Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Versão brasileira… Herbert Richers

Basta ler o título deste texto para ser transportado para o sofá de casa, onde você passava sua infância sem preocupações assistindo a algum daqueles filmes consideravelmente aleatórios e agressivamente cortados que preenchiam as tardes dos canais abertos. No início da maior parte deles, o mistério: quem é o dono desse nome incomum? Herbert Richers …

Versão brasileira… Herbert Richers Leia mais »

Basta ler o título deste texto para ser transportado para o sofá de casa, onde você passava sua infância sem preocupações assistindo a algum daqueles filmes consideravelmente aleatórios e agressivamente cortados que preenchiam as tardes dos canais abertos. No início da maior parte deles, o mistério: quem é o dono desse nome incomum?

herbert richards 1

Herbert Richers nasceu em Araraquara, em 11 de março de 1923. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1942, inicialmente com planos de cursar engenharia. A primeira grande guinada em direção à produção audiovisual aconteceu quando ele foi empregado como câmera por ninguém menos que Walt Disney. O americano havia vindo ao Brasil em meio à política do New Deal de Franklin Delano Roosevelt, com o objetivo de cumprir a política de boa vizinhança e, de quebra, gravar um documentário. Alguns anos depois, Herbert viajou aos Estados Unidos para visitar Walt, ocasião na qual este o aconselhou a entrar no negócio da televisão e mais especificamente, das dublagens. E ele não ficou só no conselho, não: logo de cara, Disney já lhe encarregou de fazer a dublagem do Zorro e de representá-lo no Brasil.

Apesar disso, Richers nunca chegou a fazer a dublagem de fato: desde seu início no ramo – a companhia de dublagem e legendagem que leva seu nome foi fundada na década de cinquenta, pouco tempo depois de sua conversa com Walt Disney – Herbert assumiu a função de coordenador. Com uma fada madrinha um tanto especial, o estúdio chegou a realizar 80% das dublagens do mercado nacional nos anos cinquenta. Mas ele, é claro, também teve seus (grandes) méritos: em meio a uma atividade realizada sem muitos critérios, o estúdio introduziu um novo padrão de qualidade ao país, sendo extremamente exigente na escolha dos atores e se preocupando em ter entre seus contratados apenas aqueles que eram verdadeiramente capazes de realizar a arte da dublagem. É importante lembrar que as traduções não eram apenas do inglês para o português: o estúdio também foi responsável pela dublagem de icônicas novelas mexicanas como A Usurpadora (La Usurpadora, 1998), Maria do Bairro (María la del Barrio, 1995) e Rebelde (2004).

Mesmo figurando em nossas memórias como exclusivamente relacionado à adaptação de conteúdos estrangeiros para nossa língua, a companhia Herbert Richers também produziu mais de oitenta títulos, entre eles Vidas Secas (1963) e Garrincha, alegria do povo (1962).

herbet richards 3
Imagem de divulgação do filme Vidas Secas, produzido pela Herbert Richers

Após a morte de seu dono, em 2009, a empresa encerrou suas atividades. A decadência já estava em curso desde a flexibilização da lei trabalhista em 2003, que permitiu aos dubladores gravar em outros estúdios, sem vínculo empregatício. Essa nova dinâmica de trabalho resultou na proliferação de novos estúdios, que passaram a oferecer serviços a preços (e qualidade) bem mais baixos que aquela que então dominava o mercado. Em meio a 28 ações trabalhistas que totalizavam aproximadamente oito milhões de reais, o imóvel que abrigava o estúdio foi penhorado e leiloado em 2012. Seu extenso acervo – que conta com 4000 títulos, entre desenhos animados, novelas, séries e filmes –  foi levado à Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.

por Bárbara Reis
barbara.rrreis@gmail.com

 

1 comentário em “Versão brasileira… Herbert Richers”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima