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Entre a crítica e o aplauso, aprendizado

No último sábado, 17, ocorreu, no auditório Paulo Emílio, na ECA-USP, o evento Entre a Crítica e o Aplauso: Jornalismo Cultural. Organizado pela Jornalismo Júnior, o encontro contou com a presença de vários profissionais com experiência na área e abrigou debates interessantes sobre o assunto. Para quem não estava presente, fizemos uma cobertura do que …

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No último sábado, 17, ocorreu, no auditório Paulo Emílio, na ECA-USP, o evento Entre a Crítica e o Aplauso: Jornalismo Cultural. Organizado pela Jornalismo Júnior, o encontro contou com a presença de vários profissionais com experiência na área e abrigou debates interessantes sobre o assunto. Para quem não estava presente, fizemos uma cobertura do que rolou de mais importante em cada uma das mesas.

Entretenimento

O início do evento contou com um grupo de profissionais de diferentes empresas, instituições e revistas para falar sobre Jornalismo Cultural no ramo do entretenimento. O mediador do debate foi Paulo Henrique Moura, jornalista especializado em Mídia, Informação e Cultura pela USP e atual professor do Centro Universitário Belas Artes. Paulo abre a conversa elogiando a quantidade de pessoas presentes no auditório, em um sábado depois do almoço, para ouvir sobre Jornalismo e direciona a conversa para que cada um dos palestrantes fale sobre a sua experiência em suas respectivas redações. 

“A gente fica sempre em contato com leitoras, fico de olho em tudo que estão vendo e ouvindo”, fala Gabriela Zocchi, formada em Jornalismo e atual editora da seção de entretenimento da marca Capricho. Ela conta que, por meio de grupos como o Galera Capricho e estatísticas de quizzes disponíveis, eles conseguem focar nos temas que mais interessam às leitoras. A valorização dos meios de divulgação também é mencionada por Gabriela. Além da escrita de um texto, é preciso pensar na gravação de bastidores por stories de Instagram e gravar um vlog, por exemplo, pois isso chama atenção do público.

Outro participante da mesa foi Miguel Arcanjo Prado, colunista, jornalista e crítico em seu blog pela UOL. Miguel falou sobre a importância de estar atento à área de cobertura da notícia. Ele faz referência ao jornalista João do Rio e reforça a ideia que “é importante ir para a rua. Quem mais olhar para rua, ao invés de ficar só vidrado no seu celular, vai fazer coisas que outros não vão ver. O jornalista tem que estar atento ao seu redor.” Paulo Henrique concorda com a fala de Miguel e relata que, da sua percepção como leitor de cultura e entretenimento, “os veículos estão se pautando muito um no outro ao invés de irem às rua.” 

O participante Paulo Werneck também se posiciona nesse assunto. Paulo Werneck atualmente trabalha na Revista Quatro Cinco Um e considera importante a busca por inovar no conteúdo, fazer algo diferente do que já está sendo massivamente noticiado. A Quatro Cinco Um é uma revista com enfoque literário e, como exemplo do que disse, ele aponta o caso em que Bolsonaro sugeriu que a população “fizesse menos cocô”. Enquanto os jornais de grande circulação tratavam do absurdo na fala do presidente, Paulo Werneck foi por outro caminho: redigir um texto sobre livros que falam de cocô. Ademais, o jornalista destacou como é possível a eles, por serem um veículo sem fins lucrativos, investirem em um assunto ao invés de um produto.

Por último, a palestrante Patrícia Gomes, que trabalha no Omelete como responsável nas redes sociais pelo conteúdo, estratégia e cobertura de eventos, falou sobre a importância das redes sociais para o Jornalismo de entretenimento, que traz “novas formas de se comunicar e estar sempre à frente”. Patrícia se apresenta como intrusa no jornalismo, visto que tem sua formação em Publicidade e Propaganda na Cásper Líbero. Sua participação marcou a representatividade feminina no universo nerd. Inicialmente, o site foi criado por homens, mas hoje as grandes lideranças são femininas. Fazendo jus ao nome do evento, Patrícia foi aplaudida quando se abriu sobre sua experiência. “O meio nerd é muito machista. A gente tem que provar o nosso espaço o tempo todo por ser mulher, mas eu acho incrível que eu conquistei esse lugar e agora vocês vão ter que me engolir.”

Workshop: como cobrir eventos culturais

A segunda parte do evento foi um workshop sobre Como cobrir eventos culturais, com Gabrielly Oliveira. Gabrielly estuda Ciências Sociais na USP e estudou na Escola de Jornalismo Énois, além de ser produtora do evento Perifacon. Logo quando se apresenta, assume uma postura acessível e simpática, adotando uma linguagem informal e próxima do universo jovem e, por vezes, periférico.

Ao abordar sua trajetória, Gabrielly conta que está participando da produção de “uma série com linguagem inovadora” documental, Quebrando o Tabu, no qual eles abordam temas sensíveis e essenciais, como depressão, masculinidade, adoção e privilégios. Ela aproveita para compartilhar a experiência e o seu aprendizado sobre como lidar com as fontes. “Quanto mais difícil a história da pessoa, mais sensibilidade você tem que ter.” Gabrielly fala sobre como é importante ter cuidado com as palavras e prestar atenção em como dizer e perguntar o que precisa, porque um pequeno deslize pode inviabilizar a entrevista.

Partindo para a cobertura de eventos, em especial, Gabrielly usa a sua própria experiência como produtora para dar conselhos. “Quando você vai entrevistar a pessoa que está produzindo um evento, você tem que ter noção de que ela está absolutamente frenética.” Ela comenta que normalmente em eventos menores, embora o produtor seja mais acessível, ele também vai estar mais ocupado. Por isso, aproveita para enfatizar um de seus maiores conselhos: “A pauta precisa estar muito bem elaborada na sua cabeça”, porque a pessoa não vai ter muito tempo para falar com você. Contudo, ressalta que acha importante também, ter persistência e não desistir facilmente. 

Gabrielly fala que é importante lembrar “quem é você no rolê”, ou seja, em que situação e com que objetivo aquele evento está sendo coberto. Ela enfatiza que, hoje, com as diversas plataformas de comunicação que existem, depois de o conteúdo estar pronto, é importante se organizar pensando em como, por onde e por quem ele será compartilhado. Seguindo essa linha, a convidada também ressalta que, como as pessoas não terão muito tempo, ter o telefone delas, para possíveis conversas futuras, é bastante importante. Aproveitando para trazer esse conselho para outras realidades do Jornalismo, ela lembra que isso pode ser muito útil para o contato com fontes em geral e reforça que é preciso se importar com a pessoa e ter responsabilidade ética e social. “Acima de tudo, você está contando histórias”.

Por último, ao responder às perguntas, Gabrielly ressalta que, ao cobrir um evento, é preciso se atentar aos diferentes formatos e plataformas nos quais o conteúdo será compartilhado. Quanto a qual meio seria o mais adequado, ela diz: “Depende do veículo, do evento, das pessoas com quem você está lidando, do seu propósito; mas o ideal é publicar em todas e produzir em todas. A notícia tem que chegar nas pessoas”.

Moda e beleza

A terceira mesa foi sobre moda e beleza. Para falar sobre esse assunto, os convidados foram: Suzana Azar, do blog Suzanices; Fernanda Morelli, da The Beauty Box; Juliana Diniz, do Wellness Play e Pedro João, do Monkeybuzz. A princípio, todos eles contaram um pouco da sua trajetória como jornalistas e pessoas. Suzana falou da sua experiência com assessoria; Fernanda e Juliana compartilharam aprendizados do trabalho em revistas da Editora Abril; e Pedro, que também trabalhou nesse grupo, contou um relato emocionante sobre como a moda mostrou para ele um lugar em que “existir da minha maneira era possível”. 

Assim, a conversa começou já mostrando que, mesmo com todos os seus problemas, o universo da moda e da beleza é importante e, como falou Fernanda, é possível mudar a vida das pessoas através desse tipo de jornalismo. Apesar disso, os convidados também ressaltaram que a moda pode ser extremamente excludente, apesar de sua riqueza cultural. Suzana continuou, lembrando: “a gente pode quebrar paradigmas, e eu acho que o jornalismo pode ajudar muito nisso.” Citou o exemplo da revista Elle (onde Pedro trabalhava), que chegou a fazer uma capa que era um espelho. Ou seja, “a capa da revista era você”. 

Com o tema da discussão deslocado para como e onde falar sobre moda e beleza, Juliana aproveitou para dizer que, com a nova configuração do jornalismo, a produção de conteúdo tem mais possibilidades e as grandes empresas têm menos poder. “Vocês podem criar os próprios veículos”, ela completou. Todos concordaram que o importante era fazer as coisas de um jeito bom, cuidadoso, com realidade e profundidade. Assim, sempre haverá algum espaço no mercado para incluir novo conteúdo e pessoas interessadas em consumi-lo. 

A partir de uma colocação de Suzana sobre como o número de cirurgias plásticas aumentou no Brasil, o debate mudou para a concentração de padrões no universo da beleza e as tentativas de incluir novos tipos de pessoas nele. Juliana aproveitou para contar sobre dificuldades que enfrentou ao longo de sua carreira, ressaltando a importância de considerar o que o mercado pede e o que aceita, “o que vai vender”. Nesse contexto, Suzana ressalta que, muitas vezes, a moda é ainda mais excludente, já que “o universo da beleza é mais amplo para trabalhar”. Mesmo com os avanços recentes, os convidados concordaram ser preciso aumentar a diversidade retratada nos universos, e que, enquanto as coisas  estiverem sendo feitas de forma “forçada”, ainda não alcançamos o objetivo.

Viagem e Gastronomia

Por último, mas não menos importante, o tema Viagem e Gastronomia no Jornalismo foi debatido com a mediação de Cynthia Mello,  consultora em Comunicação e Semiótica do Turismo, no Semioturismo. “Hoje a gente tem um novo tipo de jornalismo, o publicitário, super híbrido”, ela inicia, falando sobre a relação do turismo com a profissão. Cynthia conduziu a discussão e, diferente das mesas coletivas anteriores, os participantes não conversaram tanto entre si, mantendo falas individuais. 

Daniel Nunes já trabalhou em vários veículos, passando pelo Estado de São Paulo e pela revista National Geographic, e falou sobre a amplitude de mídias que podem ser utilizadas. “A gente está com uma proliferação de atividades, oportunidades de trabalhar em várias mídias de  forma atualizada e com várias linguagens.” Também conta que, na época em que trabalhava na Revista Quatro Rodas, era muito comum que fossem requisitados textos na terceira pessoa verbal, mas que atualmente a primeira pessoa tem sido mais recorrente, superando a visão de ser uma “escrita mais fácil.” Finaliza dizendo que “cada vez mais, somos indivíduos com as nossas próprias marcas e contando as nossas próprias histórias”. 

Em seguida, o microfone foi passado para Lorena Tabosa, editora da Revista Claudia e especializada em gastronomia, decoração e lifestyle. Ela falou sobre a diferença do trabalho de jornalistas críticos e influenciadores digitais. “Por que eu acho que eles fazem sucesso? Porque eles colocam a cara deles ali”. Também inclui que, para opinar em relação a comida, é preciso saber conceitos específicos e exemplifica que tanto a carne argentina como os sabores da Sicília são únicos graças às suas condições de relevo e clima.

A próxima palestrante foi Cláudia Alves, documentarista pós-graduada em Storytelling para Impacto Social no Quênia. Ela apresentou toda a sua carreira, mostrando seu envolvimento com causas sociais e a conexão muito forte que sentiu ao visitar o leste africano. Cláudia trouxe, para a pauta, a necessidade de repensar nosso país, pois “a gente sempre acha que turismo é viajar para fora, mas o Brasil é um país continental”. Por meio da sua construção de audiovisual, Cláudia argumenta que seu grupo sempre utiliza a primeira pessoa verbal em suas produções e fala de emoções e reações que ocorrem quando visita os lugares, já que isso aproxima as pessoas. “Você vai construindo tudo de forma muito orgânica, tem o tato, tem o ser humano entregando o conteúdo.”

Para finalizar a mesa e o evento, contou-se com a participação do jornalista e crítico gastronômico da Veja Comer & Beber, Arnaldo Lorençato. “Para escrever sobre comida, tem que ter uma devoção, você tem que ter muito apetite, uma disposição para comer. Eu também não tenho preconceito com nenhum tipo de alimento, o alimento é algo sagrado”, conta Arnaldo Lorençato sobre suas experiências. Explicou também sobre o processo avaliativo de um prato, considerando que “primeiro, a comida chega até você, pelo olfato, você sente ela chegando. Depois, ela vai ter um visual que vai te impactar de alguma forma e depois a prova de sabor” e falou que a partir do momento que você salgar a comida, “ela está arruinada, o sal é colocado na mesa”. Para finalizar, Arnaldo Lorençato conclui como o papel do crítico é de “ir antes para você se dar bem” e brinca com a frase “o crítico é um profissional frustrado”, de Honoré de Balzac, defendendo que a comida que escolheu ele, logo não tem frustração alguma.:

Quer saber mais? Confira as lives no evento do Facebook.

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