente, Brady afirmou que trocaria facilmente dois de seus 7 títulos, por um de maneira invicta.

Seca: longos anos de derrotas na AFC

Após a dolorida derrota no Super Bowl XLII, os Patriots abriram a temporada de 2008 em casa contra os Kansas City Chiefs, mas ainda no primeiro quarto, Brady sofreu rompimentos no ligamento cruzado anterior e no ligamento colateral medial, que encerraram sua temporada.

No ano seguinte, em 2009, os Patriots seriam eliminados nos playoffs pelo Baltimore Ravens com três interceptações de Brady, recuperado de sua lesão.

O contrato de 72 milhões de dólares (123 milhões de reais na cotação da época) assinado no verão de 2010 tornou Brady o jogador melhor pago na liga. Com 36 touchdowns passados e apenas 4 interceptações na temporada, recebeu seu segundo prêmio de MVP na carreira, mas revés para o New York Jets na final da Divisão culminou no sexto ano seguido sem um título.

Na primeira semana da temporada de 2011, Tom lançou para 517 jardas e 4 touchdowns em uma vitória dominante contra os Miami Dolphins. Uma exibição atípica – nenhum touchdown lançado e um corrido – diante do Ravens não impediu os Pats de conquistarem a AFC. Contudo, o enredo de 2007 se repetiu: os Giants superaram os Patriots no último minuto do Super Bowl XLVI e Brady novamente amargou uma derrota para Eli Manning.

 

Brady no SBXLVI. [Imagem: Reprodução/Wikimedia Creative Commons]

2012 seria marcado por mais uma campanha temporada regular vitoriosa e nova derrota na final de Conferência para os Ravens, que eventualmente seriam campeões naquele ano. Já em 2013, múltiplas alterações no setor ofensivo atrapalharam o desenvolvimento dos Patriots, que sucumbiram diante do Denver Broncos na mesma fase do ano anterior.

 

A segunda fase da dinastia (2014-2018)

O Super Bowl XLIX foi o sexto disputado por Tom Brady, atingido após a sua quarta aparição seguida na partida da final de Conferência – uma vitória por 45 a 7 contra o Indianapolis Colts. Os 37 passes completados para 328 jardas e 4 touchdowns foram os elementos-chave na conquista do terceiro MVP do Super Bowl e do quarto anel.

Três meses depois, a NFL publicou um relatório sobre o esvaziamento de bolas na partida da final de Conferência, entre New England e Colts. A conclusão foi de envolvimento de Brady nessa prática, que favoreceu New England. Assim, o atleta recebeu uma suspensão de 4 jogos, que viria a ser paga somente em 2016. Pela quinta temporada consecutiva, os Patriots de Brady chegaram à final de Conferência, onde pararam no Broncos de Peyton Manning. Essa partida foi a última na qual os dois quarterbacks se enfrentaram.

Ao cumprir a suspensão nos primeiros quatro jogos da temporada de 2016, o GOAT superou o Houston Texans e o Pittsburgh Steelers para conquistar a AFC pela sétima vez e chegar ao Super Bowl LI. Contra o Atlanta Falcons do MVP Matt Ryan, os Patriots estiveram atrás no placar por 28 a 3 até o final do terceiro quarto. Porém, quatro campanhas ofensivas seguidas com pontuação e quatro paradas defensivas levaram a partida à prorrogação – a primeira vez em que um Super Bowl foi decidido com tempo extra. Oito jogadas e 75 jardas depois, o touchdown do running back James White deu à franquia seu quinto título. Brady foi nomeado MVP do Super Bowl.

Pela terceira vez em sua carreira, uma temporada colossal e múltiplos recordes quebrados o levaram a receber o prêmio de jogador mais valioso. Em sua oitava aparição na partida decisiva do ano, o Super Bowl LII, Tom Brady saiu derrotado por um adversário pela terceira vez na sua carreira.

Entretanto, ele voltaria com os Patriots ao maior palco da NFL na temporada seguinte, quando enfrentou o Los Angeles Rams no Super Bowl LIII. Mesmo sem conectar para touchdown, Brady colocou seu time em posição de triunfar, por 13 a 3. No ano seguinte, dificuldades no relacionamento entre Brady e Belichick, um setor ofensivo estagnado e a ascendência de jovens equipes culminou na eliminação dos Patriots no primeiro round dos playoffs, diante do Tennessee Titans. Seu último passe por New England foi interceptado e ali se encerrou uma dinastia.

 

Tom Brady nos Buccaneers: uma aventura na Flórida 

Depois da história ser escrita em New England, Tom Brady resolveu respirar outros ares. Sabendo que os Patriots não ofereciam o que ele precisava naquele momento para voltar a ser campeão, sua escolha foi o Tampa Bay Buccaneers. Além disso Brady queria a tranquilidade, em Tampa a pressão não é muito grande. O projeto dos Buccaneers se mostrou espetacular, o time tinha uma boa linha ofensiva e um elenco repleto de estrelas que o ajudariam a continuar sendo competitivo, ele se encantou, queria voltar a vencer.


Tom Brady em ação pelo Buccaneers contra Washington pelos playoffs de 2020. [Imagem: Reprodução/Wikimedia Creative Commons]
Sua primeira temporada na Flórida foi a de 2020. Depois de um 11-5 na temporada regular e certa desconfiança por parte da imprensa, Tom demonstrou que não estava velho demais para ganhar. Com seu poder de decisão extremamente aguçado, ele conduziu o Tampa Bay Buccaneers ao seu segundo título em toda a história. Vale destacar que outro tabu foi quebrado nesta conquista, foi a primeira vez na história que um time jogou o Super Bowl  em seu próprio estádio. Essa conquista foi muito marcante, pois ele passou a acumular 7 campeonatos, mais títulos do que cada uma das duas franquias mais vitoriosas da NFL: Patriots e Steelers, que acumulam 6 Super Bowls cada.

Em 2021 a temporada regular foi mais convincente, 13-4. O time estava mais encaixado e entrosado. Brady continuava decisivo, levou o Buccaneers vivo até os últimos lances contra o time que se tornou o campeão daquele ano, o Los Angeles Rams. O time de Tampa perdeu pela distância de um Field Goal numa pane defensiva, depois de um gigantesco jogo do camisa 12. Após o confronto, Tom percebeu que ainda era competitivo, se aposentou, mas voltou atrás e vai jogar pelo menos mais uma temporada.

 

Vida pessoal de Tom Brady: de Gisele a Trump

Em agosto de 2007, nasceu o filho de Tom Brady com sua ex-namorada, Bridget Moynahan. O próximo relacionamento de sua vida foi com a supermodelo Gisele Bündchen, com a qual casou-se em fevereiro de 2009. O casal teve um filho, Benjamin, e uma filha, Vivian. Aliás, a aposentadoria de Tom é um tema recorrente no núcleo familiar.

 

 

Por mais de uma década, o quarterback teve vínculo com a política americana, sobretudo com uma figura polarizadora e controversa: Donald Trump. Em 2017, Brady declarou ser amigo do ex-presidente e que, por vezes, eles se ligavam e jogavam partidas de golf juntos. Um boné com o slogan da campanha presidencial de Trump “Make America Great Again” também foi encontrado no armário do vestiário do atleta.

 

Tom Brady e Belichick: uma relação vitoriosa?

Todos os seis títulos dos Patriots foram conquistados com essa dupla, nos mais de 20 anos em que trabalharam juntos. Essa é a relação de um treinador e jogador mais bem sucedida da história do futebol americano, quando se trata de vencer. Mas ao contrário do que possa parecer, a personalidade forte dos dois sempre dificultou uma amizade que envolvesse a dupla. Slonik descreve um pouco dos problemas dos dois. “Na primeira pré temporada de Brady nos Patriots, Belichick tratava o garoto muito mal. O chamava inclusive de nomes pejorativos, o que foi muito difícil para Tom, que estava adaptado a ter seus treinadores como figuras paternas”.

A relação que já não era das melhores foi piorando com o passar dos anos, Slonik completa: “A estrela dos dois se tornou tão grande que já não cabiam mais no mesmo lugar… a parceria dos dois nunca foi algo bom, em termos de relacionamento. Sempre foi super profissional, dizem que tem Super Bowl que eles ganharam e nem se cumprimentaram depois.”

Tom Brady com Bill Belichik
Brady e Belichick em campo. [Imagem: Reprodução/Flickr]

O maior de todos os tempos

Sete anéis, 5x MVP do Super Bowl, 3x MVP da temporada regular, o jogador com mais jardas passadas, mais touchdowns passados, mais passes completos, o currículo de Tom Brady dispensa apresentações. Líder em touchdowns e jardas lançados no último ano, o multicampeão mostra que ainda atua em alto nível e tem chances de conquistar o oitavo anel. Aos 45 anos de idade e após anunciar o retorno da aposentadoria, Brady se prepara para a sua 23ª temporada e deve solidificar ainda mais o seu legado como o maior jogador de futebol americano de todos os tempos. Seria essa a sua despedida do esporte?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima