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A Maldição da Chorona: mais um filme do universo expandido de James Wan, para o bem e para o mal

Por Anderson M. Lima anderson.marques.lima@usp.br Você está dormindo e subitamente ouve um choro angustiante no meio da noite. Acolhido em seu lar, você acorda, levanta e vai até a janela. Ao olhar para o jardim, lá está ela: La Llorona e seu habitual vestido branco. Uma pessoa nascida no México ou familiarizada com a cultura …

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Por Anderson M. Lima
anderson.marques.lima@usp.br

Você está dormindo e subitamente ouve um choro angustiante no meio da noite. Acolhido em seu lar, você acorda, levanta e vai até a janela. Ao olhar para o jardim, lá está ela: La Llorona e seu habitual vestido branco. Uma pessoa nascida no México ou familiarizada com a cultura local reconheceria esse relato quase imediatamente, no entanto, apesar de ser um mito folclórico do povo mexicano, você provavelmente já ouviu a própria vertente brasileira, tal como a Dama de Branco.

Amante de histórias de terror, James Wan (Aquaman, Velozes e Furiosos 7, Sobrenatural, Invocação do Mal) criou seu próprio universo expandido, com Invocação do Mal sendo seu principal condutor, e ao arrecadar muito dinheiro com seus filmes, alguns spin-offs desse próprio universo acabaram surgindo no decorrer dos anos. A Maldição da Chorona (The Curse of La Llorona, 2019) chega para continuar esse legado, e tenta não cair na mesmice, já que aos poucos a fórmula parece começar a ficar batida, tal como aconteceu com o último longa desse universo, A Freira (2018). E o diretor Michael Chaves (futuro diretor de Invocação do Mal 3) consegue esse feito?

A Maldição da Chorona possui um fator diferencial em seu ponto-chave: os acontecimentos que determinam o surgimento da vilã do filme. Uma mãe traída, que em ato de desespero ceifa a vida de seus dois filhos. Ao ver o que havia feito, não aguenta a dor interna de seu ato, e  tira sua própria vida. Apesar de se tratar de um monstro sobrenatural, La Llorona já foi humana, e ao viver essa linha tênue entre o amor e o ódio (comum a qualquer ser humano), sucumbe ao seu lado vingativo. Ela não é um demônio surgido dos confins das trevas, e por ser algo mais usual a nossa realidade, se torna algo mais natural,  aproximando o espectador de seu sofrimento.

A mistura da cultura norte-americana com a mexicana é outro fator a ser notado. Essa união da cultura local com a religião cristã e seus próprios aspectos nos mostra a forma peculiar que cada povo trata sua espiritualidade, e o filme passa uma mensagem importante ao tratar esse assunto: “não importa o que eles acreditam (rituais e costumes), mas sim no que eles acreditam (Deus)”. Essa definição é demonstrada especialmente depois da morte de determinado personagem, onde mesmo sendo de vertente católica, a pessoa é submetida a rituais característicos de seu povo, de sua terra, e não uma missa comum.

O longa  tem cenas muito bem construídas, principalmente na preparação de seus jumpscares e pela linda fotografia, o problema é a conclusão dessas cenas, que geralmente são previsíveis e não trazem muitas novidades ao gênero. Um exemplo disso é a perseguição às crianças na parte final, onde a tensão é colocada passo a passo, mas obviamente caindo numa facilidade de roteiro (quase um Deus Ex-Machina) para conseguir ser findada. O uso exagerado de efeitos visuais em algumas cenas também atrapalha o desenvolvimento da tensão, já que tira aquilo que estava crível e nos mostra novamente que isso é apenas um filme (por exemplo, algumas aparições da Llorona).

Algo que esse universo expandido de Invocação do Mal nunca errou foi na escolha de seus personagens mirins, e A Maldição da Chorona traz mais um acerto nesse quesito, pois a atuação dos atores mirins é o destaque do filme, especialmente o personagem Chris Garcia (Roman Christou) que transmite a sensação de medo e angústia ao espectador de forma muito natural para sua idade. Isso não significa que os outros atores desempenham seu papel de forma  imprópria, pois a maioria faz aquilo que o roteiro pediu, demonstrando suas motivações de forma convincente, seja ele herói ou vilão. Principalmente ao considerarmos as atuações das mães no longa, Anna Garcia (Linda Cardellini) e Patricia (Patricia Velasquez), cada uma com seus próprios atributos. Antes de mais nada, A Maldição da Chorona é um filme sobre mães: a mãe traída, a mãe viúva, a mãe angustiada e o que cada mãe faria e enfrentaria para salvar seus filhos (ou levá-los).

As crianças experienciam situações complexas e aterrorizantes, mas os respectivos atores mirins interpretam muito bem e acabam sendo o destaque do filme [Imagem: Warner Bros. France]

O ritmo do longa é quebrado em determinadas partes, principalmente, em momentos de comédia provocados por certo personagem, mas como isso acontece meio que acidentalmente, as cenas não ficam forçadas (ou ficam, depende do humor de cada espectador). Independente disso, aquela pessoa que procura um filme 100% tensão e susto, não vai achar isso em A Maldição da Chorona.

A trama poderia ser facilmente considerada um filme independente, mas a necessidade de sempre ter longas conectados acaba trazendo a história para um universo muito maior e a forma como este se conecta ao restante desse universo pode agradar algumas pessoas, como também descontentar outros.

Os próximos passos desse universo precisam ser pensados de forma minuciosa, pois podem acabar caindo em clichês típicos do gênero, algo que acontece nesse filme, mas devido ao folclore envolvido, uma vilã relacionável, e boas atuações, A Maldição da Chorona é uma maneira concisa de continuar esse caminho de sucesso, pensando no amanhã, mas com o devido cuidado.

O longa tem estreia prevista para o dia 18 de Abril no Brasil. Confira o trailer:

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