O terceiro ouro olímpico do Brasil tem nome e sobrenome. Ou, melhor: dois nomes e dois sobrenomes. Martine Grael e Kahena Kunze ficaram em terceiro lugar na última regata da competição de Vela na categoria 49er FX, mas foi o suficiente para garantir o ouro e a 14ª medalha brasileira, na Baía de Enoshima, em Tóquio, na madrugada desta terça-feira (03/08).
Após o adiamento da decisão final por falta das correntes de vento, Martine e Kahena iniciaram a corrida ao pódio empatadas com as holandesas Annemiek Bekkering e Anette Duetz. A disputa era acirrada e, mesmo tendo grandes chances de entrar no pódio, qualquer erro poderia colocar em cheque a disputa por mais uma medalha para o país. O sucesso, porém, foi alcançado. Somado ao primeiro ouro recebido na Olimpíada de 2016, sediada no Rio de Janeiro, a vitória proporcionou um marco importante na carreira das atletas: o título de bicampeãs olímpicas.
A dupla brasileira finalizou a atuação com 76 pontos perdidos, sete pontos de vantagem em relação às alemãs Tina Lutz e Sussan Beucke, que levaram a medalha de prata. Bekkering e Duetz, por serem a dupla que mais perdeu pontos entre as três, receberam a medalha de bronze.
Diferente dos outros esportes, na Vela vence quem acumula menos pontos na chegada. A disputa na categoria 49er FX consiste em doze provas náuticas de velocidade, denominadas regatas, entre barcos movimentados com a força do vento, das quais Martine e Kahena venceram duas e, nas restantes, ficaram sempre entre as melhores colocações. As provas são delimitadas pelas chamadas boias, espécies de “balizas” realizadas no percurso, e demandam muita organização e estratégia, o que as velejadoras brasileiras tiveram de sobra.
Além de trazerem felicidade ao país — que vibra a cada medalha garantida nas Olimpíadas — Martine e Kahena também são motivo de orgulho para suas famílias, mas não somente pelo bom desempenho. As atletas são filhas, respectivamente, de Torben Grael, também bicampeão nos Jogos de Atlanta (1996) e Atena (2004), e de Claudio Kunze, campeão mundial juvenil nos anos 1980.
Com esse feito, Martine e Kahena ocupam, ao lado de Torben, o grupo de 13 atletas brasileiros que conquistaram o bicampeonato olímpico. No entanto, são as únicas atletas entre homens e mulheres a fazerem isso em torneios seguidos. A terceira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, portanto, não é histórica apenas para a Vela, mas principalmente para todo o esporte nacional.
*Imagem de capa: [Imagem: Júlio César Guimarães/COB]