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A mudança de pensamento sobre as tatuagens no Brasil

Imagem: Giovanna Jarandilha/Comunicação Visual Pergunte aos seus avós e pessoas mais velhas o que eles acham sobre tatuagem e eles lhe dirão as mesmas coisas: “é feio”, “não gosto”, “coisa de bandido”, “pra que fazer isso? uma pessoa tão linda…”. A desaprovação é quase unânime para as gerações mais velhas, e contrasta com a opinião …

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Imagem: Giovanna Jarandilha/Comunicação Visual

Pergunte aos seus avós e pessoas mais velhas o que eles acham sobre tatuagem e eles lhe dirão as mesmas coisas: “é feio”, “não gosto”, “coisa de bandido”, “pra que fazer isso? uma pessoa tão linda…”. A desaprovação é quase unânime para as gerações mais velhas, e contrasta com a opinião das gerações dos anos 1980 em diante.

Isso ocorre porque a tatuagem, embora exista há milhares de anos, é algo muito recente no Brasil, inserida nos anos 1980. A arte de marcar a pele se instalou inicialmente nas zonas portuárias brasileiras, habitadas por marinheiros, trabalhadores braçais, prostitutas, usuários e traficantes de drogas. Dessa forma, a associação da tatuagem às pessoas marginalizadas da sociedade se tornou automático para a população brasileira. A tatuagem se tornou um estereótipo de tudo aquilo que a opinião pública conservadora reprovava.

A aceitação e incorporação da tatuagem como arte no Brasil levou tempo, e três fatores contribuíram para que isso fosse possível. O primeiro foi a adesão de tatuagens por artistas e famosos nacionais e internacionais. Carlinhos Tattoo, um dos primeiros tatuadores do país, conta que a tatuagem era uma estranha no Brasil, mas não fora dele. Assim, com a televisão e revistas, o brasileiro começou a ver pessoas tatuadas que eram admiradas e aclamadas pelo público. Tatuagens marcantes como o Cristo de David Beckham e a fênix de Luize Altenhofen, por exemplo, foram tatuagens que chamaram muito a atenção do público quando expostas na mídia e foram copiadas depois de assimiladas.

Outro fator importantíssimo para desmistificar a tatuagem, segundo Paulo Tattoo, outra lenda da tatuagem brasileira, foi a aprimoração de técnicas de desenho na pele e da modernização das máquinas. O estilo de tatuagem conhecido como “Old School” só se tornou um estilo depois que novas formas de desenho foram sendo aprimoradas, mas antigamente toda tatuagem era feita desse jeito, porque era como o tatuador poderia passar o desenho para a pele com os materiais disponíveis no Brasil. Com a chegada de materiais mais modernos (como máquinas, agulhas e tintas), a tatuagem se torna cada vez mais personalizada, o que reforça a ideia de uma expressão individual, e estimula o consumo desse tipo de arte, pois os desenhos começam a agradar um público maior.

Além disso, o que ajudou o público a perder esse medo da tatuagem foi a desmistificação do processo de realização de tatuar. Antigamente, por ser associada ao mundo underground e às penitenciárias, a tatuagem era vista como suja e  uma forma de passar doenças como HIV e hepatite. Sérgio Leds, dono de um dos grandes estúdios de São Paulo, o Led’s Tattoo, disse que esse estigma da tatuagem afastava as pessoas por medo de se infectar. O aumento da fiscalização de estúdio, as convenções de tatuagens e a medicina preventiva foram determinantes para informar e aproximar a população do processo de fazer a tatuagem. Dessa forma, foi-se diluindo o medo geral de se fazer uma e a tatuagem perde essa ideia de sujeira e de submundo.

A tatuagem possui hoje um status artístico perante a sociedade. Embora algumas entidades e pessoas ainda sejam conservadoras quanto a ela, essa arte tem tudo para crescer e superar cada vez mais seus preconceitos, conquistando seu espaço na sociedade brasileira.

Por Letícia Martins Tanaka
leticiamtanaka@usp.br

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