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Cinemas drive-in: entretenimento em tempos de pandemia

Considerados retrô e nostálgicos, os cinemas drive-in são uma alternativa segura de entretenimento em tempos de Covid-19 e podem ser os salvadores da indústria cinematográfica.  Em diversos países, esse modelo de cinema, que foi um sucesso entre as décadas de 1950 e 1960, ganha um novo fôlego durante a pandemia. E o Brasil não fica …

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Considerados retrô e nostálgicos, os cinemas drive-in são uma alternativa segura de entretenimento em tempos de Covid-19 e podem ser os salvadores da indústria cinematográfica. 

Em diversos países, esse modelo de cinema, que foi um sucesso entre as décadas de 1950 e 1960, ganha um novo fôlego durante a pandemia. E o Brasil não fica de fora. Além dos já existentes Cine Drive-In (Brasília – DF) e CineCar (Interlagos – SP), o shopping Litoral Plaza recebeu um espaço drive-in em parceria com a Cinesystem, o Memorial da América Latina foi transformado em cinema drive-in por iniciativa do Petra Belas Artes, e a Dream Factory anunciou o projeto de uma rede de cinemas desse tipo, estimado para o mês de julho.


Para entender melhor

Caracterizados como grandes espaços ao ar livre, em que as pessoas podem assistir aos filmes em seus próprios carros, os cinemas drive-in foram o auge do “American Way of Life” (o “estilo de vida americano” foi um modelo de comportamento baseado no consumismo e na padronização social, sustentado pela crença nos valores democráticos liberais, que surgiu nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial). Mas engana-se quem pensa que esse modelo de cinema surgiu na época da brilhantina.

A primeira experiência aconteceu na cidade de Las Cruces, no México, em um espaço parcialmente drive-in. O Theatre Guadalupe era um ‘Outdoor Cinema’ (cinema montado ao ar livre), que contava com um espaço para veículos.

Outras experiências ocorreram durante a década de 1920, mas foi em 1933 que a invenção foi patenteada por Richard Hollingshead. Buscando solucionar o problema de sua mãe, que reclamava do desconforto dos assentos dos cinemas para pessoas acima do peso, Hollingshead fez diversos testes no quintal de sua casa, até abrir seu cinema drive-in em Nova Jersey. 

Aos poucos a prática foi se popularizando e, contando com o apelo comercial de ser um entretenimento econômico e confortável para as famílias, atingiu seu auge entre as décadas de 1950 e 1960. Nesse período, a tecnologia já permitia que o público ouvisse o áudio do filme dentro dos automóveis, através de frequências AM ou FM, e os Estados Unidos chegaram a ter mais de 4 mil cinemas drive-in, principalmente em áreas rurais.

 

Em 1948, o ex-piloto naval Edward Brown Jr. abriu o primeiro “Fly-In Drive-In Theatre” em Nova Jersey, com capacidade para 500 carros e 25 aviões [Imagem: Reprodução]
Já ouviu falar de ‘fly-in’? Em 1948, o ex-piloto naval Edward Brown Jr. abriu o primeiro “Fly-In Drive-In Theatre” em Nova Jersey, com capacidade para 500 carros e 25 aviões [Imagem: Reprodução]

Atualmente, aproximadamente 400 drive-ins ainda estão funcionando nos EUA, e cerca de 100 outros estão espalhados em diversos países, principalmente no Canadá, na Austrália e em países europeus. Em entrevista à Smithsonian Magazine, Jim Kopp, da United Drive-In Theatre Owners Association, afirmou que o conceito está subitamente se tornando popular na China.


Cinemas drive-in na pandemia

A grande maioria dos drive-ins nos Estados Unidos são sazonais: funcionam a partir do começo do verão. Mas, devido à pandemia, muitos proprietários decidiram antecipar a abertura em 2020. Com o fechamento de cinemas convencionais, os cinemas drive-in estão recuperando a popularidade em todo o mundo. Gerentes do Paramount Drive-In declararam que a venda de ingressos chegou a dobrar, em reportagem ao Los Angeles Times.

Em alguns estados norte-americanos, cinemas drive-in são utilizados para a realização de velórios, o que permite que amigos e familiares se despessam de seus entes queridos, sem colocar em risco a própria saúde.

 

Dubai não fica de fora e carros de luxo lotam o novo cinema drive-in, montado no terraço de um dos maiores shopping centers do mundo [Imagem: Ahmed Jadallah/Reuters]
Dubai não fica de fora e carros de luxo lotam o novo cinema drive-in, montado no terraço de um dos maiores shopping centers do mundo [Imagem: Ahmed Jadallah/Reuters]

Já na Europa, promotores de eventos estão testando novos formatos de exibições e performances, que mantenham o distanciamento social. Na Alemanha, os drive-ins renascem, mas não apenas para aproveitar filmes. São realizados cultos e shows, assistidos de dentro dos carros. Estima-se que cerca de 30 novos espaços drive-in alemães foram inaugurados desde o início da pandemia.

Empreendedores também apostam nesse tipo de entretenimento na Dinamarca. Já na Lituânia, os organizadores do Vilnius International Film Festival decidiram montar um cinema drive-in no aeroporto da cidade, que está deserto devido ao cancelamento de voos.

O maior cinema drive-in europeu, localizado na Espanha, também passou por algumas mudanças e está pronto para reabrir, com novas normas de segurança, de forma a não colocar em risco a saúde dos espectadores. O Autocine Madrid RACE retomará as atividades exibindo o clássico Grease – Nos Tempos da Brilhantina (Grease, 1978).

 

John Travolta e Olivia Newton-John estrelam Grease - Nos Tempos da Brilhantina, musical que marcou os jovens na década de 1970 [Imagem: Paramount Pictures]
John Travolta e Olivia Newton-John estrelam Grease – Nos Tempos da Brilhantina, musical que marcou os jovens na década de 1970 [Imagem: Paramount Pictures]


A realidade dos cinemas drive-in no Brasil

Embora não tão popular quanto nos EUA, o cinema drive-in também teve sua época de ouro no Brasil, em especial o Cine Drive-In de Brasília, nas décadas de 1970 e 1980. Após ameaças de empresários, o drive-in se tornou Patrimônio Cultural e Material do Distrito Federal, em 2018. 

Em entrevista ao jornal O Globo, Marta, proprietária do Cine Drive-In, analisa a situação dos drive-in no Brasil e no mundo: “acho que o crescimento de shoppings e complexos exibidores desestimulou esta cultura de cinema ao ar livre. Drive-in só funciona à noite, com número limitado de sessões, e isto não é interessante comercialmente. As distribuidoras privilegiam os complexos de cinema, pois faturam mais.”

 

O drive-in de Brasília foi homenageado no filme O Último Cine Drive-In (2015), dirigido por Iberê Carvalho [Imagem: divulgação]
O drive-in de Brasília foi homenageado no filme O Último Cine Drive-In (2015), dirigido por Iberê Carvalho [Imagem: divulgação]

Apesar da aposta em uma valorização desse tipo de exibição no momento pós-pandemia da Covid-19, Tiago Falero, do CineCar, se queixa da falta de incentivo governamental e afirma que a maior dificuldade em se manter um cinema drive-in é o alto custo dos filmes junto às distribuidoras. O CineCar possui com uma plataforma móvel de cinema para desenvolver projetos itinerantes que, contando com o patrocínio de prefeituras ou da iniciativa privada, exibe gratuitamente longas para as mais de 90% das cidades brasileiras que não possuem cinema.

“Não tenho dúvida que o melhor momento [para o cinema drive-in brasileiro] está sendo atualmente, infelizmente, devido à pandemia, onde é a única maneira de lazer que a população pode desfrutar sem correr riscos. O crescimento do público no período de isolamento vai acontecer caso as autoridades percebam a importância do cinema drive-in durante a pandemia. O público está em busca do cinema drive-in não só pela segurança no período de pandemia, como também para viver uma nova experiência e sair do confinamento”, afirma Tiago.

 

Letreiro aceso do Cine Drive-In, em Brasília [Imagem: divulgação]
Letreiro aceso do Cine Drive-In, em Brasília [Imagem: Divulgação]

Durante a quarentena, os eventos públicos permanecem proibidos. Mesmo com o retorno de algumas atividades, o encontro de massas ainda precisa ser drasticamente reduzido. É aí que está a grande oportunidade para os drive-ins, capazes de oferecer uma forma de entretenimento segura em tempos tão incertos. 

2 comentários em “Cinemas drive-in: entretenimento em tempos de pandemia”

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