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‘Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda’: uma continuação que valeu a espera

Com humor, coração e dose generosa de nostalgia, a sequência é uma comédia familiar que acerta ao atualizar a fórmula do clássico da Disney sem perder sua essência encantadora
Por Brunno Praes (brunnohenriquepraes@usp.br)

Estreia nesta quinta-feira (7) o novo filme de comédia estrelado por Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan, dirigido por Nisha Ganatra e roteirizado por Jordan Weiss: Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda (Freakier Friday, 2025). A trama é uma sequência do filme Sexta-Feira Muito Louca (Freaky Friday, 2003), que foi baseado no romance literário de Mary Rodgers. Tess (Jamie Lee Curtis) e Anna Coleman (Lindsay Lohan) trocam de corpos novamente, 22 anos depois, nesta sequência que promete resgatar a nostalgia da comédia da Disney e apresentar sua história icônica e familiar para uma nova geração — com a adição de novos personagens e mais uma confusão sobrenatural.

Após os eventos inusitados de Sexta-Feira Muito Louca, mãe e filha, que trocaram de corpos e aprenderam lições valiosas, agora enfrentam uma situação ainda mais estranha. Anna, agora mãe de Harper (Julia Butters), se prepara para ser madrasta de Lily (Sophia Hammons) ao se casar com Eric (Manny Jacinto). Enquanto isso, Tess, agora avó, vive um momento de grande mudança com a possibilidade da filha e a neta se mudarem de país. Tess e Anna descobrem que, de algum modo, o raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar — e logo na semana do casamento. As quatro mulheres da família trocam de corpos, e as adolescentes assumem a identidade das adultas, aproveitando o fenômeno sobrenatural para tentar acabar com o noivado dos pais.

As filmagens começaram em Los Angeles em junho de 2024 e o primeiro teaser do filme foi divulgado no YouTube em 14 de março de 2025 [Imagem: Reprodução/IMDb]

O longa reúne grande parte do elenco original, como Chad Michael Murray, Mark Harmon, Christina Vidal, Haley Hudson, Rosalind Chao, Lucille Soong e Stephen Tobolowsky. Entre os novos integrantes do elenco estão Julia Butters, Sophia Hammons, Manny Jacinto, Maitreyi Ramakrishnan, Elaine Hendrix, Chloe Fineman e Vanessa Bayer.

Lohan e Curtis retornam de forma marcante aos papéis que as eternizaram, mantendo viva a conexão emocional construída no primeiro filme. Elas não perderam o ritmo, tampouco a química em cena — algo realmente especial. Além disso, a produção abre espaço para novas subtramas e apresenta rostos inéditos que acrescentam ainda mais brilho à narrativa — e o resultado é simplesmente encantador. Apesar de apostar em uma trama bastante semelhante à do filme anterior, consegue se manter à altura do original. Alimenta a nostalgia dos fãs do longa de 2003 e, ao mesmo tempo, dialoga com as novas gerações por meio das jovens Harper e Lily, ampliando as situações divertidas e as confusões pelas quais o quarteto passa. É um verdadeiro deleite que toda a família vai adorar.

Sexta-Feira Muito Louca é um projeto que marcou toda uma geração e é lembrado até hoje como um dos melhores filmes da Disney. Por isso, sempre houve pedidos dos fãs por uma continuação. Os boatos se intensificaram a partir de 2022, quando Curtis afirmou que, para que a sequência ocorresse, Lindsay precisaria ter idade suficiente para interpretar uma mãe de adolescente. Logo depois, Lindsay deu à luz seu filho, e as duas começaram a conversar seriamente sobre o projeto. Em março de 2024, Lohan confirmou que a sequência estava em desenvolvimento ativo, e, assim, Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda marca o retorno da atriz ao cinema.

O último grande filme estrelado por Lindsay Lohan foi Vale do Pecado (The Canyons, 2013); desde então, a atriz fez apenas participações especiais e passou a atuar também como produtora executiva [Imagem: Reprodução/IMDb]

Embora compartilhem a mesma premissa, os dois filmes revelam diferenças técnicas e estilísticas que refletem suas respectivas épocas, como trilha sonora, fotografia, montagem, figurino e edição. A trilha sonora de 2003 é praticamente um personagem à parte, pois captura o espírito rebelde adolescente da época. Já em 2025, a música cumpre outro papel: constrói pontes entre gerações, misturando elementos nostálgicos com artistas contemporâneos do pop alternativo.

Da mesma forma, os figurinos neste novo filme assumem um papel narrativo mais simbólico. Representam três gerações — filha, mãe e avó —, cada uma com um estilo marcante, diferentemente dos figurinos do primeiro filme, que foram diretamente influenciados pela estética teen da época.

Lohan e Curtis entregaram performances memoráveis no original, explorando o exagero e a inversão de papéis com perfeição cômica. Era uma comédia sobre as diferenças geracionais. Já na sequência, há espaço para mais nuances. A troca de corpos entre avó, mãe e filha exige variações no tom, e a direção opta por equilibrar o humor físico com momentos de introspecção. A atuação agora também busca empatia, não apenas o riso — o que gera cenas comoventes ao longo da obra.

Outro aspecto relevante diz respeito ao estilo visual adotado pela diretora Nisha Ganatra, que optou por resgatar elementos estéticos abandonados pela Disney em suas produções mais recentes. A abordagem transmite a sensação de que a cineasta buscou dar continuidade à narrativa como se os 22 anos desde o lançamento do filme original não tivessem se passado, preservando uma estética fotográfica característica dos clássicos da distribuidora nos anos 2000.

Além disso, durante todo o filme é possível ver diversas referências — diretas e indiretas, os chamados easter eggs — ao primeiro longa, como o retorno da música Take Me Away, cantada pela fictícia banda Pink Slip, o que reforça a sensação nostálgica para os fãs da franquia. 

No entanto, quem tiver contato apenas com a sinopse do filme pode ter dificuldade para compreender a nova dinâmica de troca de corpos entre múltiplas gerações. Além disso, existem alguns furos no roteiro que não são explicados com exatidão, deixando a questão bastante subjetiva. Não fica claro o motivo pelo qual Lily troca de corpo com Tess, uma vez que ela não tem nenhum parentesco com a personagem de Jamie Lee Curtis, nem há explicação sobre a paternidade de Harper.

Outro ponto que não foi bem desenvolvido é a adição da vidente responsável pela troca de corpos, visto que ela não traz nenhuma novidade a trama. Assim, fica a impressão de ser uma tentativa mal executada de corrigir os estereótipos culturais presentes no filme de 2003, em que uma personagem chinesa é quem faz esse papel sobrenatural. Isso se evidencia pela introdução de uma personagem mística mais respeitosa, enquanto a personagem asiática do filme anterior aparece apenas como figurante nesta nova versão.

Contudo, a experiência proporcionada por Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda, acima de tudo, foi feita para divertir o público de forma leve, incorporando diversas referências nostálgicas. É o dobro da diversão e o dobro da doçura do original. O que no primeiro filme era rebeldia e impulso, agora se transforma em reflexão e afeto. E isso, por si só, já mostra o quanto o cinema pode evoluir — mesmo quando a sexta-feira continua… muito louca.

Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer:

*Imagem de Capa: Reprodução/IMDb

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